Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Segunda-feira, 24 de novembro de 2008
TELEVISÃO
TV de Lula faz um ano sem conteúdo, sinal e público
‘A TV Brasil completa um ano no dia 2 ainda longe de ser a rede pública nacional que o presidente Lula imaginou. Apesar do orçamento de R$ 350 milhões, pomposo para o padrão de TV pública, a emissora é traço no Ibope, tem cobertura restrita e depende de programação que herdou da TVE.
Em São Paulo, principal mercado do país, seu sinal só chega dia 1º, e apenas para quem tem receptor de TV digital. O canal analógico só deverá ser inaugurado em março ou abril. A TV Brasil teve problemas com a importação de transmissores e, depois, com interferências causadas por seus canais.
Hoje, o sinal aberto da TV Brasil só cobre Rio, Brasília e São Luís, além de parabólicas.
Segundo Tereza Cruvinel, presidente da emissora, esse quadro vai mudar em 2009. Serão 39 novas retransmissoras e pelo menos quatro horas de sua programação em TVs públicas de todo o país (menos Cultura).
A TV sofreu para lançar programas. ‘Não investimos mais porque não tínhamos equipamentos. Estamos licitando mais de R$ 100 milhões em equipamentos’, diz Cruvinel.
A compra de conteúdo independente esbarrou na burocracia, porque empresas públicas têm de realizar processos licitatórios. ‘Estamos há mais de seis meses tentando comprar um programa independente, a ‘Revista África’, lamenta.
Cruvinel afirma que o ‘desafio’ da TV Brasil é combinar ‘agilidade’ com ‘legalidade’. Ela tenta enquadrar como modalidade de concorrência o pitching, processo usado na TV paga para selecionar projetos.
No Ibope, a TV Brasil não aconteceu. No Rio, sua média diária nos últimos meses foi de 0,4 ponto, ou seja, traço. Cruvinel contesta. ‘Não é justo considerar a audiência do Rio de Janeiro, porque lá a TV Brasil não foi um fato novo’, diz, argumentando que é preciso ‘aferir o ‘Repórter Brasil’, que é um produto que lançamos’.
O telejornal, entretanto, não aparece na lista dos dez programas da TV Brasil mais vistos no Rio no início deste mês. Nesse ranking, só um, o ‘Programa de Cinema’, líder, com 1,52 ponto, é criação da nova TV pública.
ESTATUETA
Ao lado do ator sueco Marcus Schenkenberg, Malu Mader irá anunciar um dos vencedores do Emmy Internacional artístico, hoje em Nova York. Será o da categoria ‘non-scripted entertainment’, na qual concorre o ‘CQC’ argentino, original.
SHOW DE IRONIA
Internautas realizaram uma bem-humorada votação dos ‘melhores’ do SBT em 2008. O prêmio de ‘melhor telejornal’ saiu para a série ‘Eu, A Patroa e As Crianças’. O ‘Olha Você’ venceu como ‘melhor infantil’.
TELENOVELA
Consultor da Globo e doutor no assunto, Mauro Alencar tenta trazer o Congresso Mundial da Indústria da Telenovela e Ficção para o Brasil. Neste ano, o evento ocorre em Buenos Aires, a partir de quarta.’
Cristina Luckner
Eurochannel exibe ‘Volta a Europa’
‘O Eurochannel exibe hoje, às 22h, a primeira parte do programa ‘Eurocinema: Volta a Europa em 27 Curtas’.
Na programação, produções de países como França, Grécia, Áustria, Bélgica, Irlanda, Itália e Eslováquia, com indicações e prêmios no Oscar e festivais de Berlim, Cannes e Veneza. Entre os diretores, estão Manuel Schapira, Irina Boiko, Virgil Widrich, Guy Thys, Daniel O’Hara, Francesco Satta e Hossein Martin Fazeli.
‘Atenda ao Telefone’ (França, 2006), de Schapira, inaugura a série. O curta foi vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, em 2007. Em 16 minutos, o diretor conta a história de uma jovem muito tímida que usa o telefone público para seduzir desconhecidos que atendam às chamadas. Indicado ao Oscar em 2008 e vencedor de 22 prêmios internacionais, ‘Tango Argentino’ (Bélgica, 2008; 14 min.), de Thys, também está na seleção.
