Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Fernanda Karina Somaggio
(7/7/2005)

O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Concedo a palavra ao Senador Maguito Vilela.


O SR. MAGUITO VILELA (PMDB – GO) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. Deputados, logo quando surgiu a primeira suspeita, fui para a tribuna do Senado. Coloquei meu sigilo bancário, telefônico e fiscal – não só meu, mas de toda minha família – à disposição de qualquer promotor de justiça, de qualquer juiz, de qualquer cidadão brasileiro, porque eu já estava antevendo essa situação de que iam levantar suspeitas sobre todo o mundo. Agora, voto a favor da quebra de sigilo bancário do Sr. Roberto Jefferson, porque ele é réu confesso, disse que pegou dinheiro do PT e não disse onde aplicou esse dinheiro. Precisa-se quebrar o sigilo dele para saber se ele passou esse dinheiro para os candidatos do PTB, se ele embolsou o dinheiro, o que ele fez desse dinheiro. Afinal de contas, ele tem que prestar contas dos seus atos. É Deputado Federal, sem dúvida alguma, mas tem, mais do que os outros, a obrigação de prestar contas do dinheiro que ele disse ter recebido. Por isso, sou a favor da quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal do Sr. Roberto Jefferson.


Sr. Presidente, Srªs e Srs. Deputados, Srªs e Srs. Senadores, gostaria que V. Exª também tomasse alguma providência, em nome da CPI, da moralidade, da honestidade e da seriedade, com relação aos órgãos de imprensa que divulgaram que eu liderei uma ‘operação abafa’ para não quebrar sigilos bancários nesta CPI.


Sr. Presidente, deixa atônita toda sociedade brasileira o fato de se dizer que um Presidente em exercício da CPI liderou uma ‘operação abafa’. A imprensa goiana se retratou hoje. O Globo, um jornal que eu lia e que eu tinha como da maior credibilidade, disse textualmente que eu, como Presidente desta CPI, liderei uma ‘operação abafa’. Essa declaração é mentirosa, e eu gostaria que V. Exª tomasse providências nesse sentido.


Telefonei para O Globo, disse que isso não existiu. Tive o depoimento de vários Senadores – Jefferson Péres, Romeu Tuma, César Borges –, da Deputada Denise Frossard, do Deputado Abicalil, de todos que assistiram à sessão que eu presidi, cumprindo uma pauta que V. Exª determinou, ouvindo três testemunhas das 9h às 23h, ininterruptamente. Depois, fui caluniado por um jornal como O Globo, que tem, sem dúvida alguma, uma reputação em todo o País.


Gostaria que esta CPI, em nome da honestidade, tomasse as providências devidas.


Muito obrigado.


(…)


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Concedo a palavra ao Senador Heráclito Fortes.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero solidarizar-me com a dor sofrida pelo Senador Maguito Vilela. Sou solidário. Acredito que S. Exª tem todo o direito de estar ofendido e de estar injuriado. Essa é a primeira parte da questão.


A segunda é a seguinte: não vejo eficácia alguma em medida que venha a ser tomada pela Comissão. Pode, sim, individualmente, o Senador Maguito Vilela tomar providências contra o jornal, já que S. Exª se sente injuriado, injustiçado. Porém, não vejo atitude prática por parte da Comissão para reparar esse fato. É lamentável, mas não vejo eficácia em termos práticos.


Fala o presidente


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Eu gostaria que V. Exªs me ouvissem. Eu quero registrar aqui, porque isso é importante para a história e isso é importante para a CPI dos Correios… Esta CPI, quando teve início, o que diziam era que era uma ‘CPI chapa branca’: o Presidente era do PT, o Relator, do PMDB. Portanto, uma ‘CPI chapa branca’, que iria abafar as investigações, que não teria isenção. Na própria votação para a escolha do Presidente, nós já tínhamos, claramente, o desenho de que seria uma CPI equilibrada, uma CPI onde nós deveríamos conversar sistematicamente, deveríamos conversar em harmonia, para mostrar resultados ao País, para mostrar que, diante de uma crise, nós do Congresso Nacional, os Deputados, as Deputadas, as Senadoras, os Senadores, tocariam o trabalho com discernimento, com clareza, com lucidez, com equilíbrio, com uma seqüência lógica nas investigações, começando pelo fato gerador da denúncia, olhando quem gravou e por que gravou, olhando os contratos, e, gradativamente, tecendo toda essa teia de relações que nós, mais do que nunca, estamos aqui para investigar, para punir, para levantar as irregularidades, como disse muito bem o Presidente Lula, doa a quem doer.


É importante e fundamental registrar aqui: não uma CPI que puna somente, mas uma CPI que discuta a melhoria da gestão pública, dos instrumentos à disposição da gestão pública, das empresas estatais, do Governo, da reforma política necessária. E é este o objetivo de todos nós.


É importante e fundamental lembrar aqui: todas as agendas e toda a seqüência de trabalhos, todas essas seqüências foram feitas de comum acordo, a duras penas, conversando com os vários Partidos, com os vários Líderes da Câmara e do Senado, fazendo uma CPI proativa, uma CPI do Brasil, que o Brasil e a opinião pública exigiam de todos nós. E assim fizemos ao longo destas três semanas. Alguns avaliaram que a CPMI era muito longa, que algumas intervenções eram mais políticas, outras menos, questionadoras umas, pouco questionadoras outras. Mas a verdade é que avançamos. Avançamos com clareza de objetivos; avançamos, acima de tudo, respondendo aos anseios da população, independentemente de partidos, independentemente de interesses, independentemente de diferenças ideológicas, programáticas.


(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Por favor, Senador César Borges!


E é esta a nossa missão. É este o nosso objetivo.


Hoje, como nas semanas anteriores, tivemos uma reunião absolutamente transparente, equilibrada. Discutimos os requerimentos, aquilo que iríamos avaliar a posteriori e aquilo que iríamos votar hoje. Tivemos uma votação absolutamente tranqüila. A imprensa acompanhou pari passu tudo o que foi feito hoje: uma reunião de coordenação, depois uma reunião em que votamos os requerimentos. E é importante registrar que todos os requerimentos foram votados por unanimidade.


