A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) completa, neste ano de 2015, seus 80 anos de existência. Fundada em 19 de dezembro de 1935, quando o Rio Grande do Sul comemorou o Centenário da Revolução Farroupilha (1835-1845), durante o governo de Flores da Cunha (1880-1959), ela tem a sua trajetória marcada por fatos relevantes e curiosos, como o que ocorreu, na capital gaúcha, em 9 de setembro de 1941. Naquela ocasião, a população vivenciava um período de angústias e de incertezas: transcorria a Segunda Guerra Mundial (1939 -1945), e Porto Alegre estava sob o impacto da “Enchente de 1941” que havia atingido o seu ápice no mês de maio daquele ano.
Dentro deste contexto histórico, marcado por incertezas e dificuldades, a ARI promoveu um evento importante, reunindo vários artistas em uma noite inesquecível no Teatro Carlos Gomes. Diante de tantas vicissitudes, este encontro se constituiu num alento para os porto-alegrenses. O espetáculo, na realidade, era em benefício da “Casa do Jornalista”, cuja diretoria vinha lutando, de forma exaustiva, para realizar o sonho de construir a sua sede.
Àquela noite de setembro de 1941 foi um sucesso, onde a tônica foi espírito de confraternização entre os artistas convidados e o público presente. Entre outros nomes, destacaram-se as jovens Ione Pacheco e Cléa Barros, cujas fotografias foram estampadas na Folha da Tarde (1936 -1984). O conhecido humorista Piratini, que pertencia à Rádio Difusora, foi o responsável pela coordenação deste importante encontro dos ícones da nossa música com seus fãs.
Com o título “A imponente noitada de hoje, no Carlos Gomes, em benefício da construção da Casa do Jornalista”, a Folha da Tarde, em 9 de setembro de 1941, publicou:
“Da Difusora: Romeu Fossati e seu Jazz, Estela Norma, Alcides Gonçalves, Nino Martins, Piratini e Regional, Bebeto e Carne Assada, Rui Silva, Cléa Barros, Mário Sirpa, Armando Mota, Nora Fontes e Cláudio Real. Da Farroupilha: Paulo Coelho, Cândida Linhares, Hernando Bernal, Peri e Estelita, Saika Milano, irmãs Medina, Campanela e sua Orquestra e Valter Ferreira. Da Gaúcha: Horacina Corrêa, Circinha Milano, Pedro Raymundo e Quarteto dos Tauras, Adão Carrazzoni (Bichos sem pena), Ivan Castro, Nelson Lucena e seu Regional, Prates de Figueiredo, Sílvio Pinto, Penha Rodrigues e 4 da Hora do Estudante, Nazareth Filho, Duque de Antena e Ione Pacheco. E mais: Elab Miramar, Prof. Atkinsons e seus Partenaires, Sibila Fontoura, Aarão e seu Jazz Lídia Campos, Marino e seu Jazz, Eli Dourado com Típica de Chico Coelho e Maurice Tâmara.” Este foi um dos inúmeros momentos significativos que, ao longo dos anos. a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) tem promovido junto à sociedade gaúcha.
Ao aproximar-se o aniversário de 80 anos da ARI, é importante registrar um trecho, em discurso proferido, pelo seu primeiro presidente, Erico Veríssimo (1905-1975), na sua posse: “criar o espírito de classe entre os trabalhadores de jornais”. “Os trabalhadores de imprensa se congregam para conseguir vantagens reais para a sua classe”.
Atualmente, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) é presidida pelo jornalista João Batista Filho. Sua sede se encontra no mesmo edifício, desde setembro de 1944, na Av. Borges de Medeiros, 915, na conhecida Casa do Jornalista.
Bibliografia: LOPES, Israel. Pedro Raymundo e o Canto Monarca / Uma História da Música Regionalista, Nativista e Missioneira. Porto Alegre: Letra & Vida, 2013.
Jornal: Folha da Tarde de 09/ 09/1941.
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Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite é Pesquisador e Coordenador do Setor de Imprensa do Musecom.