O personagem André conhece Suzanne, uma dançarina de tango, pela internet. Ele logo se apressa para aprender alguns passos para impressioná-la no próximo baile.
Os curtas do ‘Volta a Europa’ são uma boa oportunidade para assistir a produções européias recentes. Na quinta-feira, dia 27, também às 22h, vai ao ar a segunda parte do programa.
EUROCINEMA: VOLTA A EUROPA EM 27 CURTAS
Quando: hoje, às 22h
Onde: no Eurochannel
Classificação indicativa: não informada’
TODA MÍDIA
O Brasil em 2009
‘Saiu a edição anual da ‘Economist’ com sua ‘coleção de previsões’ para 2009. Para Brasil e a América Latina, o editor de Américas, Michael Reid, antecipa ‘um teste difícil de sua resistência recém-encontrada’, com a queda no consumo global. ‘Das duas grandes economias, o Brasil vai continuar a se dar melhor que o México, mas nenhum vai se dar muito bem.’ O primeiro cresce ‘menos que 3%’, pela queda no preço das commodities, e o segundo, ‘menos que 1%’, pela vinculação com a indústria americana.
Com chamada na capa, ‘Lula da Silva’ escreve sobre ‘Bric-building’, construindo com tijolos ou os Brics. O brasileiro vê ‘um papel mundial crescente para os grandes emergentes’ -e questiona, sem eles, ‘a relevância do G8 e do Conselho de Segurança não-reformado, para não falar’ de FMI e Banco Mundial.
‘ZERO HUNGER’
No artigo para a edição ‘The World in 2009’ da ‘Economist’, Lula começa saudando o crescimento da classe média, agora majoritária, e defende os programas sociais ‘sob a bandeira Fome Zero’, de meio ambiente e biocombustíveis como caminho global para as Metas do Milênio
MUDANÇA…
A revista abre anunciando, em editorial, um ano de ‘ajuste para um mundo mudado’, na economia. Ressalta que ‘a mudança de poder para lugares como Brasil, Rússia, Índia e China vai se acelerar e esses países vão esperar maior voz na forma como o mundo é gerido’. O crescimento ‘será menos especular, mas em muitos emergentes vai se manter robusto’.
DE PODER
Escrevendo sob o título ‘Uma nova ordem econômica mundial’ para a edição da ‘Economist’, o indiano presidente da gigante ArcelorMittal, Lakshmi Mittal, diz que ‘a mudança de poder para os emergentes está num ponto crítico’. Que ‘a globalização começou e o mundo desenvolvido deve agradecer pela tendência’, que amplia o mercado consumidor.
ESSENCIAL, INDISPENSÁVEL
Em seu artigo de previsão na ‘Economist’, Henry Kissinger, o secretário de Estado que aproximou EUA e China, aposta que ‘a América será menos poderosa, mas ainda a nação essencial para criar a nova ordem mundial’. Avalia que ‘o G8 vai precisar de um novo papel, abraçando China, Índia, Brasil e talvez a África do Sul’ e que ‘outros países, embora insistindo em seus papéis crescentes, provavelmente vão concluir que uma América menos poderosa ainda continua indispensável’.
RECOMEÇAR
A capa de ‘O Mundo em 2009’ vai para Barack Obama, com o texto do editor John Micklethwait abrindo com a pergunta: ‘E então, Mr. President, o que exatamente você vai fazer?’. Sugere que ele se torne o ‘caixeiro-viajante do capitalismo ocidental da América’, hoje ‘modelo velho, defeituoso’
GASTAR, GASTAR
Nas manchetes de ‘New York Times’ e ‘Washington Post’ de domingo, o ‘vasto plano de estímulo à economia’. Em seu ‘programa semanal de rádio’, Barack Obama prometeu ‘um plano grande o bastante para os desafios que enfrentamos’. No destaque do ‘NYT’, vai ‘canalizar recursos para infra-estrutura’.
Por outro lado, destaque ontem no site do ‘Wall Street Journal’, a ‘China se debate com seu massivo plano de estímulo’, com agências e governos locais ‘correndo para criar maneiras de gastar o dinheiro’.