Agora, temos de reconhecer que o requerimento do Deputado Roberto Jefferson foi um requerimento extemporâneo. E quero deixar muito claro aqui que fui contra votar o requerimento do Deputado Roberto Jefferson hoje. Eu fui contra colocar essa questão porque não era o momento e não tinha sido acertado na reunião interna que fizemos. Fui voto vencido. Mas, com os parlamentares de todos os partidos que estavam presentes aqui, entendemos que votaríamos a quebra do sigilo do Deputado Roberto Jefferson. É importante registrar isso, para que ninguém tenha dúvida do que foi combinado, com a minha não-concordância, mas, pela maioria, pautei as decisões da Comissão, como fiz desde o princípio. Nós escalamos…


(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Eu pediria silêncio aos senhores, por favor, para que não haja distorções do que houve hoje aqui. Distorções, porque, aí, aparecem alguns que efetivamente têm uma visão proativa e outros, os desconstrutores, que tentam passar uma mensagem diferente. E aqui não há um parlamentar que negue o que estou falando. Nenhum parlamentar!


Foi levado a votação. E aqui, nas minhas anotações, isso foi colocado muito claramente: um parlamentar falava por partido. Falaram seis ou sete parlamentares. Foi quando as coisas se complicaram. Nós saímos de toda a estratégia que sempre procuramos buscar ao longo de todas estas semanas.


Espero que não vacilemos mais nesta questão, porque o povo brasileiro espera posições equilibradas e maduras de todos nós. Política? Sim, uma CPI é política. Mas o povo brasileiro espera, também, que tenhamos seriedade nas investigações. E se há um debate político aqui, que venhamos a preservar, acima de tudo, o objetivo maior, que é o trabalho da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios.


Eu quero dizer a V. Exªs que fiz este preâmbulo para registrar, primeiro, como é que as coisas foram conduzidas, sempre com coerência. Que o que aconteceu nos sirva de alerta para que nenhum fato extemporâneo com uma forte conotação política e emocional prejudique os trabalhos desta CPI, que tem feito um trabalho honrado por parte de todos os seus Parlamentares, por toda a assessoria, pela imprensa e por todas as pessoas envolvidas. O episódio de hoje serviu como aviso. E a classe política sei que vai entender os acontecimentos que hoje ocorreram.


E quero registrar a V. Exªs que considero o requerimento apresentado superado, por uma razão muito clara: o objetivo que o levou à elaboração e que nos levou a esta discussão foi ultrapassado, porque acabo de receber ofícios do Deputado Federal José Dirceu abrindo todo o sigilo bancário, fiscal e telefônico, espontaneamente. Isso precisa ficar muito claro…


‘Chama a moça’


A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL – AL) – Chama a moça para depor, Sr. Presidente.


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Eu gostaria agora de ler uma nota de esclarecimento. Depois disso, vou chamar a Srª Fernanda Karina Somaggio, que não tem o direito de ficar esperando, como esperou. É uma nota de esclarecimento à Câmara dos Deputados.


‘Em relação às acusações que teriam sido feitas por mim durante entrevista dada ao programa de Jô Soares, na segunda-feira, dia 5 de julho passado, sobre a participação de Deputados membros da CPMI dos Correios no esquema de pagamento do ‘mensalão’, faço questão de esclarecer o seguinte:


1. Por um processo de associação, confundi a pergunta do Jô Soares que se referia à CPMI como sendo referente à Comissão de Ética, na qual depusera anteriormente. Assim, minha resposta sobre a inclusão dos Deputados da CPMI nos Correios no esquema do ‘mensalão’ foi equivocada. Desconheço pessoalmente a participação direta de qualquer um dos membros dessa CPMI no citado esquema.


2. Referia-me, na entrevista,…’


Por favor, silêncio.


‘Referia-me, na entrevista, isso sim, a alguns membros da Comissão de Ética cujos nomes revelei quando do meu depoimento e que faço questão de reiterar: Deputados Valdemar Costa Neto, Bispo Rodrigues, Sandro Mabel e Pedro Henry.


3. Devo ressaltar, entretanto, que questiono a autoridade legal e moral e a capacidade de isenção para me julgar, em qualquer foro, por parte dos Deputados dos Partidos PP e PL, que se beneficiaram do pagamento do ‘mensalão’.


Por analogia, rejeito a participação de Deputados Federais do PT nos plenários em que estou sendo inquirido na tentativa afoita de preservar a imagem do seu Partido ao preço da minha moral, da minha honra pessoal e da integridade do PTB.


4. Questiono, ainda, a isenção da Senadora Ideli Salvatti, do PT, membro da mesma Executiva, a quem acuso de fazer o pagamento do citado ‘mensalão’ por meio de Delúbio Soares, com conhecimento de José Genoino, Marcelo Sereno e Sílvio Pereira, além do ex-Ministro José Dirceu.


Brasília, 7 de julho de 2005.’


Assina o Deputado Federal Roberto Jefferson.


Eu quero chamar a Mesa Diretora…


A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Pela ordem, Sr. Presidente. É inadmissível…


O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – Pela ordem, Sr. Presidente.


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Com a palavra a Senadora Ideli Salvatti.


O SR. ONYX LORENZONI (PFL – RS) – A Senadora foi acusada.


A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – É inadmissível que nós façamos a leitura dessa nota, porque a transcrição do que o Sr. Roberto Jefferson falou no programa do Jô Soares, que está gravado, que foi veiculado por todo este País, é se referindo aos membros da CPMI, é se referindo aos membros desta Comissão…


A SRª HELOÍSA HELENA (P-SOL – AL) – Comissão de Ética.


