O jornalismo e a cidadania brasileira perderam uma grande figura, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Maurício Azêdo, falecido na sexta-feira (25/10), exatamente 38 anos depois do assassinato de Vladimir Herzog pela repressão da ditadura civil militar que assolou o país a partir de abril de 1964.
Azêdo se foi, mas fica o seu legado de combater o bom combate e exemplo para as novas gerações de jornalistas. .
Eleito vereador pelo PDT, o jornalista seguiu em sua luta na defesa dos valores democráticos e socialistas.
Na ABI, desde sempre se alinhava com jornalistas como Barbosa Lima Sobrinho, entre outros, que combatiam a ditadura e todo o tipo de censura imposta pelos detentores do poder de fato. Eleito presidente da ABI em 2004, a casa dos jornalistas ganhou ainda maior projeção no cenário nacional.
O Jornal da ABI, editado por Azêdo transformou-se em um espaço democrático, defensor incansável dos direitos humanos, da liberdade de imprensa e de expressão, alinhando-se com os movimentos da sociedade brasileira defensores da democratização dos meios de comunicação.
Nos últimos meses de vida, Maurício Azêdo passou a enfrentar uma oposição sectária de grupos inconformados com o fato de a ABI estar na vanguarda da luta por uma mídia realmente democrática e ampliada para os setores sociais. Associados vinculados a setores tradicionais, tal como abutres questionaram até mesmo a eleição legítima realizada no último mês de abril e que deu a vitória à chapa encabeçada por Maurício Azêdo.
Com a saúde debilitada, Maurício nas últimas semanas vivia sob permanente estado de tensão, o que agravou o problema cardíaco que acabou provocando a sua morte. Os defensores de valores opostos ao que ele representava chegaram até ingressar na justiça com alegações sem o mínimo fundamento questionando a eleição da chapa encabeçada pelo jornalista. Na prática apressaram a sua morte.
O legado de Azêdo seguirá como bandeira para os defensores de uma Associação Brasileira de Imprensa combativa e sempre ao lado dos setores da sociedade que querem um Brasil mais justo socialmente e com uma imprensa democratizada.
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Mário Augusto Jakobskind é jornalista