TESOURO E O BRASIL
Obama escolheu e anuncia hoje para secretário do Tesouro, informam agências e sites, o atual presidente do Fed em Nova York. Em destaque no currículo de Timothy Geithner, além de curiosidades como ser um skatista, o fato de ter comandado a negociação de um ‘pacote de assistência ao Brasil’. Ele é ‘um experiente gerente de crises’ não só por combater a atual há um ano, mas porque ‘já gastou mais tempo em crises, do México ao Brasil, do que qualquer outro’ à disposição, hoje.
MEDVEDEV VS.
Em reportagem que envolveu cinco correspondentes, o ‘NYT’ avalia que o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, que chega hoje ao Brasil, ‘inveja’ a influência crescente da China na América Latina. E contrasta, como ‘piada’, a prioridade russa a Venezuela e outros com a prioridade chinesa a Brasil e outras economias de mercado.
HU JINTAO
Já o site da instituição nova-iorquina Americas Society se estende sobre a visita do presidente da China, Hu Jintao, a Costa Rica, Cuba e outros. E afirma que foi dada no ‘Diário do Povo’, do PC chinês, como ‘novo capítulo nas relações China-América Latina’ -e inclui abrir vários Institutos Confúcio, a começar do Brasil, dias atrás.’
ILUSTRADA
Cinqüentona?!
‘Para descrever a Ilustrada dos anos 60, Alexandre Gambirasio, então um dos chefes de Redação da Folha, usa a expressão ‘salada russa’.
É uma boa designação para aquela mescla, nem sempre ordenada, de reportagens de agências internacionais sobre celebridades, artigos científicos, roteiros de espetáculos, notícias de moda, quadrinhos, horóscopo e coluna social.
Nas últimas cinco décadas, a Ilustrada atravessou reformas gráficas e mudanças em sua linha editorial. Mas, quando a folheamos nos dias de hoje, não é difícil perceber que muito daquele universo de ‘variedades’ ainda permanece.
‘O suplemento, com o tempo, tornou-se mais pensado, sofisticado e cultural, mas podemos dizer que tudo o que havia no primeiro número de algum modo está presente nas edições de hoje’, diz o jornalista Marcos Augusto Gonçalves, editor do caderno e autor de ‘Pós-Tudo – 50 Anos de Cultura na Ilustrada’. O livro, com projeto gráfico de Eliane Stephan, será lançado hoje, a partir das 19h, na Fiesp, com a abertura de uma exposição baseada nele.
Além de uma reportagem histórica, que serve de fio condutor, o volume reúne uma antologia de textos publicados nos últimos 50 anos e entrevistas com nomes que participaram da trajetória do caderno.
‘A Ilustrada contou com a colaboração de jornalistas, intelectuais e artistas que participaram ativamente da vida cultural, da moda e do entretenimento do país. Nelson Rodrigues, Glauber Rocha, Paulo Francis, Flávio Rangel e Costanza Pascolato são apenas alguns deles’, lembra o autor.
O livro também dedica espaço para o traço de Angeli, Laerte e Glauco e traz cronologias, fotos históricas e reproduções de páginas que marcaram época. O título inspira-se no poema ‘Póstudo’, de Augusto de Campos, publicado pelo suplemento ‘Folhetim’, em 1985.
O começo
O primeiro número da Ilustrada circulou no dia 10 de dezembro de 1958. O então dono do jornal, José Nabantino Ramos, o idealizou como algo que pudesse entreter as mulheres enquanto os homens liam o noticiário ‘sério’. ‘Pode parecer machismo, mas na verdade reconhecia-se a emergência das mulheres como leitoras e consumidoras num Brasil que se modernizava’, diz Gonçalves.
Em 1962, a Folha foi comprada pelos empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho. Em meados dessa década, quando o jornalista Cláudio Abramo assumiu a Redação, concluiu-se que a Ilustrada deveria mudar de perfil. Não fazia sentido insistir em temas triviais editados de modo aleatório num momento em que o mundo cultural mostrava um vigor poucas vezes visto -e o concorrente ‘O Estado de S.Paulo’ publicava artigos de intelectuais de renome, como Décio de Almeida Prado e Antonio Candido.
