Um dos mais emblemáticos repórteres de polícia da cidade, Lúcio Natalício participou da cobertura jornalística dos principais casos ocorridos no Rio durante mais de três décadas. As chacinas de Vigário Geral e da Candelária, por exemplo, foram alguns dos crimes em que o repórter, carinhosamente chamado de Natal, atuou.
Na década 1980, seu trabalho levou ao banco dos réus o general Newton Cruz, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) durante a ditadura militar. O jornalista descobriu o bailarino Cláudio Werner Polila, testemunha que incriminou o oficial pelo sequestro e pela morte do jornalista Alexander von Baumgarten. O militar, no entanto, acabou inocentado na Justiça.
– Fiz o meu trabalho de repórter. Se o júri o inocentou, não posso fazer nada – costumava dizer quando perguntado sobre o caso.
Outra história de Natal como repórter especializado em polícia aconteceu no fim da década 1980. Ele estava buscando informações sobre o sequestro do empresário Roberto Medina quando foi rendido pelo próprio sequestrador, Maurinho Branco. Nas horas em que ficou sob a mira de um revólver, Natal negociou com o Bope, tranquilizou o bandido e conseguiu ser solto. O título da reportagem foi “Eu, refém”.
Natal iniciou a carreira em 1973. Nos últimos 35 anos, trabalhou no jornal “O Dia”. Em maio de 2012, concretizou um sonho de quase 20 anos. Lançou o livro “O baú do Natal – histórias fantásticas reais contadas por um repórter”.
– Natal é uma fonte de inspiração, um dos jornalistas mais apaixonados por redação que eu conheci – comentou o jornalista Aziz Filho, diretor de Redação do jornal “O Dia”.
Aos 59 anos, Lúcio Natalício faleceu nesta quinta-feira, de complicações generalizadas. Ele deixa uma filha, a também jornalista Amanda Rai Ter.