Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

TV é a principal fonte de informação dos eleitores

A televisão é o principal meio de comunicação utilizado pelos eleitores brasileiros para se informar sobre os candidatos que disputam as eleições neste ano.


Segundo o Datafolha, 65% dos entrevistados afirmam que a TV é a mídia preferida para obter informações.


Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12% de preferência, e a internet e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um. Conversas com amigos ou familiares são apontadas por 6%.


Internet


Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2008, segundo informações do Pew Research Center, instituto de pesquisa americano, a internet era a principal fonte de informação de um quinto do eleitorado do país.


No Brasil, a popularidade da rede é baixa mesmo quando o Datafolha pede para os entrevistados citarem três meios de comunicação usados para se informar: 27% mencionam a internet, que fica atrás de conversas com amigos e familiares (32%).


A TV é lembrada por 88% e continua em primeiro lugar. Em segundo vêm os jornais, com 54%, e rádio aparece em terceiro, com 52%.


O Datafolha ouviu 10.905 eleitores em 379 municípios de todo o país (exceto Roraima). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.


Segmentos


Entre os principais candidatos à Presidência, a internet tem maior penetração entre os eleitores de Marina Silva (PV): 11% dizem que a rede mundial de computadores é a principal fonte de informação, contra 7% dos que têm intenção de votar em José Serra (PSDB) e 7% dos que afirmam querer votar em Dilma Rousseff (PT).


Acima da média nacional, 70% dos nordestinos afirmam que a TV é a principal fonte de informação sobre os candidatos, e os moradores do Sudeste são os que menos preferem essa mídia (60%).


A TV é também o veículo mais citado pelos mais pobres: 68% entre os que têm renda familiar mensal acima de dois salários mínimos, em contraposição aos 47% dos que ganham acima de dez salários mínimos.


O jornal, por sua vez, tem maior penetração entre os mais ricos: 24% dos que têm renda familiar mensal acima de dez mínimos.


O melhor desempenho da internet ocorre entre os mais escolarizados (20% entre os que têm ensino superior), os mais ricos (18%) e os mais jovens (14% dos que têm de 16 a 24 anos). (Uirá Machado)


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No Brasil, a TV é muito mais importante do que a internet


A pesquisa Datafolha coloca ciência numa tese sempre propagada pelos marqueteiros: a massa de eleitores disponível para ser influenciada está em frente à TV.


Mesmo antes do levantamento do Datafolha havia indícios fortes da preponderância da TV sobre os outros meios de comunicação quando se trata de influir no processo eleitoral. Tome-se o caso da candidata pelo PT a presidente da República, Dilma Rousseff. Ela ultrapassou a barreira dos 30% das intenções de voto em fevereiro -justamente quando apareceu de forma hegemônica em programas do PT.


Em maio, com uma nova bateria de comerciais petistas a seu favor, Dilma Rousseff empatou tecnicamente com José Serra (PSDB).


O tucano talvez tenha tirado menos do que poderia das propagandas televisivas: os comerciais do PSDB pró-Serra foram transmitidos no meio da Copa do Mundo.


Estrategistas serristas argumentam que houve um efeito. As propagandas, mesmo durante o torneio de futebol, sustentaram o candidato e impediram uma erosão de sua taxa de intenção de votos nas pesquisas.


Ontem, no início da noite, José Serra tinha pouco mais de 309 mil seguidores no microblog Twitter. Dilma Rousseff vinha a seguir com 128 mil. Marina Silva ostentava a marca de 110 mil.


Como a internet é um meio interativo por excelência, a impressão inicial é que esses exércitos de seguidores podem fazer a diferença no momento em que o processo eleitoral esquentar. É sempre bom para um político ter 100 mil eleitores fazendo campanha de maneira espontânea.


Mas há dois problemas. Primeiro, só 7% se informam sobre a eleição na web. Segundo, as mensagens dos militantes internéticos parecem ser dirigidas só aos que já decidiram o voto.


Tentar falar com quem ainda está indeciso pode ser uma estratégia útil na web. Dos 7% que dizem usar a internet como meio principal para obter dados dos candidatos, 32% respondem que ainda podem mudar de opinião. Essa taxa é menor entre os que usam TV (26%), jornais (28%) e rádio (24%). (Fernando Rodrigues)


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Eleições.com


Editorial da Folha de S.Paulo, 29/7/2010


Falou-se muito sobre o papel relevante da internet na eleição do presidente norte-americano, Barack Obama, fenômeno que poderia se repetir no pleito brasileiro. A rede mundial de computadores ganha cada vez mais adeptos no país, que é o quinto do mundo em número de conexões. Embora pouco precisas, as estatísticas indicam que cerca de 67 milhões de pessoas com mais de 16 anos têm acesso ao mundo on-line.


A mais recente pesquisa de intenção de voto do Datafolha mostrou no entanto que o eleitorado reserva um lugar modesto para a internet na busca por informações sobre a disputa. A TV (65%) e os jornais (12%) são os meios mais citados. A rede e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um.


Quando o Datafolha solicita aos entrevistados que enumerem três meios de comunicação que usam para se informar sobre o pleito, 27% mencionam a internet -atrás de conversas com amigos e familiares (citadas por 32%). Já a TV é mencionada por 88%, seguida dos jornais (54%) e do rádio (52%).


A TV tem mais força entre habitantes da região Nordeste e setores de renda mais baixa, diferentemente dos jornais, que se destacam nos segmentos com mais poder aquisitivo. Os mais ricos também são mais ligados à internet, assim como os mais escolarizados e mais jovens.


As comparações com os Estados Unidos devem levar em conta não apenas o fato de que lá parcela mais ampla da população está ligada à rede. Há outros fatores a considerar, a começar pelo sistema eleitoral dos dois países.


Não existe horário eleitoral gratuito na TV norte-americana, algo que, no Brasil, faz desse veículo uma referência praticamente incontornável para os eleitores. O ‘comício eletrônico’ invade os lares do país, em meio à programação diária das emissoras, nas faixas com audiência mais elevada.


Além disso, nos EUA, comparecer às urnas não é obrigatório e a maioria dos que votam tem registro em um dos principais partidos. Com o voto facultativo, a mobilização do eleitor pode ser decisiva para o resultado. É fundamental para partidos e candidatos convencer o cidadão a sair de casa para fazer sua escolha. Nessa tarefa, a internet revelou-se um instrumento valioso.


Um outro aspecto diz respeito às contribuições individuais para campanhas, que nos EUA se beneficiam da rede de computadores, enquanto aqui mal engatinham.


Um estudo sobre as relações entre eleições (no caso, as de 2006 e 2008) e internet, realizado pelos professores Vladimir Safatle e Marcelo Coutinho, da USP e da Fundação Getulio Vargas, verificou que o espaço virtual no Brasil é mais usado para alimentar sectarismos do que para buscar e trocar informações.


Como não é difícil constatar, internautas atuam em blogs e redes sociais para reforçar opiniões já formadas, oferecer material de campanha a militantes e tentar influenciar os veículos tradicionais. Esse tipo de atuação contribui para reforçar mais um problema: a facilidade com que, no mundo on-line, circulam boatos, notícias forjadas e opiniões comprometidas.


Não se trata de subestimar o potencial da internet na conquista do eleitor, que deve aumentar no Brasil. Mas fenômenos eleitorais como o de Obama não se reproduzem com base em receitas.