Após várias ameaças e tentativas de intimidação, o jornalista João Muniz, do Diário Correio do Povo do Paraná, teve sua residência alvejada a tiros por volta da 1h20 na madrugada desta quarta-feira (11). Um veículo, ainda não identificado, parou em frente à residência, no bairro Pindorama, em Quedas do Iguaçu, desferiu cerca de dez disparos de arma de fogo e fugiu em seguida.
Embora ainda não se saiba o nome dos criminosos, o fato é que João Muniz vinha sofrendo ameaças já algum tempo ao cobrir, de maneira corajosa, os conflitos agrários no município de Quedas do Iguaçu. Há mais de um ano, o MST invadiu áreas de uma empresa do ramo madeireiro e mesmo a empresa ganhando a reintegração de posse, esta ainda não fui cumprida.
Muniz também é integrante da comissão que vem trabalhando, junto aos setores de segurança e governo do Estado, a defesa dos cerca de mil empregos dos trabalhadores da empresa, comércios e serviços. O jornalista disse que que certamente sua família ficou abalada com este atentado.
Na hora do crime, ele, sua mulher e seu filho de dez anos dormiam no andar de cima da casa. “É muito difícil passar por tudo isso, sabendo que estamos apenas tentando realizar nosso trabalho. Mas estou confiante que o setor policial vai elucidar os fatos e descobrir os autores disto que poderia ter se tornado uma chacina”, disse João.
Ameaças vêm acontecendo há meses
A região da Cantu, como é conhecida a área de vinte municípios do médio centro-oeste onde o jornal Correio circula, abriga há mais de 20 anos o maior assentamento da América Latina, com mais de dez mil assentados no município de Rio Bonito do Iguaçu, cidade que faz divisa com Quedas do Iguaçu.
Outros municípios, como Porto Barreiro e Goioxim também possuem assentamentos. Desde que começaram os conflitos, o jornal, especialmente por meio das matérias de João Muniz, vem mostrando o que está ocorrendo em Quedas. O MST passou então de ameaças verbais, para atos de vandalismo, como pichar o muro do jornal e deixar objetos estranhos, como foices, na entrada da empresa. Como a tática de calar a voz do jornal não deu certo, passaram então a abrir processos jurídicos contra a empresa.