Manso, suave, refinado – o oposto do estereótipo. Pianista, crítico musical, musicólogo, estudioso das Escrituras, rematado intelectual, jornalista meticuloso, altamente qualificado.
No falecido Jornal do Brasil participou do primeiro grupo do Departamento de Pesquisas, a “escola de sábios” que deu ao jornal a aura de inteligência e lá chegou a ocupar a subchefia.
Figura doce, “do bem”, sua espiritualidade e humanidade o converteram no “confessor” preferido dos colegas de Redação.
Anos depois, no Globo, dirigiu por longo tempo o Projeto Calandra, para treinamento de recém-diplomados. Formou algumas gerações de competentes jornalistas. Mais tarde, incorporou-se à editoria de Opinião, onde o texto preciso, claro e a sólida cultura produziram substanciosos editoriais e artigos de fundo.
Convite a amigos
Luiz Paulo Horta era o profissional sonhado por qualquer chefe de Redação: jornalista de classe, clássico, catalisador da seriedade, antídoto natural para ligeireza e imprudências.
Foi citado por este observador em texto postado em 30/7, e não por acaso. Na série de artigos diários consagrados à visita do papa Francisco seu ecumenismo e tolerância logo se destacaram.
A intensidade e as emoções da cobertura o fatigaram. Um dia antes de sofrer o infarto fatal ligou para a editora no Globo pedindo que o livrasse da obrigação de escrever o artigo da semana seguinte, estava cansado. A outros colegas convidou para a missa pelo seu 70º aniversário em 14 de agosto. Morreu na manhã seguinte, logo depois de acordar.
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