Nos anos 70, o processo de modernização do caderno avançou e, na década seguinte, ele era o mais influente da imprensa brasileira. ‘A Ilustrada atraiu jornalistas consagrados e deu espaço à nova geração que participou do movimento estudantil no final dos 70. Em meados dos anos 80 já era ‘o’ caderno de cultura do Brasil’, diz Gonçalves.
PÓS-TUDO – 50 ANOS DE CULTURA NA ILUSTRADA
Autor: Marcos Augusto Gonçalves
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 59,90 (367 págs.)
Lançamento: hoje, a partir das 19h na Fiesp (av. Paulista, 1.313)’
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Guinada editorial do caderno foi nos anos 80
‘A grande virada do perfil editorial da Ilustrada aconteceu nos anos 80 e estava relacionada ao novo momento político do país. Foram os anos da democratização e do movimento pelas Diretas-Já.
A Folha começou a informatizar-se, e o suplemento foi o primeiro a trabalhar com as novas máquinas -que hoje parecem dinossauros perto dos equipamentos atuais.
A agilidade para a produção diária foi acompanhada pela chegada ao jornal de uma nova geração de profissionais.
Contrários ao velho nacionalismo da esquerda cultural e antenados no que acontecia no pop internacional e no cinema norte-americano, começaram a dar mais atenção para a cultura de mercado, que aparecia no caderno convivendo com temas ‘cult’.
A Ilustrada entrou nos anos 90 incorporando as mudanças da história do Brasil. ‘Encerrou-se o ciclo da redemocratizão. O país se normalizou e os leitores foram ficando mais individualistas’, avalia Gonçalves. O caderno passou a lidar com um aumento quantitativo crescente dos assuntos a serem editados. E a concorrência com a internet e seu próprio conteúdo passaram a fazer parte do dia-a-dia.
Gonçalves identifica nesse processo o declínio do que chama de ‘leitor-cidadão’, cuja principal preocupação era o futuro político do país, e a ascensão do ‘leitor-consumidor’, cuja agenda volta-se para o lazer e o bem-estar.
De certo modo, a Ilustrada voltou então a ser um caderno de ‘variedades’. Só que hoje a antiga ‘salada russa’ ficou mais sofisticada e criteriosa -com noticiário e serviços voltados a áreas como moda, comida e a própria internet.
A interface política segue existindo, mas acabaram os ‘pacotes’ ideológicos do passado, bem exemplificados pelo jornalista Miguel de Almeida, que foi repórter do caderno nos anos 80: ‘Naquela época, você não podia falar mal do Chico Buarque porque você era a favor da ditadura. Não podia falar bem do Roberto Carlos porque você era de direita’.
Mas será que ficou mais fácil fazer a Ilustrada?
Gonçalves, que editou o caderno nos anos 80 e voltou ao posto há dois anos, diz: ‘Hoje é mais difícil identificar tendências majoritárias e escolher assuntos. Por outro lado, a cobrança ideológica arrefeceu, e há mais liberdade -além de ter ficado mais divertido’.’
PUBLICIDADE
Banir propagandas levaria a queda de obesidade infantil
‘Sabe-se que a obesidade infantil é um problema complexo e multifatorial, mas um novo estudo americano sugere que a propaganda de fast-food pode ter um papel importante para os altos índices do problema.
Segundo a pesquisa, publicada no ‘Journal of Law & Economics’, se os anúncios de fast-food fossem banidos, o número de crianças de 3 a 11 anos acima do peso seria reduzido em 18%. O de adolescentes de 12 a 18 com o mesmo problema também sofreria queda, de 14%.
Para especialistas americanos, trata-se do primeiro estudo a mostrar que os comerciais televisivos tenham tão grande impacto na obesidade infantil.
Uma pesquisa feita em 2006 pelo Instituto de Medicina dos EUA havia sugerido essa ligação, mas acabou concluindo que as provas eram insuficientes. Outro trabalho, da Universidade de Illinois, descobriu que os comerciais de fast-food representam 23% dos anúncios relacionados a comida vistos por crianças na TV. A porcentagem de crianças americanas acima do peso ou obesas cresceu vertiginosamente da década de 80 até a atualidade.
