O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) , jornalista Maurício Azêdo, faleceu nesta sexta-feira, aos 79 anos, no Hospital Samaritano, em Botafogo, onde estava internado. Ele teve uma parada cardíaca. Seu corpo será velado a partir das 8h deste sábado na capela 8 do Memorial do Carmo e sepultado às 16h no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
Carioca nascido em Laranjeiras, mas criado no Catumbi, Oscar Maurício de Lima Azêdo se formou em direito em 1960, mas foi como jornalista que se destacou. Foi repórter, redator, cronista, editor, chefe de reportagem, editor-chefe e diretor de redação de inúmeros veículos de comunicação. Entre eles estão o “Jornal do Commercio”, “Diário Carioca”, “Jornal do Brasil”, “Diário de Notícias”, “Jornal dos Sports”, “Última Hora”, “O Dia”, “O Estado de S.Paulo”, “Folha de S.Paulo”, entre outros jornais diários. Maurício Azêdo também foi colaborador de jornais alternativos de resistência à ditadura militar (1964-1985), como a Folha da Semana, periódico criado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Acabou preso pela ditadura.
Foi vereador pelo PDT e conselheiro do Tribunal de Contas do Município. Nos anos 70, Maurício Azêdo foi o principal editor do Boletim ABI, que antecedeu o Jornal da ABI, notabilizando-se pela defesa da liberdade de expressão e pelo enfrentamento da ditadura. Com atuação na área cultural, Maurício Azêdo foi um dos fundadores e diretores do Cineclube Macunaíma, que realizou sessões e atividades culturais na ABI de 1973 a 1985. Na próxima edição do Jornal da ABI, o jornalista será homenageado com uma reportagem mostrando um pouco de sua história.
O governador Sérgio Cabral enviou nota lamentando a morte de Maurício Azedo. Ele decretou luto de três dias no Estado pelo falecimento.
“Maurício Azêdo foi um grande brasileiro. Jornalista militante que sempre se dedicou às causas da democracia e das liberdades. Homem público exemplar sempre dedicado às causas do Rio de Janeiro e do Brasil. Liderou a ABI nos últimos anos com o entusiasmo e o espírito de Barbosa Lima Sobrinho. Amigo fraterno e querido”, disse o governador Sérgio Cabral por meio de nota.
Visão política
Também em nota, a presidente da Associação Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, manifestou seu pesar.
“Depois de toda uma vida profissional em que foi sempre muito fiel a suas ideias, Mauricio Azêdo a coroou com um grande serviço ao país, ao manter acesa a chama da Associação Brasileira de Imprensa, ocupando sua presidência e fazendo tudo o que estava a seu alcance para não deixar se apagar uma instituição que prestou tantos serviços à nação e à democracia brasileira. Pessoalmente o conheci pouco e não convivemos muito. Mas o admirei em especial por ter sido um dos fundadores do Cineclube Macunaíma, continuador da tradição de ótimos filmes na ABI, iniciada nos anos 1960, no período em que a Cinemateca do Museu de Arte Moderna lá fazia sucessivos festivais com exibições diárias no início da noite, inestimável formadora da cultura cinematográfica de uma geração de cariocas”, escreveu.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) enviou nota manifestando pesar pela morte do jornalista: “Aos 79 anos, Azêdo deixa-nos exemplo de coragem na defesa das liberdades, seja como jornalista, vereador e dirigente sindical. À frente da Associação Brasileira de Imprensa, foi uma voz contundente em favor da liberdade de imprensa e de expressão no país. A Abert se solidariza com a sua família”, escreveu o presidente da entidade, Daniel Pimentel Slaviero.
Amigo de infância, o jornalista Fichel Davit, diretor administrativo da ABI, também lamentou a morte do colega.
– Sua visão política nunca mudou e sempre foi pautada pela defesa da liberdade de expressão do pensamento. É uma perda irreparável – disse.
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Ilimar Franco, do Globo