No domingo (11/1), no portal UOL de notícias travou-se um debate virtual sobre a Batalha de Gaza. Sob o ponto de vista tecnológico é um avanço. O acessador escolhe um dos temas oferecidos, depois escolhe um dos dois participantes e então vê e ouve em português as respectivas opiniões. Pode ficar apenas com um lado e, se quiser, pode comparar as argumentações.
Combinação de TV com internet e uma fascinante amostra das imensas possibilidades que se abrem no mundo digital. Mas sob o ponto de vista político e do interesse público, a iniciativa é lamentável.
Quem estava ali para defender os pontos de vista das partes em conflito não eram um israelense e um palestino. Era um judeu, Ricardo Birkiensztat, representante da Federação Israelita de São Paulo e Jamile Latif, apresentada como representante da Federação das Entidades Palestinas. Ambos brasileiros.
Papel da mídia
Acontece que o conflito no Oriente Médio é um conflito entre o Estado de Israel e os palestinos ou uma parte dos palestinos que defende o Hamas. Há judeus que não apóiam a violenta retaliação israelense e há palestinos que não concordam com os métodos do Hamas.
As comunidades árabes e judaicas sempre viveram em paz mesmo quando solidárias com seus correligionários de além-mar. Trazer o conflito para o Brasil é um desserviço à sociedade brasileira, aos valores brasileiros, aos interesses brasileiros. Quem deveria representar as duas facções são seus representantes diplomáticos.
Os meios de comunicação podem desempenhar um papel crucial em conflitos internacionais, a mídia pode aumentar ressentimentos e pode atenuá-los. A virtualidade oferecida pelo UOL nos arrasta para dentro de uma guerra real.