Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O que mostrou o ranking de liberdade de imprensa da RSF

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A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou no dia 20 de abril o seu ranking mundial de liberdade de imprensa do ano de 2020. A ONG (Organização Não Governamental) publica a lista desde 2002 e a avaliação analisa fatores como pluralismo, independência, ambiente, autocensura, arcabouço jurídico, transparência e qualidade da infraestrutura de apoio à produção de informações. A metodologia é baseada em questionários preenchidos por profissionais da área em diversos países.

A situação das nações pesquisadas é classificada como boa, relativamente boa, sensível, difícil e grave. Confira a seguir algumas informações e considerações deste trabalho da RSF:

O Brasil caiu mais quatro posições e agora está em 111º, ficando em “situação difícil”, entrando na zona vermelha pela primeira vez. O relatório disponível no site cita os seguintes motivos:

1. Muitos profissionais são mortos após cobertura de casos envolvendo corrupção e crime organizado.
2. O trabalho da imprensa ficou mais complexo desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, por causa das agressões, perseguições e humilhações contra jornalistas.
3. As dificuldades de acesso à informação que a pandemia do coronavírus expôs e que ajudaram a originar novos ataques do chefe do Executivo aos membros da imprensa.
4. A concentração midiática.
5. O sigilo das fontes sendo regularmente prejudicado, já que muitos jornalistas são alvos de processos judiciais abusivos.

Na América do Sul, o país em melhor posição no ranking é o Uruguai, em 18º no geral, e situação “relativamente boa”. A ONG destaca condições como acesso à informação e regulação de radiodifusão comunitária, a lei sobre serviços de comunicação audiovisual adotada em dezembro de 2014, que tem como objetivo incentivar o pluralismo e também estabelece o Conselho das Comunicações Audiovisuais independente do poder Executivo.

Em seguida aparecem o Suriname (19º – situação relativamente boa), a Guiana (51º – situação sensível), o Chile (54º – situação sensível), a Argentina (69º – situação sensível), o Peru (91º – situação sensível), o Equador (96º – situação sensível), o Paraguai (100º – situação sensível), a Bolívia (110º – situação difícil), o Brasil (111º – situação difícil), a Colômbia (134º – situação difícil) e a Venezuela (148º – situação difícil).

No topo e em “boa situação” está novamente a Noruega. O relatório destaca que em 2020, o parlamento norueguês incumbiu o governo de publicar avaliação anual da situação da liberdade de expressão e de imprensa no país e solicitou atualizações a respeito de implementação de políticas de mídias globais aplicadas aos meios de comunicação.

Dentro do “top 10” ainda constam Finlândia, Suécia, Dinamarca, Costa Rica, Países Baixos, Jamaica, Nova Zelândia, Portugal e Suíça, todos apresentando “boa situação”.

Já nas piores posições estão Cuba, Laos, Síria, Irã, Vietnã, Djibuti, China, Turcomenistão, Coréia do Norte e Eritréia. Estes são considerados em “situação grave”.

Em relação ao último colocado, a RSF aborda que há pelo 11 jornalistas presos nos calabouços do regime, sem acessos às famílias ou advogados e que a imprensa também fica submetida ao regime do presidente Isaias Afewerki.

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Lucas Souza Dorta é jornalista.