A Gênero e Número, iniciativa de jornalismo de dados voltada ao debate de gênero, realiza no próximo dia 5 de dezembro o evento “Diálogos Gênero e Número – dados, jornalismo e arte para falar sobre direitos”. O encontro é gratuito e será realizado das 10h às 17h no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro. Na ocasião, haverá o lançamento dos resultados da pesquisa “Mulheres na mídia”, feita pela GN em parceria com a Abraji.
Os painéis do evento debaterão temas como acesso à informação e direitos das mulheres, os desafios para a equidade de gênero a partir dos dados de hoje e estatísticas sobre identidade de gênero, direito à cidade e violência contra mulheres indígenas e quilombolas.
“No evento, queremos olhar quais temas são imprescindíveis para a agenda de direitos e que demandam informação qualificada”, diz a diretora da Gênero e Número, Giulliana Bianconi. O objetivo é reunir profissionais de diferentes áreas e refletir sobre esses assuntos a partir de dados e números. “Em que pé do debate estamos? Como a sociedade acessa dados sobre esses assuntos? Existem dados? Só saberemos falar direito se soubermos o contexto”, provoca Bianconi.
Entre as convidadas, estão a editora do The Intercept Brasil, Cecília Oliveira, a colunista do jornal O Globo Flávia Oliveira, a repórter da Agência Pública Andrea Dip e a pesquisadora de política de drogas Ana Paula Pellegrino. Para o lançamento da pesquisa da Abraji, estarão no evento o presidente da associação, Thiago Herdy, as diretoras Alana Rizzo e Maiá Menezes e a jornalista Natália Mazotte, cofundadora da GN.
Oficinas e Data ART
Além das mesas no dia 5, a Gênero e Número realizará, no dia 30 de novembro, duas oficinas sobre visualização de dados e acesso à informação — ambas voltadas à produção de conteúdos sobre estatísticas sobre gênero. São 30 vagas para cada oficina. A participação é gratuita. Haverá também atividade sobre acesso à informação para jornalistas, das 14h às 16h, com mentoria da ARTIGO 19.
As pessoas que se inscreverem nas oficinas poderão participar de visita guiada da exposição “Data ART – Arte baseada em dados”, que reúne obras inspiradas em reportagens que denunciam a desigualdade de gênero na América Latina. Com inauguração no dia 30, é a primeira vez da exposição no Brasil.
Nesta edição, a mostra terá uma obra inédita desenvolvida pela Gênero e Número em parceria com o Instituto Igarapé e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, sobre violência contra mulheres negras. A jornalista espanhola e idealista da Data ART, Cristina Algarra, estará na abertura.
A pesquisa: mulheres na mídia brasileira
A Gênero e Número e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) realizaram uma pesquisa inédita no Brasil para mapear a diversidade de gênero dentro das redações e os eventuais obstáculos que impactam o desempenho e a segurança de repórteres, fotógrafas, editoras ou executivas de mídia. A proposta segue a mesma linha de pesquisas realizadas em outros países, que traçam o status das mulheres na mídia e seus efeitos na cobertura jornalística. Os resultados serão divulgados no evento “Diálogo gêneros e números” no dia 05 de dezembro no Rio de Janeiro. “A nossa metodologia parte de uma análise qualitativa, que permite identificar os principais desafios que as mulheres enfrentam no campo jornalístico e nos ajuda a estruturar o questionário sem tanta interferência das categorias das pesquisadoras”, explica a socióloga Veronica Tostes.
Natalia Mazotte, co-diretora da Gênero e Número, explica que hoje as mulheres ocupam 60% das vagas nas redações. “Mas que cargos ocupam? Estereótipos de gênero ainda conformam os temas que elas cobrem ou prejudicam seus contatos com fontes? Precisamos levantar dados consistentes para responder esse tipo de questão. Nos grupos focais que realizamos, muitas jornalistas relataram casos de assédio e situações em que foram preteridas por sua condição de mulher, o que afeta diretamente a qualidade do jornalismo”. Para a diretora da Abraji, Maia Menezes, os dados vão traçar um diagnóstico que abra espaço para para “melhorar o ambiente de trabalho e a segurança para as mulheres no exercício profissional”. O projeto conta com o apoio do Google News Lab, que atua pela inovação no jornalismo e faz a ponte entre as redações e o Google.