Os autores da pesquisa, no entanto, não defendem uma proibição nos anúncios de fast-food. Eles dizem que algumas famílias podem se beneficiar dos anúncios, descobrindo, por exemplo, quais restaurantes ficam próximos à sua casa e o que eles servem. Afirmam, ainda, que muitas pessoas consomem fast-food moderadamente, sem prejudicar sua saúde.
O estudo se baseia, em parte, em um levantamento governamental que envolveu entrevistas pessoais com milhões de famílias. Os pesquisadores também procuraram informações sobre comerciais de fast-food e sua audiência.
Cálculos estatísticos levaram em conta outras influências, como renda, o número de restaurantes de fast-food na vizinhança e a possibilidade de algumas crianças já estarem obesas independentemente de seus hábitos relativos a ver TV.
Dados brasileiros
No Brasil, um estudo divulgado no ano passado com 816 famílias que têm filhos de 7 a 14 anos relacionou a obesidade das crianças à quantidade de propaganda de alimentos ricos em gordura, açúcar, sal e óleo exibidas na televisão.
Feita na USP de Ribeirão Preto, a pesquisa mostrou que cerca de 27% da propaganda exibida era de alimentos. Desse total, 57% vendia produtos como refrigerantes, achocolatados, bolachas recheadas e salgadinhos. Das crianças avaliadas, 24% tinham sobrepeso ou obesidade, e a maioria comia muitos alimentos gordurosos ou cheios de açúcar.
Com agências internacionais’
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O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 24 de novembro de 2008
SATIAGRAHA
O Estado de S. Paulo
Juiz não quer PF no rastro de jornalistas
‘Ali Mazloum, juiz da 7.ª Vara Criminal, determinou expressamente à Polícia Federal que exclua jornalistas do rol de investigados no inquérito sobre o vazamento da Satiagraha. Mazloum orientou o delegado Amaro Ferreira, corregedor da PF, para que não tome medidas que atentem contra o direito do jornalista ao acesso à informação e sua divulgação.
O juiz afastou suspeita de que a PF teria tentado quebrar o sigilo de celulares e rádios de uso de repórteres. Para Mazloum, que não dá entrevista, jornalistas podem ter sido vítimas de arapongas. Na busca em endereços de oficiais da Abin, foi achado um CD com repórter grampeado.’
CRISE
Governo planeja corte de impostos e até campanha publicitária anticrise
‘Redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para setores produtivos em crise, como agricultura, automobilístico e da construção civil, manutenção do ritmo crescente dos investimentos em grandes obras, linhas de crédito para a compra de máquinas e equipamentos destinados à exploração e produção de petróleo e campanhas publicitárias para que as pessoas não deixem de comprar bens de consumo são as principais medidas que o governo estuda tomar para amenizar os efeitos da crise econômica no ano que vem.
As formas de o País enfrentar a crise serão o tema da última reunião ministerial do ano, marcada para hoje. Nela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedirá empenho de todos os auxiliares para tentar evitar que a crise venha a atrapalhar seus dois últimos anos de governo. Uma das formas de vencer a crise, na opinião do presidente, é manter os investimentos nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – cerca de R$ 200 bilhões até o fim de 2010 -, irrigar o crédito e convencer as pessoas de que devem continuar comprando.
Pelos cálculos do governo, a perda de arrecadação estimada para o ano que vem será de no mínimo R$ 8 bilhões. Mas Lula quer que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) fique em 4%. Portanto, os ministros terão de oferecer ao presidente soluções que conciliem os ajustes necessários ao enfrentamento da crise e a oferta de dinheiro para os investimentos.
‘O presidente acha que o governo precisa entender o que está acontecendo com essa crise e se preparar para agir, de maneira unificada, tendo em vista as medidas que vamos tomar’, afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. ‘Não vamos liberar mais recursos em 2009 para gastos correntes, mas manteremos os investimentos e queremos fomentar a produção. Não se trata de favor nem de dar dinheiro: é fazer a roda girar.’ O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, farão uma exposição sobre o cenário econômico e as providências tomadas até agora pelo governo para combater os efeitos da crise. ‘Estamos conseguindo superar os problemas e acreditamos que dá para manter uma taxa positiva de PIB com políticas anticíclicas’, disse Mantega, numa referência à poupança feita em anos de crescimento para ser usada nos tempos de vacas magras.
