A mais nova vítima da imprensa sensacionalista britânica é Heather Mills, ex-senhora McCartney. Desde o anúncio, há três semanas, de sua separação do ex-Beatle Paul McCartney, com quem ficou casada por quatro anos e tem uma filha de dois, Heather virou o alvo preferido dos tablóides. O ataque intensificou-se na semana passada, especialmente no domingo (11/6), quando o News of the World a acusou de ter sido prostituta de luxo antes do casamento.
O tablóide dedicou quatro páginas à história de Heather, hoje com 38 anos. O Daily Mail repetiu as alegações no dia seguinte. Pouco antes, o Sun havia publicado fotografias explícitas da ex-modelo em poses íntimas com um homem – as imagens seriam de um guia explicativo de sexo, afirmou Heather, e não parte de alguma publicação pornográfica. Ainda assim, os jornais passaram a explorar o suposto escândalo. O Mail on Sunday e o Sunday Mirror publicaram entrevistas com o homem das fotografias.
Proteção de Paul
Os advogados de Heather, que estudam a possibilidade de processar os jornais, alegam que os boatos sobre prostituição não são novos e que já foram esclarecidos há quatro anos. Desde que casou com Paul, Heather tem sido ‘protegida’ dos ataques mais sérios dos tablóides. Um ex-executivo da News International, proprietária do Sun e do News of the World, afirmou ao Guardian que os jornais evitavam atacar Heather porque McCartney é um exemplo clássico de personagem adorado pelo público e que os editores temem contrariar. ‘Se vocês atacasse Heather, estaria atacando Paul, e o público poderia não gostar disso’. Agora, completa ele, ela perdeu ‘a proteção’ do cantor.
Se durante o casamento as histórias que pipocavam na imprensa eram leves, agora é hora de bombardeio. A intensidade foi tanta que os próprios jornais começam a questionar a atitude de seus colegas. Artigo de Peter Preston no Observer afirmava que, estranhamente, ele estava começando a sentir pena de Heather. O Sunday Herald, com sede em Glasgow, acusou o Sun de hipocrisia. Em um blog do Guardian [12/6], Roy Greenslade questionou: ‘A escavação de seu passado, suposto passado, é algo justificável? Estariam eles, estamos nós, rolando na lama sem nenhuma boa razão?’. Para Mark Stephens, especialista em mídia da firma de advocacia Finers Stephens Innocent, as alegações contra Heather ‘são intrusivas e não têm nenhum interesse público real’. Com informações de Steven Morris [The Guardian, 12/6/06].