O que nos inquieta nesse caso é exatamente a transparência esquecida por setores da imprensa, que criam factóides e deixam no ar impressões pessoais e ideológicas, sem tentar esclarecer o que de fato está acontecendo. E ainda culpam o governo por estar escondendo o assunto, por não ter aceitado uma investigação, uma CPI, ou algo que o valha. No entanto, para revelar o caso não foram precisos CPIs, tampouco investigações policiais. É como se a manutenção do assunto na mídia fosse mais importante do que a revelação de toda a trama. Um enredo hitchcockiano, capitaneado por Folha de S.Paulo e Veja, fiéis arautos da oposição a Lula. Esses veículos, ditos de imprensa, usam a tática daquele sujeito escondido atrás do muro, que joga pedrinhas nos transeuntes e, ao acertar um alvo, volta a se esconder lá atrás, sem que as pessoas saibam o porquê dessa atitude infantil. Com uma diferença: no caso desses veículos de imprensa a gente sabe o que eles querem.
Não bastassem as matérias ‘exclusivas’ e ‘reveladoras’ de seus jornalistas, cujo conteúdo não revela nada de especial, mas apenas mantém ‘a lenha na fogueira’, seus articulistas apresentam assuntos que corroboram essa tese. Foi o caso de Gilberto Dimenstein, que na semana passada, talvez por falta de assunto (mais uma vez!), voltou a apresentar a infeliz declaração de Regina Duarte no período eleitoral, insinuando que ela poderia ter razão ao proferir aquelas bobagens no calor das eleições. Na próxima semana, quem sabe ele volte a falar no diploma que Lula não tem, da falta de conhecimento de uma língua estrangeira, ou outros quitutes do gênero.
Agora surge outra folclórica personagem da mídia nacional, chamada Lucia Hipólito, que apresenta análises do governo na Rádio CBN. No dia 18 de março foi ‘comovente’ ouvir seus impropérios desferidos contra um atraso do presidente a uma reunião. Como se não bastasse a ‘farofa’ de seu discurso, põe em dúvida a organização do presidente ao adotar tal postura. É óbvio que atrasos em reuniões são uma falta total de respeito a quem espera e não é preciso uma cientista política nos dizer isso. Mas usar tal situação para pôr em dúvida as qualidades do Executivo é de uma leviandade sem par. Penso que a oposição e sua imprensa orientam-se por um sentimento de ‘birra’, fazendo, segundo eles, o mesmo que o PT fazia enquanto era oposição. O que comprova a total falta de competência desses moços do PFL e do PSDB (e da Veja e da Folha) e seus simpatizantes: eram ruins no governo e são piores na oposição.
Alexandre Carlos Aguiar, Florianópolis
Como duvidar?
Cogita-se a não-autenticidade das informações obtidas pelo repórter Andrei. Chega a ser hilário, com tantas CPIs, tantos políticos corruptos, como duvidar de um profissional com 33 anos de jornalismo? Piada.
Maria Chirlane, administradora, Recife
Estranho, muito estranho
Ando muito curioso para saber qual teria sido o objetivo real do tal Cachoeira quando decidiu, a) gravar a conversa com Waldomiro; b) permitir sua publicação. O empresário/bicheiro agora se transformou numa celebridade e corre o risco de ter toda a ‘vida profissional’ arruinada. Isso em tese, porque, afinal, estamos no Brasil. Certamente ele deve ser um homem esperto, ou não teria chegado aonde – afinal – chegou. Que vantagem estaria levando em ter estimulado a divulgação de um vídeo (mal) gravado em 2002? Estranho, muito estranho. Curioso que a imprensa nunca tivesse se interessado por esse ‘detalhe’. Sem ironia.
Roberto Filippelli, empresário de comunicação, Rio de Janeiro