Quando os amigos do jornalista e escritor João de Scantimburgo falam sobre ele, geralmente empregam duas palavras: elegância e erudição.
A elegância era visível no trato com todos que o cercavam. A erudição, em sua vasta bibliografia: escreveu sobre história (O Destino da América Latina), filosofia (A Extensão Humana), a França, uma de suas paixões (O Brasil e a Revolução Francesa), e muitos outros assuntos.
Scantimburgo nasceu em Dois Córregos (SP), em 1915. Mudou-se para São Paulo em 1940, onde fez mestrado em economia e doutorado em filosofia e ciências sociais.
Foi diretor do grupo Diários Associados e presidente da extinta TV Excelsior.
Ocupava a cadeira nº 36 da Academia Brasileira de Letras (ABL), para a qual foi eleito em 1991. Dirigiu por muitos anos a Revista Brasileira, editada pela academia.
“Era extremamente gentil. Um cosmopolita que admirava sobretudo a cultura francesa”, conta a escritora Nélida Piñon, também da ABL.
O escritor ficou viúvo duas vezes. Sua segunda mulher foi a condessa polonesa Anna Teresa Maria Josefina Tekla Edwige Isabella Lubowiecka, com quem viveu do começo dos anos 1960 até a morte dela, em 2003.
“Formavam uma casal elegantíssimo. Lembro que ela adorava usar luvas negras de seda”, relembra Piñon.
Scantimburgo sofria de diabetes e estava bastante debilitado nos últimos anos. Morreu em uma clínica de repouso de São Paulo, de complicações da doença, na madrugada de sexta-feira (22/3). Não deixa filhos. O corpo do escritor será sepultado no sábado, às 12h, no cemitério São Paulo.