A SRª IDELI SALVATTI (PT – SC) – Além de se referir aos membros desta Comissão, ele ainda responde que os membros da Comissão o questionaram bem de mansinho, os que recebem ‘mensalão’ o questionaram bem de mansinho. Além disso, nesta nota, Sr. Presidente, caso V. Exª não tenha se dado conta, ele coloca sob suspeição inclusive V. Exª, porque ele diz que não se submete, não vê isenção para ser julgado, em qualquer foro, por parte de Deputados do PT que se beneficiaram por analogia. Ou seja, ele coloca todos do PT sob suspeição. Além do mais, quando ele levanta a questão relacionada a minha pessoa, eu quero saber se esta CPMI vai admitir que ele faça uma acusação desse porte, colocando-me como pagadora do ‘mensalão’, sem apresentar nenhuma prova de novo. Então, quero saber se esta Comissão vai permitir que esse cidadão continue achincalhando o Congresso Nacional, continue achincalhando as pessoas sobre as quais ele não apresenta uma única prova e colocando sob suspeição todas as instâncias deste Congresso: o Plenário, a Comissão de Ética, a CPMI. Eu quero saber se vamos, de novo, acuar, porque eu estou entendendo isso como uma represália. Essa citação ao meu nome é uma represália, porque no dia da CPMI nós o afrontamos, porque ontem nós levantamos aqui um requerimento para que esta CPMI o intimasse para se explicar, para dar o depoimento com provas de quem são os que recebem ‘mensalão’. Ele está fazendo represália porque fomos nós – eu de forma muito especial – que fizemos a questão de ordem para suspendermos a reunião para analisarmos se iríamos quebrar ou não o sigilo bancário desse senhor.


Portanto, Sr. Presidente, se esta CPMI não tomar uma deliberação com relação a isso, nós não teremos isenção mesmo para continuar nenhum trabalho, nós não temos mesmo isenção para fazer mais nada. Estamos todos acuados por alguém que nos acusa e não apresenta uma prova.


Então, Sr. Presidente, quero pedir o posicionamento claro desta CPMI…


A depoente e o relator


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Deputado, é matéria vencida


Vou passar a palavra para a testemunha.


Segundo os arts. 202 e 203, caput e parágrafo único, do Código de Processo Penal, ‘a testemunha fará, sob palavra de honra, promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu Estado e sua residência; sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente e em que grau de algumas das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos.’ (Pausa.)


Eu gostaria de registrar… Primeiro, Srª Fernanda Somaggio, nós lhe pedimos desculpas, porque hoje o dia, aparentemente, seria um dia normal, mas fugimos às regras, e, quando saímos do script, deu no que aconteceu.


Então, peço mil desculpas por ontem, porque V. Sª já iria depor ontem; por hoje, pelo atraso. Mas eu acho que, mesmo com todo esse desgaste, vai ser muito importante essa oportunidade de ouvi-la. E, consultando a nossa assessoria da Comissão, V. Sª vai depor aqui como informante, até porque é uma figura mais adequada à realidade que vivenciamos.


Então, com a palavra a Srª Fernanda Somaggio.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Gostaria de agradecer, e não tem problema: estou aqui sempre, venho quantas vezes forem necessárias, para acabar com tudo isso da melhor maneira possível.


Enquanto eu estava aqui, eu comecei a pensar e a escrever algumas coisas. Gostaria de apresentar a vocês. Então, vou ler.


Inicialmente, eu gostaria de expressar a minha admiração e a minha confiança nesta Casa, que é o cérebro principal da verdadeira democracia brasileira, que é o que todos os brasileiros estão esperando: uma democracia de verdade.


Desde o início dos fatos, todos têm conhecimento da minha vida e da minha família. Nossa vida mudou completamente. Vivemos com medo, ameaçados e verdadeiramente assustados. Porém, acho que valeu a pena, isso em razão da criação desta CPMI, e aqui estou, e que está investigando todos os fatos que eram já do meu conhecimento.


Acredito que todo esse meu sofrimento visa a colaborar um pouco mais com o nosso País, uma vez que os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres, afora a nova classe que agora nós temos, que é a classe dos miseráveis. E é preciso dar um basta nesse câncer que é a corrupção e que assola nosso País de norte a sul.


Eu me coloco, uma vez mais, à disposição desta egrégia Comissão.


Quero ressaltar ainda que, desde o primeiro momento, somente visualizei um País mais justo e com melhor distribuição de renda.


Peço a Deus que ilumine a todos os Srs. Senadores e Senadoras, Deputados e Deputadas, para que demonstrem a todo o nosso País, o nosso Brasil, que haverá dias melhores, para nós e para os nossos filhos.


Peço permissão a V. Exªs para um breve e sucinto relato de todos os fatos. Dessa forma, não faz sentido o termo contradição, uma vez que tudo o que falei aqui, desde a primeira hora em que fui convocada, foi provado.


Então, vou falar os fatos:


1º) as passagens aéreas e os hotéis em Brasília e em São Paulo foram confirmados por todos;


2º) as datas das passagens e das estadias também foram confirmados;


3º) reuniões com políticos em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte também foram confirmadas, comprovando, mais uma vez, que o que eu falei era verdade;


4º) os saques de altas quantias em bancos também foram comprovados;


5º) Envolvimento do Sr. Marcos Valério com o Sr. Glênio Guedes, ex-procurador, que já está comprovado e este no momento já foi afastado.


6º) Encontros com o representante, Sr. Gilberto Mansur, e o proprietário, Sr. Alzugaray, da revista ISTOÉ, antes da publicação da revista, e que já foi confirmado aqui ontem, todos nós já sabemos.


7º) Os saques feitos pelos motoboys, e a pessoa que tem a bicicletaria em Belo Horizonte; também foi comprovado que esses saques foram verdadeiros.


8º) O assalto do motoboy também foi comprovado; a única distorção foi que eu disse que eram R$5 mil e, na verdade, são R$50 mil, em dinheiro.


9º) Relacionamento do Sr. Marcos Valério com a cúpula do PT, que também foi confirmado mais uma vez; inclusive com o aval e o empréstimo do Banco BMG.


10º) Confirmado também o tráfico de influência do Sr. Marcos Valério diante de políticos.


Os encontros do Sr. Marcos Valério com o Sr. José Mentor também estão sendo confirmados.


O encontro do Sr. Marcos Valério com o Deputado José Borba também já foi confirmado.


O envolvimento do Sr. Marcos Valério com o Banco Rural também foi confirmado.


15º) A intimidação da minha pessoa, que está em andamento na confirmação pela Polícia Federal.


Como todos sabem, ele mandou um motoboy, ele me fez ameaça e colocou um processo contra a minha pessoa, sendo que não tinha nenhum fundamento.


16º) Envolvimento do Sr. Marcos Valério com o Banco Opportunity, através do Sr. Rodenburg e do Sr. Daniel Dantas, ao qual eu não conheço e nunca vi, só conheço por fotos de revista.