Para injetar mais recursos na economia, a equipe econômica estuda cortar tributos, como novas reduções nas alíquotas do IOF. A equipe econômica avalia que há margem para novos cortes caso seja necessário.
Mas as medidas devem continuar sendo pontuais, para setores com dificuldades, como a decisão tomada na semana passada de reduzir o IOF para as operações de financiamento de motos para pessoa física. O setor havia registrado uma queda forte nas vendas.
O governo também fará todos os esforços para garantir os investimentos para os projetos incluídos no PAC. Na semana passada, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Luciano Coutinho, disse que o desafio do governo será manter a taxa de crescimento dos investimentos em pelo menos de 10% em 2009, contra o ritmo de expansão deste ano, que está em 16%.
Além dos recursos do Orçamento e os esforços para capitalizar o BNDES, o governo espera contar com os R$ 14 bilhões anunciados para criar o Fundo Soberano do Brasil (FSB). Caso seja aprovado pelo Congresso, o Fundo servirá para reforçar os investimentos em momento de baixa expansão da economia. Mas se o FSB não for aprovado até o final do ano, o governo já estuda a possibilidade de ‘carimbar’ esses recursos para projetos de infra-estrutura de forma a garantir que serão gastos em 2009. A equipe econômica quer evitar que o dinheiro vire superávit primário e seja usado no pagamento dos juros da dívida pública.
DILMA E A CRISE
A pedido de Lula, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, falará sobre investimentos. Favorita do presidente para concorrer à sua própria sucessão, em 2010, Dilma não se concentrará apenas no PAC, que hoje enfrenta dificuldades para sair do papel em vários Estados. Fará ainda um balanço das principais ações do governo.
‘É uma reunião para que possamos trocar informações sobre o momento econômico e afinar o discurso’, comentou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Articulador político do governo, Múcio conseguiu a duras penas, na semana passada, que Lula ordenasse à equipe econômica o empenho (reserva para pagamento) de R$ 1,2 bilhão em emendas parlamentares individuais. Na prática, o governo temia que a base aliada, movida a cargos e emendas, ficasse ainda mais rebelde se nada fosse autorizado.
Lula também pediu que os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Desenvolvimento, Miguel Jorge, apresentem um diagnóstico dos problemas em suas pastas no cenário pós-tormenta global. Para fechar a exposição, o chanceler Celso Amorim abordará as conclusões da reunião do G-20 – grupo de países que representa 85% do PIB mundial -, em Washington, no último dia 15.
Naquele encontro, o Brasil insistiu na tese de que os países emergentes devem ter mais peso nas discussões sobre uma solução coordenada para a crise e defendeu a reforma de organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.’
Marili Ribeiro
‘Na crise, cresce quem se arrisca mais’
‘Leonardo Araújo e Rogério Gava, professores da Fundação Dom Cabral, vêm se dedicando há algum tempo a pesquisar os fatores que tornam uma empresa capaz de interpretar os fatos com rapidez suficiente para agir antes dos concorrentes. Em um momento de retração na demanda e de falta de liquidez, como o atual, essa pode ser, na verdade, a característica que fará algumas empresas crescerem em cima das fatias de mercado das concorrentes. ‘A empresa que se destaca em meio a situações difíceis é aquela que gosta mais de fazer poeira do que de comer poeira’, afirma Araújo.
Ele separa as empresas, basicamente, em dois padrões: as que querem fazer história e as que se prendem aos resultados de curto prazo, o que acaba por imobilizá-las em períodos de crise. ‘As empresas que têm visão de futuro são as que são capazes de arriscar mais, de ousar na comunicação com os clientes, porque sabem que os consumidores também ficam mais proativos e se tornam caçadores de oportunidades quando o dinheiro fica escasso.’
