Referência na cobertura sobre mídia e mercado editorial, o jornalista do New York Times David Carr morreu na quinta-feira 12, após um mal-estar súbito na redação do jornal.
Carr, que tinha 58 anos, foi encontrado desmaiado na redação pouco antes das 21h (horário local). Ele foi levado para o St. Luke’s-Roosevelt, setor de emergência do hospital Mount Sinai, onde foi declarado morto.
Poucas horas antes de falecer, Carr havia moderado um debate sobre o filme Citizenfour, sobre o escândalo de espionagem envolvendo a Agência de Segurança Nacional americana (NSA). A conversa teve a participação do ex-agente de inteligência americano Edward Snowden, o jornalista Glenn Greenwald e a diretora do documentário Laura Poitras.
O jornalista era famoso por sua coluna “Media Equation”, na qual escrevia sobre os “meios de comunicação e sua intersecção com os negócios, a cultura e o governo”. A coluna era publicada todas as segundas-feiras no caderno de economia do NYT.
Antes dessa coluna, Carr assinava a The Carpetbagger, que tratava de notícias e casos absurdos do tapete vermelho durante as temporadas de premiações do cinema. Ele defendeu filmes de pouca popularidade como “Juno” e entrevistou estrelas reconhecidas e que estavam começando a estourar no cinema.
O NYT descreveu o estilo de Carr como sendo às vezes bruto, frequentemente em tom conspiratório com os leitores e às vezes auto-referencial. “O resultado foi ser reconhecido como folclórico e sofisticado, uma voz sagaz e bem informada.”
O jornalista começou a trabalhar no NYT em 2002 como repórter de economia. Antes, ele havia colaborado com publicações como The Atlantic Monthly, New York Magazine, Inside.com e Washington City Paper, onde foi editor por cinco anos.
Em 2008, ele lançou o livro The Night of the Gun, no qual relata como se recuperou de seu vício em cocaína.
Ao noticiar a morte de Carr, o NYT lembrou sua trajetória e participação no documentário Page One, sobre o próprio jornal. “David Carr, que deixou para trás o demônio da dependência tóxica para se tornar um reconhecido colunista de mídia no New York Times e a estrela do documentário sobre o jornal, morreu na quinta-feira em Manhattan.”
O editor e presidente do NYT, Arthur Ochs Sulzberger Jr., afirmou que Carr foi um dos melhores jornalistas que trabalharam no jornal. “Ele combinou um talento formidável como repórter com um julgamento perspicaz para se tornar um guia indispensável para a mídia moderna. Os amigos dele no Times e fora daqui lembrarão dele como um ser humano único – cheio de vida e energia, engraçado, leal e amável. Um talento insubstituível, ele fará falta a todos que trabalham e leem o Times”, afirmou em um comunicado.
Carr começou a carreira jornalística em seu Estado natal, Minnesota, onde escrevia uma coluna sobre os meios de comunicação, a paixão que o levou a ser um reconhecido comentarista nas principais emissoras de televisão dos EUA.
Na segunda-feira 9, em sua coluna semanal, Carr comentou a revelação de que o âncora da NBC Brian Williams havia mentido sobre estar em um helicóptero atacado no Iraque em 2003. “Queremos que nossos âncoras sejam tanto bons leitores de notícias como também finjam que fazem parte delas… Queremos que nossos âncoras estejam em todos os lugares, sejam incrivelmente famosos, itinerantes, hilários, tenham os pés no chão e, acima de tudo, fidedignos. Essa é a descrição de um trabalho que ninguém consegue alcançar”, afirmou na coluna. (AP e NYT)