Assim como em sua vizinha Ouro Preto, a história de Mariana se confunde com a mineração desde o século XVII, quando ambas foram fundadas por colonizadores portugueses em busca do ouro. Devido à exploração intensiva, o ouro se esgotou em meados do século XVIII. Daquela época, a cidade herdou um rico patrimônio histórico em que se destacam o casario colonial e a arte barroca do escultor Aleijadinho e do pintor Manuel da Costa Ataíde. Desde a década de 1970, Mariana depende fortemente da produção de minério de ferro da Samarco voltada para o mercado externo. Segundo a prefeitura, o minério responde por cerca de 80% da arrecadação municipal.
Em tempos de crise econômica, tamanha dependência penaliza ainda mais Mariana. Mesmo antes do rompimento da barragem da Samarco, a economia da cidade já sofria com a queda da cotação do minério de ferro no mercado internacional. Impulsionada pela demanda chinesa, a cotação ultrapassou o patamar de 180 dólares por tonelada em 2011. Mas com a redução do crescimento chinês, a tonelada está na casa dos 60 dólares. Depois do rompimento da barragem do Fundão, o embargo imposto pelas autoridades ambientais à Samarco só agravou a crise.
Com a paralisação, a cidade deixou de recolher impostos diretos, como a CFEM, a taxa cobrada pela extração de minérios. E mesmo com o auxílio financeiro pago pela Samarco a seus funcionários e às vítimas do desastre, Mariana também viu sua atividade econômica minguar, o que por sua vez reduziu também a arrecadação de impostos indiretos, como o ISS. O ciclo vicioso não parou aí. A má publicidade gerada pelo mar de lama que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, distante do perímetro urbano, tem afugentado boa parte dos turistas, que acreditam que o centro histórico de Mariana também foi atingido. Felizmente, ele continua intacto.
Para se tornar menos dependente do minério, a cidade precisa diversificar a economia. Para tanto, além do seu patrimônio histórico, ela conta com trunfos importantes, como bons níveis de desenvolvimento humano, capazes de atrair investimentos. No quesito educação superior, Mariana conta com um campus da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), dedicado às ciências humanas e oferecendo programas em ciências sociais, jornalismo, economia e administração de empresas.
Ciente da importância de diversificar a economia, o prefeito Duarte Júnior (PPS) tem se empenhado para erguer um distrito industrial. Ele assumiu o posto em junho de 2015, depois que o antecessor Celso Cota (PSDB) foi cassado por improbidade administrativa, como informou o jornal Ponto Final. A propósito, no quesito transparência nas contas públicas, Mariana não está bem na foto. Obteve a nota 4,8 em um ranking nacional de zero a dez realizado no segundo semestre 2015 pelo Ministério Público Federal.
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