Araújo faz parte de um time de consultores e pesquisadores que acredita que a crise tem, sim, de ser vista como um momento de oportunidade. E, para isso, não há outra receita senão investir, seja em novos produtos, seja em marketing.
De acordo com Guilherme Plessmann Tiezzi, professor de marketing da escola de negócios Ibmec São Paulo, essa lição já começa a ser entendida pelas empresas. Segundo ele, antes, em qualquer crise, as empresas começavam a cortar exatamente pelo marketing. Hoje, essa área é mais preservada. ‘Acho até que a atual crise vai impulsionar, por exemplo, o marketing segmentado, que estimula o ponto-de-venda, e o marketing mais personalizado’, disse.
A fabricante de bebidas AmBev é um exemplo do que isso pode representar. A empresa lançou, no início do mês, a nova cerveja Bohemia Oaken, maturada em carvalho. Por ser uma novidade sem similar no mercado, a cervejaria resolveu lançá-la em série limitada. Para avisar de sua chegada, a empresa preparou uma litografia em desenho feito em grafite e prensado sobre papel especial e distribuído para clientes vips. Fez anúncios em jornais, enviou mensagens de SMS e e-mail marketing. A expectativa era vender os 4 mil kits disponíveis até o final do ano. Mas, em apenas alguns dias, o estoque estava esgotado.
Receita similar adotou a companhia Alpargatas, que não se intimidou em distribuir a uma rede varejista selecionada no Brasil e às Galeries Lafayette, em Paris, uma linha de bolsas em lona e borracha com a marca Havaianas. O produto pega carona no sucesso da sandália de borracha que virou um ícone de moda. Para divulgá-lo, a empresa providenciou um caderninho personalizado no estilo ‘um jeito Havaianas de ser’, que está sendo encartado em revistas de moda durante o mês de novembro. A extensão da linha Havaianas é uma aposta da empresa para aquecer as vendas neste final de ano. E a companhia já está se surpreendendo com a acolhida.
MANTRA
Apesar do clichê, dizer que crise é sinônimo de oportunidade virou quase um mantra na boca de muitos empresários. Em um evento recente, a superintendente da rede varejista Magazine Luiza disse que o medo deve ser transformado em estratégia para sair da situação. ‘É hora de investir e pegar o cliente dos outros’, afirmou.
No mesmo evento, o presidente da Nestlé, Ivan Zurita, manteve o espírito positivo. Anunciou que a multinacional tem planos ambiciosos para o Brasil e que os investimentos para 2009 também estão mantidos. ‘Não podemos dormir e acordar dizendo que estamos em crise’, disse.
Em visita recente ao Brasil, Martin Sorrell, presidente mundial da WPP, um dos maiores grupos de propaganda e comunicação global, fez discurso na mesma linha. ‘Não é hora de as empresas cortarem investimentos em marketing. O cortes podem sinalizar fraqueza’, disse.’
TV DIGITAL
Como foi escolhido o padrão de TV digital
‘O livro TV Digital no Brasil – Tecnologia versus Política, do jornalista Renato Cruz, dá uma contribuição única à história de um dos projetos mais conturbados do Ministério das Comunicações e do governo Lula. O grande mérito do livro é associar o rigor do pesquisador acadêmico – que elaborou sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) – com a vivência direta dos fatos do repórter especializado que cobriu o assunto desde o primeiro momento até a inauguração da TV digital na Grande São Paulo, em 2 de dezembro de 2007. Nesse sentido, o livro registra e analisa com precisão e objetividade todos os passos do processo de escolha do chamado Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD).
A conclusão central do trabalho mostra claramente que a escolha padrão japonês (ISDB) de televisão digital já estava definida muito antes da análise e da comparação com seus competidores – os padrões norte-americano (ATSC) e europeu (DVB). Como no caso da mudança do Plano Geral de Outorgas para permitir a compra da Brasil Telecom pela Oi, o governo agiu sem nenhuma isenção na escolha dos padrões de TV digital.