17º) Pagamento ao Sr. Pimenta da Veiga, que também foi confirmado pelo próprio Sr. Pimenta da Veiga.


18º) Inimizade com o Sr. Clésio Andrade, Vice-Governador de Minas Gerais, que também foi confirmado.


19º) Contas em nome de terceiros ou laranjas, que foi confirmado pelo próprio.


20º) Abertura de empresas em nome de terceiros, que também foi confirmado.


21º) Envolvimento com o Sr. Anderson Adauto, que o próprio Sr. Anderson Adauto confirmou.


22º) Presentes a políticos importantes, com presentes caros, inclusive as canetas Mont Blanc, que também foram confirmados por todos que receberam.


23º) Ele fez a campanha para a presidência da Câmara do Deputado João Paulo e ainda o presenteou com presente caro.


24º) Viagens da Srª Simone Vasconcelos a Brasília, confirmada pela Agenda; e coincidiu ainda com grandes quantias de dinheiro tirado em grandes bancos.


25º) Envolvimento com funcionários do Banco Central em Belo Horizonte, que está sendo investigado.


26º) Contratos com o Banco do Brasil, que eu disse e também foi confirmado.


27º) Contrato com a Empresa do Banco Correio, que eu também falei e também foi confirmado.


28º) Viagens de avião no avião particular do Banco Rural, junto com o ex-presidente desse Banco. Confirmado ontem pelo Sr. Marcos Valério. Mais uma vez foi confirmado o que eu disse.


29º) As empresas SMPB e DNA Propaganda detinham as contas da Telemig Celular e Amazônia Celular, que eram as empresas ligadas ao Banco Opportunity.


30º) Relacionamento do Sr. Marcos Valério com o Sr. Marcus Flora, que também já foi confirmado.


31º) Investimento no Cepel, em Belo Horizonte, bem como investimentos em cavalo de raça, com alto valor de mercado, que eu disse também, e também foi confirmado.


32º) Relacionamento com o ex-Ministro José Dirceu, que foi confirmado mais uma vez a vinda a Brasília no gabinete do ex-ministro, conforme esclarecimento da assessora do ex-ministro.


33º) Relacionamento com o Deputado Virgílio Guimarães, confirmado pelo Deputado Virgílio Guimarâes, que eu tinha falado, e se confirmou mais uma vez.


34º) Comprovação de saques pela Srtª Geisa, conforme o documento do Coafi, que ela diz que ela não tirou, mas o documento do Coafi comprova, mais uma vez, que tudo que eu falei foi verdade.


Então eu gostaria, neste momento, de me deixar à disposição dos senhores para as perguntas e para poder ajudá-los no que for necessário.


Muito obrigada.


O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – GO) – Obrigado, Srª Fernanda Somaggio.


Com a palavra o Relator, Deputado Osmar Serraglio.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, Sr. advogado, Srª Fernanda, é exatamente sobre esse rol que V. Sª nos apresentou, cada um muito sinteticamente, que nós queremos que V. Sª traduza à Comissão, para que ela possa fazer o confronto dessa veracidade que V. Sª acaba de anunciar, segundo o juízo de uma CPI que tem como objetivo exatamente a imparcialidade, no sentido de dar oportunidade a todos os interlocutores, a todos os atores do cenário, para que cada um, segundo a sua ótica e segundo sua participação, venham à Casa e apresentem – não diria a sua versão, porque não é uma versão – o testemunho daquilo que de participaram, daquilo a que assistiram.


De fato que também, de certo modo, nós sabemos – e V. Sª acabou de anunciar – que vem sendo até ameaçada, a família amedrontada, e a vida de V. Sª com certeza mudou a partir de todos esses episódios. O que nós gostaríamos que V. Sª nos fizesse, de uma forma abreviada, embora nem tanto, e talvez pontuando mais naquilo que V. Sª entendesse que nós devêssemos alcançar, que nós devêssemos tomar conhecimento, que nos relatasse a partir de que momento essa conduta do Marcos Valério passou a interferir na vida de V. Sª. Em outras palavras: a partir de que momento, quando foi abordada a primeira vez e lhe foi chamada a atenção sobre a importância que, eventualmente, V. Sª teria por ter participado de um contexto que àquela época ainda V. Sª não sabia, mas, enfim, a um determinado momento. E eu não diria que foi quando foi abordada pela imprensa ou se foi quando se submeteu a um processo que existe em relação a V. Sª no Fórum de Belo Horizonte, mas nos contasse.


Eu até adiantaria algumas questões: o que V. Sª fazia? Qual era a sua atividade internamente na empresa? A quem V. Sª estava mais ligada nesse contexto laboral? De que forma V. Sª tinha ciência dos acontecimentos? Por quanto tempo durou esse trabalho? A sua saída, a sua rescisão, como ela se deu? Se deu amigavelmente? Houve discussão judicial? Houve acordo? Que acordo houve? Quanto ganhava? Que jornada tinha? Enfim, por enquanto, provoco V. Sª a, de alguma forma, se reportar a essas questões que estou levantando.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu trabalhei junto com o Sr. Marcos Valério, eu era secretária executiva dele, única e exclusivamente dele, eu fazia todo o tipo de pagamento pessoal dele, cuidava das contas e fazia todas as reservas de hotel, recepção de visitantes, tudo que uma secretária executiva faz realmente. Eu trabalhei com ele durante nove meses, eu comecei em maio de 2003 e saí em janeiro de 2004. Não esperava ser demitida, apesar de já estar procurando emprego na época pela Internet. Então, em janeiro, eu fui dispensada, saí normalmente. Eles me pagaram absolutamente tudo e mais R$5 mil, referentes a bons serviços prestados à empresa. Saí, fiquei cinco meses em casa, fiquei três meses curtindo a minha filha e mais dois meses procurando emprego Quando saí, ficou tudo normal, eles não me falaram nada, sImplesmente…. Na verdade não foi o Sr. Marco Valério quem me demitiu, foi a Srª Simone Vasconcelos, ele pediu que ela fizesse isso. Depois disso, tive apenas dois contatos com ele.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Em que momento alguém percebeu que V. Sª era alguém importante em relação ao conhecimento que tinha relativamente à empresa?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Foi depois de uns oito meses que eu sai de lá. Conversei com o repórter da ISTOÉ, o Sr. Leonardo Attuch, ele me dizia que estava fazendo uma investigação e que eu era uma pessoa importante. Aí, eu conversei com ele.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Leonardo?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Attuch. Ele é repórter da ISTOÉ/Dinheiro.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Ou seja, V. Sª não provocou em momento nenhum, em lugar nenhum, qualquer conversa com relação ao conhecimento que tinha? Foi provocada por um jornalista a tratar do assunto?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Aconteceu da seguinte maneira:


