Quando se aposentou, Gildson Oliveira foi para o interior de Pernambuco em busca de um sonho antigo: viver no sertão. A essa altura, já era conhecido como “repórter da seca” por ter coberto o assunto em sua carreira de mais de quatro décadas no Recife.
Orgulhava-se por ter sido o jornalista que entrevistou Luiz Gonzaga pela última vez. A série de reportagens que fez sobre o rei do baião no “Diário de Pernambuco” foi transformada em livro e lhe rendeu o prêmio Esso Regional de 1990.
Nasceu em Natal, onde cursou jornalismo na primeira turma da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Conheceu a primeira mulher, Alda, em uma das festas populares da capital potiguar.
Amante do São João e da cultura nordestina, escreveu um livro sobre Câmara Cascudo e outro sobre frei Damião.
Devoto de Nossa Senhora do Carmo e torcedor do América de Natal, frequentava mais estádios que igrejas. Quando era chamado para uma missa, respondia que Deus já estava no seu coração e na sua vida.
Os dois filhos que teve no primeiro casamento compartilham da paixão paterna pelo futebol. Juntos, os três acompanharam o jogo entre EUA e Alemanha no Recife durante a Copa do Mundo.
Aproximou-se de sua segunda mulher, Rosicleide, oferecendo um exemplar de seu livro “Luiz Gonzaga, o Matuto que Conquistou o Mundo”. O casamento lhe deu mais um filho, desta vez uma menina.
Morreu na terça-feira (11/11), aos 74 anos, em decorrência de um câncer na medula óssea. Deixa Rosicleide, os três filhos e seis netos.
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Thiago Nascimento, da Folha de S.Paulo