Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Morre o fundador do jornal ‘Peru Molhado’

Morreu na manhã de terça-feira [2/9] o fundador do jornal “O Perú Molhado”, de Búzios, que circulou no último sábado com a edição 1.209. O argentino Marcelo Lartigue tinha sido internado no Hospital Silvestre, no Rio, na semana passada, quando se submeteu a um transplante de fígado. Nesta terça, ele sofreu duas paradas cardíacas e não resistiu. Casado, deixou uma filha.

Lartigue decidiu que iria morar no Brasil no fim dos anos 70, durante um passeio pelo Centro do Rio. Ele teve a certeza de que o país seria seu lar após se juntar a uma multidão para observar um homem que ameaçava se jogar do alto de um prédio. ‘‘As horas passavam e ele não se jogava. A plateia começou a exigir o suicídio, gritando ‘covarde, preciso trabalhar!’. Quando os bombeiros o retiraram, a polícia teve de intervir para a população não linchá-lo’’, contou Lartigue numa entrevista para O GLOBO em 2007.

A alegria e a descontração dos brasileiros encantou o argentino, que se mudou para Búzios, onde abriu uma loja de fotos e quadros com o português Aníbal Fernando. Decididos a ampliar os horizontes da fórmula ‘‘trabalho e diversão’’, os dois lançaram, em 23 de fevereiro de 1981, o jornal ‘‘O Perú Molhado’’.

No inicio, ‘‘O Perú Molhado’’ saía quando podia, e esse era seu slogan. Com o tempo, passou a ser mensal, quinzenal e, finalmente, semanal. Com boa parte das páginas dedicadas ao humor, o jornal também começou a abordar assuntos de interesse da cidade: virou o principal fórum das discussões da sociedade sobre o processo emancipatório de Búzios.

– O “Perú” é o filho temporão do ‘Pasquim’. Lartigue conseguiu fazer um jornal comunitário e irreverente num terreno dominado por veículos e chapa branca – disse Ancelmo Gois, colunista do Globo.

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Paulo Roberto Araújo, do Globo