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Como ele a conhecia, ele a identificou? Como ele a localizou?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu vou explicar. Eu sempre li as reportagens da ISTOÉ porque recebo por e-mail, então eu leio toda semana e sempre li as reportagens dele, sempre achei uma pessoa muito inteligente. E sempre que lia, comentava as reportagens, dizendo se estavam boas ou se estavam ruins, ou que achava que estava faltando mais algum tipo de informação. Até que, em agosto ou setembro, eu li uma reportagem sobre o Sr. Delúbio Soares e comentei a entrevista, só dizendo que achava que o Sr. Delúbio Soares não era realmente o que ele tinha falado na reportagem. Depois disso, claro, ele ficou muito curioso e a gente começou… aí, pediu que eu ligasse, eu liguei para ele, e ele perguntou por que eu achava. Aí eu disse que já tinha trabalhado em uma empresa, na qual eu conhecia o Sr. Delúbio somente por telefone, e que sabia que ele não era o santo que ele tinha sempre falado lá. Depois disso, ele começou a me ligar, mas não dei nenhum detalhe. Ele começou a me ligar, mas eu não dei nenhum detalhe, dizendo que estava fazendo uma investigação e que queria alguns detalhes. Eu disse que não ia falar, porque eu era a parte muito fraca da história e que era para ele esquecer de mim. Ele insistiu, e um dia ele foi a Belo Horizonte, conseguiu o endereço da empresa…


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Ele não mora em Belo Horizonte?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não. Ele mora em São Paulo. Conseguiu o endereço da empresa onde eu trabalhava, me ligou, dizendo que estava em Belo Horizonte e que queria conversar comiGO Eu disse que não, que eu não ia conversar com ele, que não adiantava, que eu estava trabalhando. Aí, ele parou na porta da empresa onde eu trabalho, na hora do almoço, e aí me senti superconstrangida e conversei com ele durante quarenta minutos. Mas ele disse que não estava gravando, que não era uma entrevista, que ele estava apenas fazendo uma investigação porque ele tinha alguns assuntos que estava investigando. Foi isso.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – O que V. Sª lembra desses quarenta minutos? O que conversou com ele?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele perguntou onde eu trabalhava. Eu disse onde eu tinha trabalhado. Perguntou com quem era, eu tinha dito que era com o Dr. Marcos Valério. E começou a perguntar várias coisas. Ele disse que estava investigando, que ele sabia que tinha algum tipo de pagamento. Aí eu disse que eu tinha trabalhado durante nove meses com o Marcos e que eu realmente não sabia de nada. E aí ele perguntou várias coisas, e foi onde ele embasou a entrevista dele, que eu tenho aqui.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas nós precisaríamos de mais esclarecimentos. O que mais você falou nessa entrevista?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Aí ele foi fazendo várias perguntas e eu fui falando…


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Que perguntas e que respostas você lembra?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Se o Marcos… se o Sr. Marcos conhecia o Sr. Delúbio, aí, eu disse que sim. Se ele conhecia alguns outros dirigentes do PT, eu disse que ele conhecia várias pessoas da cúpula do PT. Ele perguntou como ele era, se ele já tinha… se ele vinha muito a Brasília, eu respondi que sim. Se ele conhecia alguns outros políticos de Brasília, e eu disse que sim, que ele conhecia várias pessoas e que ele sempre gostava de vir aqui, porque ele tinha bastante conhecimento, tanto de andar, bastante jeito de andar dentro da Câmara dos Deputados. Agora, no momento…


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – V. Sª lembra se ele comentou alguma coisa sobre corrupção?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não. Sobre corrupção, não.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Nessa primeira vez, não?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não. Na verdade, eu encontrei o Sr. Leonardo uma única, vez durante 40 minutos. Eu só o vi uma vez.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – E após esse episódio, quando esse assunto voltou à tona com V. Sª?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Aí, voltou há vinte dias.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Não. Aquelas outras abordagens, com outras revistas.


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não. Foi tudo há vinte dias. Quando o Deputado Roberto Jefferson veio falar sobre isso foi que todas as pessoas começaram a me ligar. E eu não tinha conhecimento do que estava acontecendo.


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Eu pediria para aumentar o som, porque os Parlamentares que estão lá atrás não estão ouvindo o suficiente.


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Pode continuar?


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Quantas vezes V. Sª foi abordada por jornalistas, e jornalistas de que revistas?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Depois que saiu a matéria da ISTOÉ, várias vezes. De todas as revistas.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Mas V. Sª não foi abordada numa determinada oportunidade, cuja entrevista não foi publicada?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não. Nunca ninguém me falou. Como ele tinha dito que era uma investigação…


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Em 2004?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Em 2004. Ele tinha dito que era uma investigação e ficou como sendo investigação. Só isso. Depois, eu só fui abordada por jornalistas há vinte dias, na segunda-feira, porque todas as pessoas me ligavam, mas eu não sabia o porquê de todas as pessoas… Aliás, sabia porque eu era secretária dele, mas o que eles estavam perguntando eu não sabia responder. Então, foi só há vinte dias.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Portanto, foi há vinte dias que V. Sª começou a esclarecer todos esses episódios dos pagamentos, dos recursos sacados?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Exatamente.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Das malas de dinheiro?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Exatamente.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – A quem V. Sª contou pela primeira vez isso e o que contou?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Foi ao repórter Leonardo Attuch.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Agora?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não. Em 2004.


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Mas antes eu lhe questionei se tinha falado sobre corrupção e disse que não.


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – O quê?


O SR. OSMAR SERRAGLIO (PMDB – PR) – Antes, agora há pouco, eu lhe perguntei se lá atrás, naquela primeira entrevista…


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ah, sim. Mas ele não perguntou, não.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Se V. Sª chegou a abordar sobre corrupção.