Caberia ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, o papel de juiz do processo de escolha do padrão que serviria de base para a TV digital brasileira. E, como tal, não poderia manifestar nenhuma preferência, como o fez diversas vezes, antes do final da licitação, desde sua posse em julho de 2005, dizendo que o ISDB era o único padrão tecnológico aceitável para o Brasil, por atender tanto às exigências de alta definição, multiprogramação, mobilidade, portabilidade e interatividade. Nesse caso, por que, então, fazer a licitação? Renato Cruz mostra bem a condução do processo na direção dos interesses das emissoras de TV – que desde o ano 2000 vinham propondo a tecnologia japonesa.
O livro mostra também o acerto de outras medidas, como o apoio aos pesquisadores brasileiros para que eles pudessem dar sua contribuição no desenvolvimento de ferramentas e softwares complementares, em especial o middleware Ginga, responsável pela interatividade do sistema brasileiro. Entretanto, quase um ano após a inauguração do sistema, o Ginga não está disponível. E, em função da baixa escala de produção, os preços dos sintonizadores digitais e dos televisores de melhor padrão são muito elevados. Por isso, a TV digital caminha a passos de tartaruga.
Publicado pela Editora Senac, de São Paulo, o livro tem 252 páginas, e custa R$ 40.’
CHUVA
Blog substitui rádios em pane e orienta Blumenau
‘Preocupados com a escassez de informações sobre a enchente em Blumenau – durante o dia de ontem, as rádios da cidade funcionavam por curtos e intermitentes períodos -, internautas criaram um blog para alertar a população sobre a situação das ruas da cidade, uma das mais atingidas pelos temporais em Santa Catarina. Nas mensagens, a localização dos abrigos da prefeitura, vias onde não era aconselhável trafegar, fotos e vídeos de casas destruídas, ruas alagadas ou obstruídas, pontos interditados por deslizamentos de terra.
‘Sem informação, o nível de tensão nas pessoas aumenta e, em momentos como esse, é tudo o que não pode acontecer’, diz a publicitária Juliana da Silva, uma das criadoras do blog Alles Blau – ‘tudo bem’ em alemão.
Entre as 19 horas de anteontem, quando foi criado, até as 18 horas de ontem, o blog havia recebido mais de 25 mil acessos – mais de mil por hora. No site, informações sobre a abertura ou fechamento da rodoviária da cidade, períodos em que as rádios e TVs voltavam ao ar, atualizações sobre o nível das águas dos rios e fotos da cidade, como de prateleiras vazias em supermercados e filas em postos de gasolina.’O conteúdo estava na internet, bastava gerenciá-lo’, diz o publicitário Angel Gajardo, outro criador do blog. Após horas na rede, eles começaram a receber relatos, fotos e vídeos. ‘Era gente querendo ajudar, adquiriu vida própria.’
Com as chuvas, o Rio Itajaí-Açu subiu 10,91 metros e, segundo a Defesa Civil, as enchentes atingiram todos os bairros de Blumenau – algo que não se via desde as enchentes de 1983 e 1984, as maiores da história do município. Oito das 20 pessoas mortas em Santa Catarina ontem viviam na cidade de 301 mil habitantes, a 140 quilômetros de Florianópolis.’
TELEVISÃO
Clipe é marketing
‘Não é por acaso que a série Lost é um fenômeno midiático. Os produtores e roteiristas da atração sempre dão prova disso quando uma nova temporada do seriado está prestes a estrear. A última sacada foi criar um videoclipe musical que, na verdade, é uma grande ação de marketing para divulgar a 5ª temporada do show, que começa no dia 21 de janeiro, nos EUA.
O vídeo é o clipe da música You Found Me, da banda The Fray. À primeira vista, o filme é um videoclipe normal: mescla imagens do grupo tocando com cenas antigas de Lost. Mas, aos poucos, a situação muda. Vão sendo exibidos trechos inéditos que prometem ser de grande importância para o futuro da trama.
Há também mensagem subliminar. Por duas vezes, pisca na tela o logotipo de uma empresa aérea fictícia, chamada Ajira Airways. Os internautas que pesquisaram por esse nome no Google acabaram encontrando um misterioso site da ‘empresa’.
Especula-se que virá pela frente mais um game de realidade alternativa da série, os ARGs. Essa experiência é um jogo de ficção interativo na internet que se utiliza de elementos do mundo real.’
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