Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Repórter Esso e político comunista gaúcho

“Aqui fala o repórter Esso, testemunha ocular da história.” Por 14 anos, foi com esse bordão que Lauro Hagemann iniciou o histórico noticiário no rádio. “Se não deu no Esso, não aconteceu”, dizia-se.

Hagemann fez a primeira transmissão do programa em 1º de junho de 1950, após ser aprovado em concurso da rádio Farroupilha, de Porto Alegre. Foi um dos locutores do programa até 1964, quando ele passou a ser veiculado por outra rádio.

Nesse período, noticiou fatos como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.

Suas experiências anteriores em comunicação foram em Santa Cruz do Sul (RS), onde nasceu. Trabalhou pendurando alto-falantes pelas ruas da cidade, que anunciavam propagandas. Foi contratado aos 16 anos na rádio Santa Cruz.

Mudou-se para a capital gaúcha em 1950, para estudar direito, curso que nunca iniciou. Trabalhou por três meses na rádio Progresso, até se tornar o repórter Esso gaúcho.

Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, Hagemann apoiou Leonel Brizola, então governador do RS, na Cadeia da Legalidade, movimento favorável à posse do vice-presidente João Goulart.

Foi eleito vereador de Porto Alegre em 1964, pelo PSB, e em 1982, pelo PMDB, e deputado estadual pelo MDB, em 1966. De 1968 a 1979, teve os direitos políticos cassados. Em 1985, filiou-se ao PCB, tornando-se o primeiro vereador comunista na capital.

Viúvo, morreu na segunda (11/5), após 25 dias de internação por uma infecção urinária. Deixa sete filhos, 11 netos e um bisneto a caminho. “Foi ler notícias em outro plano”, disse o filho Lauro Roberto.

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Pedro Ivo Tomé, da Folha de S.Paulo