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não. Ele não me abordou sobre corrupção. Somente começou… Na verdade, não achei que a minha agenda fosse assim tão importante quanto era. As pessoas começaram a me ligar, há vinte dias, perguntando da agenda. Eu não sei como eles descobriram que eu tinha uma agenda. Foi por isso que eu peguei a agenda e entreguei à Polícia Federal, porque, para mim, a agenda não tinha nenhuma importância. Então, foi na segunda-feira que os repórteres começaram a perguntar o que eu realmente sabia, e eu estava sempre dizendo que eu não sabia nada, que era para perguntar para o Marcos e não para mim.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Certo. Mas, num determinado momento, V. Sª revelou os fatos todos. Onde foi e para quem?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Foi na primeira entrevista, com o Sr. Leonardo Attuch.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas V. Sª considera a primeira entrevista quando?


A SRa FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Em setembro de 2004. Acho que foi em setembro.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Aí adormeceu e voltou à tona.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, na verdade, ele disse que não era uma entrevista, que ele só estava – tanto é que ele disse que não iria gravar nada – só estava verificando a investigação. Só. Então, para mim não era uma entrevista. A partir de vinte dias atrás, virou uma entrevista.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E a partir desse vigésimo dia, em que momento V. Sª passou a contar novamente as circunstâncias do seu trabalho, o que viu?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Depois que eu fiz o meu segundo…a segunda vez que fui à Polícia Federal.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – A segunda vez. Então, vamos voltar um pouco atrás. A senhora foi uma primeira vez?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Fui uma primeira vez.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – E o que V. Sª fez na primeira vez, o que relatou, por que relatou?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Vou explicar. Na primeira vez, na terça-feira, quando estavam todos os repórteres me ligando, eu fiquei muito assustada e trabalhei até oito horas da noite. Quando eu saí… trabalhei, às sete e meia eu estava aguardando umas pessoas chegarem na empresa para uma palestra, coloquei essas pessoas dentro de um auditório que tem na empresa onde trabalho e fui ver por que todos os repórteres estavam me ligando, porque até então não sabia muito bem por que eles estavam me ligando.


Entrei na Internet e vi a minha foto com… tentei começar a ler a entrevista mas, na verdade, não li, porque fiquei extremamente apavorada. Juntei todas as minhas coisas e fui embora para a minha casa, e eu sempre faço o mesmo caminho. Saí de lá umas dez para oito mais ou menos e, quando cheguei num certo caminho, por volta de oito e quinze, oito e meia, eu fui abordada por um motoboy num semáforo, lá em Belo Horizonte, em uma avenida que, a partir das oito horas da noite, não é muito movimentada. Eu parei no semáforo no sinal vermelho, o motoboy fechou o meu carro, deu ré com a moto, bem perto do meu carro. Eu estava com a janela do meu carro entreaberta, o motoqueiro começou a conversar comigo, eu olhei para ele, abaixei a janela para tentar ouvir o que ele estava falando, porque até então estava achando que ele estava pedindo algum tipo de informação, porque em Belo Horizonte eu vivo perdida e vivo pedindo informação para todo mundo. Aí foi que ele me disse que tinha um recado: que se eu abrisse a minha boca e falasse alguma coisa, estaria colocando em risco a minha filha de oito anos e o meu marido.


Eu fiquei extremamente nervosa. Tinha um carro atrás de mim, eu não consegui tirar o meu carro quando abriu o sinal, porque o motoqueiro saiu antes do sinal abrir. Eu não conseguia abrir, tirar o carro, o meu carro não conseguia mexer, entrei em pânico. O carro saiu detrás de mim, foi embora, encostei o meu carro e fiquei uns dez a quinze minutos chorando, em pânico, achando que sempre tinha alguém atrás de mim. Depois o meu marido ligou, falei que estava indo para casa, fui para a minha casa e quando cheguei lá já estava tudo bagunçado. Não falei nada para ninguém sobre esse motoqueiro até então.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Bagunçado como? Alguém tinha…


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, todo mundo ligando o tempo todo para a minha casa, ligando para o celular, perguntando o que eu tinha a falar, mas eu não falei nada, eu estava realmente com muito medo. Então, não falei para o meu marido sobre o motoqueiro, não falei para ninguém, nem mesmo para os advogados que estavam comigo na época.


Na quarta-feira, pela manhã, eu fui à Polícia Federal, porque a agenda já estava lá, e tudo que eles perguntaram na agenda eu neguei, eu disse que não sabia de nada. Até que, depois que troquei de advogados, durante a semana, quando fui conversar com o meu novo advogado, ele disse que era para eu contar absolutamente tudo o que tinha acontecido. Aí eu contei, contei do motoboy também, e ele disse que isso não podia ficar, que era para eu ir à Polícia Federal novamente e falarmos o que tinha acontecido, porque não adiantava eu me calar. Que eu tinha que ir e falar o que eu sabia. E foi quando eu fui na segunda vez e falei absolutamente tudo que eu sabia.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Os seus advogados, nesse primeiro depoimento, procuraram fazer com que V.Sª não fizesse referência a tudo que sabia?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, porque eles não me disseram. Eu não disse nada sobre o motoqueiro, sobre a ameaça a eles.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Mas sobre os fatos que V.Sª conhecia.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, o que eles me disseram foi o seguinte: qualquer coisa que eu falasse eu teria que provar. Mas como eu já estava com medo, aí, eu não falei nada. Eu estava morrendo de medo de alguém ou me matar ou matar minha filha ou meu marido – são as coisas…–, ou qualquer outra pessoa da minha família.


