Os leões do jornalismo mundial vão nos deixando para sempre. Dessa vez chegou a hora de descanso do lendário Ben Bradlee, editor-executivo do Washington Post no período da revelação do escândalo do Watergate, em 1972, que culminou com a renúncia do presidente Nixon dois anos mais tarde.
Ben comandou a redação do Post de 1965 a 1991, período em que fez a publicação praticamente dobrar de circulação e se transformar de jornal local num gigante nacional. Antes de Bradlee, o Washington Post havia vencido quatro prêmios Pulitzer em toda sua história. Na gestão Bradlee foram 17. O Pulitzer é o Oscar do jornalismo americano.
Em 1971 veio sua decisão mais corajosa e difícil, tomada junto de Katharine Graham (publisher do Post): divulgar, após o New York Times, os chamados Papéis do Pentágono, documentos secretos do governo a respeito da Guerra do Vietnã. A Casa Branca tentou barrar a publicação das reportagens, mas a Suprema Corte deu ganho de causa aos periódicos.
Estudante de Harvard, Benjamin Bradlee combateu na 2ª Guerra Mundial e foi amigo do presidente John Kennedy, a quem conheceu num campo de treinamento da Marinha. Em anúncio na noite de 21 de outubro, a Casa Branca classificou Bradlee como um “verdadeiro homem de jornal”. No ano passado, Barack Obama concedeu a Bradlee a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração para um civil nos EUA. “Ele transformou o Post num dos jornais mais refinados do mundo”, disse o presidente.
O leão Ben Bradlee nos deixou aos 93 anos.
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Luiz Anversa é jornalista