Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Maurício vive!

Mais uma grande perda para a imprensa brasileira. Foi-se na sexta (25/10) Oscar Maurício de Lima Azêdo. A trajetória de 79 anos, com grande parte deles como repórter, redator, cronista, editor, chefe de reportagem, editor-chefe e diretor de redação, Maurício Azêdo também marcou como presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Após lutar e levantar bem alto as bandeiras da democracia e das liberdades de expressão e de imprensa, Maurício foi traído pelo coração. Nascido e criado na capital fluminense, com raízes no bairro de Laranjeiras, formou-se em 1960 na Faculdade de Direito do Catete e desviou sua rota para a carreira de jornalista.

Atuou em inúmeros veículos como Jornal do Commercio, Diário Carioca, Jornal do Brasil, Diário de Notícias, Jornal dos Sports, Última Hora, O Dia, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, O Semanário e as revistas Manchete, Fatos & Fotos, Pais & Filhos, Realidade, TV Guia, Carícia e Placar, da qual foi o primeiro editor-chefe.

Como militante do Partido Comunista Brasileiro-PCB colaborou com jornais alternativos de resistência à ditadura (1964-1985), como a Folha da Semana, proibida de circular em dezembro de 1966 pelo governo Castelo Branco, Carlos Medeiros Silva. No início da década de 80 passou a se dedicar à política. Vereador no Rio de Janeiro por três legislaturas (1983-88, 1989-1992 e 1993-1996), foi também prefeito interino, presidente da Câmara Municipal, secretário Municipal de Desenvolvimento Social e conselheiro do Tribunal de Contas do Município, do qual se aposentou compulsoriamente por idade em setembro de 2004. É autor de mais de cem leis municipais, entre as quais a de criação da Distribuidora de Filmes S/A (Riofilme), cujo projeto foi assinado pelo ator e então vereador Francisco Milani (PCB). Foi também destacada a sua participação na elaboração da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro, de 1990, e do Plano Diretor Decenal da Cidade, de 1992.

Maurício Azêdo se elegeu presidente da ABI em abril de 2004, encabeçando a chapa Prudente de Moraes, de oposição à Diretoria então liderada por Fernando Segismundo, sendo empossado em 13 de maio. Foi reeleito em outras três oportunidades – 2007, 2010 e 2013. Nesta última, tive a honra de ser por ele convidado a participar da nominata do Conselho Deliberativo, onde integro a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos. Vai-se um grande brasileiro! A comunicação social brasileira está de luto! Maurício, siga escrevendo, onde estiver. Na nossa memória, Maurício vive!

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Vilson Antonio Romero é jornalista e diretor da Associação Riograndense de Imprensa