Fiel leitora


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª costuma ler a ISTOÉ Dinheiro?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Costumo ler sempre. Eu recebo por e-mail.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Em 2004 já lia?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Em 2004 eu lia. Eu lia em 2004.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Por acaso leu uma reportagem a propósito da investigação da Kroll? Tem alguma informação sobre a Kroll?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, eu fiquei sabendo da Kroll igual a todo mundo, pela reportagem da ISTOÉ, só. Mas nem sabia o que era.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Da Época? A reportagem da Época? Ou porque depois…


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Da Época. Não, eu li na reportagem falando o que estava acontecendo da Kroll. E depois apareceu em várias revistas.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Acha que teria alguma ligação daquele episódio com a sua empresa, a empresa do Marcos Valério?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu acho que não. Não. Pelo menos eu nunca ouvi ele falar nisso.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª conhece Gilberto Alípio Mansur? Acho que já fez referência a ele, não?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Já, eu conheço.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – O que sabe sobre ele?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele é amigo do Presidente da empresa, Sr. Cristiano Paz, e conversava de vez em quando com o Marcos e com um outro sócio da empresa, Sr. Ramon.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – O que ele faz?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele, eu acho que é repórter. Eu acho não, eu achava que ele era repórter. Agora tenho certeza, porque eu li hoje.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Ele recebia alguma remuneração da empresa?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não tenho conhecimento.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Ele tinha algum desentendimento? Eu não diria em relação a V. Sª, mas ele poderia ter interferido na imprensa de forma a prejudicá-la?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não. Ele sabia quando… Ele sabia, previamente, de algumas reportagens que poderiam de alguma maneira sair na imprensa e avisava logo ao Sr. Cristiano, ao Sr. Marcos e ao Sr. Ramon.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª lembra de alguma reportagem…


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Uma reportagem…


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – …que ele preveniu?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Uma reportagem, em 2003, que saiu, eu acho, na Folha de S. Paulo, que falava que na verdade a pessoa de poder na publicidade não era o Duda Mendonça, e sim o Sr. Marcos Valério. Acho que saiu no segundo semestre de 2003.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Era um artigo do jornalista Carlos Chagas, que chamava a atenção para Belo Horizonte?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Falava de Belo Horizonte, falava que não era o Duda o publicitário do momento, que era o Marcos Valério. Agora quem era eu não sei, quem fez a reportagem. E eles já sabiam previamente.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – V. Sª conhece Carlos Rodemburg?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu conversei como Sr. Carlos Rodemburg apenas uma vez, porque eu fiz um…


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Em que circunstância?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, eu fiz um telefonema para ele e passei para o Sr. Marcos Valério.


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Não sabe o que abordaram?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não tenho conhecimento.


A primeira entrevista


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Quando o jornalista, lá atrás, lhe pediu informações e depois terminou não publicando… Estou agora me valendo de notícias e não saberia lhe dizer até onde isso é procedente, mas aqui diz o seguinte, reportando-se a V. Sª: ‘que estava sendo procurada por um suposto jornalista, que não soube identificar, querendo saber detalhes da vida do seu ex-chefe; disse ter recebido também um e-mail do suposto jornalista, no qual oferecia dinheiro pelas informações.’


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Sim, isso é verdade, mas não é com…


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Qual jornalista era?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não tenho conhecimento de quem seja, porque ligavam no meu celular, com …


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Em que época isso, mais ou menos?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Oi?


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Em que época isso, mais ou menos?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Logo que eu saí de lá, mas aí depois foi..


O SR. RELATOR (Osmar Serraglio. PMDB – PR) – Eu não lembro quando V. Sª saiu.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu saí em 7 de janeiro de 2004. Então, foi fevereiro ou março, e depois ligou três ou quatro vezes. Eu disse que se quisesse falar alguma coisa era para ligar para o Marcos ou ligar para a Adriana, que era a secretária dele atual, que podia falar. E depois disso, nunca mais ninguém me ligou.


(…)


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Está bom. O pessoal não zerou e tem um minuto. Há informações públicas de que houve duas entrevistas, mas a senhora disse que teve apenas uma primeira conversa com o jornalista Leonardo Attuch. Essa conversa ocorreu em que dia?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu não me lembro o dia. Eu lembro que era começo de setembro. Acho que era setembro. Começo de setembro.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – No começo de setembro. A senhora não lembra o dia?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Essa conversa foi realizada em que local?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele foi até a minha empresa, onde eu trabalhava, na empresa onde eu trabalho. Foi dentro de um táxi. Ele parou o táxi e pediu… ele estava lá e eu fiquei muito sem graça, querendo tirar ele de lá para não ter problemas no meu trabalho. E a gente conversou durante 40 minutos dentro de um táxi.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Dentro de um táxi?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Sim, senhor.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – A senhora, por acaso, nesse mesmo período, tirou uma sessão de fotos na Agência Primeiro Plano, de Belo Horizonte?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não sei o nome da agência. Mas, enquanto eu entrei no táxi, ele disse que ele estava… que a gente ia conversar na casa de um amigo dele, que é perto de onde eu trabalho, mas eu não sei onde é porque eu não sei andar em Belo Horizonte direito. Aí fui com ele. É uma casa e, dentro dessa casa, é um estúdio fotográfico.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – E a senhora foi fotografada?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Aí, ele pediu para que eu tirasse algumas fotos. Eu disse que não, que eu não queria isso, que eu não gosto de tirar fotos, não gosto de nada disso. Ele disse ‘Não, tira, tira.’ Ficou me apertando e eu acabei cedendo.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Quer dizer, para recapitular. A senhora disse que deu a entrevista no táxi. Esse táxi foi até essa agência Primeiro Plano e a senhora tirou fotos. E a senhora disse que não estava dando entrevista?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não estava dando entrevista.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – A senhora acha que as fotos…


O SR. (Orador não identificado) – (Fora do microfone. Inaudível.)


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu não acho nada.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – …têm que serventia?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu não acho nada. Ele disse que só iria tirar fotos para ficar guardado, caso ele precisasse.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Bom. É, no mínimo, estranho, a senhora há de convir. Ninguém vai a uma sessão pousar para fotos sem que haja uma finalidade específica para isso. A senhora mesmo disse a ele que não desejava dar entrevista; e, ao mesmo tempo, deu a entrevista, porque, pelo jeito, ele gravou sua entrevista durante todo o tempo.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Mas ele tinha dito que ele não estava gravando, e eu acredito que nesse instante… Agora, se tirei foto ou não tirei foto, tanto faz. Já está feito mesmo.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Está bom.


A SRª JUÍZA DENISE FROSSARD (PPS – RJ) – Sr. Presidente, peço a palavra, pela ordem.


O SR. PRESIDENTE (Ney Suassuna. PMDB – PB) – Concedo a palavra, pela ordem, à Srª Denise Frossard.


A SRª JUÍZA DENISE FROSSARD (PPS – RJ) – Sr. Presidente, uma coisa tem me intrigado. Desculpe-me, Deputado Bittar. Mas uma coisa tem me intrigado aqui, que foge um pouco ao jurídico e a que nós devemos obedecer. É que a testemunha responde sobre fatos – fatos: qual é o fato; qual é isso; qual é aquilo. Devemos nos abster do que pensamos ou deixamos de pensar, porque isso virá no momento de fazermos os relatórios, etc.


Então, Sr. Presidente, estou vendo que a testemunha, a informante, está nitidamente cansada. De modo que devemos nos ater a fatos. Esse é o rito que se prevê para qualquer testemunha, e devemos fazer isso. Tomo um minuto, dois minutos, três minutos, mas não vou julgar aqui.


Não estou julgando testemunha, não estou julgando colega, não estou julgando ninguém. Queremos saber dos fatos apenas.


Muito obrigada, Sr. Presidente.


O SR.JORGE BITTAR (PT – RJ) – Eu também não.


O SR. PRESIDENTE (Ney Suassuna. PMDB – PB) – Agradeço. O minuto de V. Exª será descontado.


O SR.JORGE BITTAR (PT – RJ) – Gostaria de fazer um comentário. Evidentemente, terei crédito de alguns minutos. Mas, diria à Juíza Denise Frossard que o mesmo não ocorreu com relação a outros depoentes aqui. Ontem mesmo…


A SRª DENISE FROSSARD (PPS – RJ) – O que não justifica, Deputado Bittar.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – V. Exª não teve tanto zelo assim ontem, quando ele foi bombardeado.


O SR. PRESIDENTE (Ney Suassuna. PMDB – PB) – A palavra está com o nobre Deputado Jorge Bittar.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Parece estranho. Estou sendo absolutamente cortês, absolutamente cordial. Apenas, julgo contraditório; as informações não têm consistência…


O SR. PRESIDENTE (Ney Suassuna. PMDB – PB) – Continue Deputado. V. Exª terá um desconto em seu tempo.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – …e preciso testar a consistência das informações.


Registro que a entrevista foi no dia 2 de setembro, conforme veiculado pelo jornalista Leonardo Attuch, e que a ação judicial ajuizada por Marcos Valério ocorreu um dia antes, por uma suposta tentativa de extorsão, tal como está registrado na ação judicial que temos aqui conosco.


Então, na verdade, algo aconteceu, antes dessa primeira entrevista, na sua relação com o Sr. Marcos Valério. É correto isso? Porque se ele moveu uma ação…


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Correto.


(…)


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Srª Fernanda Somaggio, a senhora nos disse que conheceu Leonardo Attuch, o jornalista, através dos artigos dele veiculado através da revista ISTOÉ ou ISTOÉ Dinheiro?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – ISTOÉ Dinheiro.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – ISTOÉ Dinheiro. Então, a senhora… Que é uma publicação voltada para a área de economia. A senhora, então, tem…


A SRª FERNANDA KARINA SOMAGGIO – Eu recebo por e-mail, aí, então, você pode acessar a ISTOÉ normal, a ISTOÉ Gente e a ISTOÉ Dinheiro e a nova publicação deles, a ISTOÉ Rural.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Certo. A senhora tem uma assinatura dessa revista?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, eu recebo por e-mail. Você entra no site deles e eles te mandam uma newsletter, sempre. Então…


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Gratuitamente.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – É gratuitamente. E qualquer pessoa pode entrar e pedir.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – A senhora, quando ficou preocupada com um e-mail que a senhora recebeu, a senhora recorreu a um técnico de informática de nome Daniel, segundo a informação que a senhora nos forneceu aqui, hoje, e nos disse hoje que o Daniel se encontra, neste momento, no exterior. Eu gostaria de obter o nome completo do Daniel. A senhora poderia nos oferecer?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu… eu não sei. Ele é meu amigo. Eu só chamo… Na verdade, eu chamo de Dani. Eu não sei o nome completo dele, não.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Sei, mas a senhora tem o endereço da família dele em Belo Horizonte…


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não. Eu só tenho o telefone dele e não está aqui comigo.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Telefone de quem?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Telefone do Daniel.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – A senhora não tem aqui o telefone do Daniel?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, eu não trouxe.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – A senhora sabe nos informar… A senhora disse que ele mora em Londres agora?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele mora em Londres.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – A senhora tem o endereço dele em Londres?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não tenho.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Mas a senhora… Então, a senhora não tem informação nenhuma hoje aqui para nos fornecer? A senhora poderia nos fornecer o telefone dele em Londres, então?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Claro. Não tem problema nenhum. Depois eu mando, sem problema nenhum.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Peço, então, à senhora que nos envie o endereço do Daniel, porque estou curioso de saber… Sou profissional da área de informática e estou curioso de saber a abordagem dele sobre essa polêmica, essa questão dos e-mails.


A segunda entrevista que a senhora… A segunda entrevista ou, enfim, a segunda conversa que a senhora teve com o Leonardo Attuch ocorreu em que dia?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ocorreu na… Ele me ligou na segunda-feira, antes de o Deputado Roberto Jefferson vir aqui. Acho que depois que saiu a entrevista dele num jornal.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Sei, sei.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele me ligou na hora do meu almoço.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Já, aí, a senhora havia tomado a decisão de tornar públicas as suas…


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não. A publicação da revista foi feita… Eu não sabia que existia essa publicação. Nunca ninguém me perguntou se eu autorizava ou não o que eles chamam de entrevista, que para mim…


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Nas duas ocasiões, então. Nas duas ocasiões em que a senhora foi entrevistada…


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele nunca me disse que estava fazendo uma entrevista. Ele sempre disse que eles estavam investigando. É claro que, no dia em que ele me ligou, a investigação já estava óbvia o que era, mas, até então, ele nunca disse que estava gravando nada. Não aconteceu isso!


(…)


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – A senhora conhece o Gilberto Mansur?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Conheço.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – Que tipo de relacionamento, a senhora conversou, qual foi o tipo de…?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, conversei com ele algumas vezes porque ele foi a Belo Horizonte conversar com o Sr. Cristiano Paz, porque ele é amigo do Sr. Cristiano Paz.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – E na empresa mesmo?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Na empresa.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – A senhora teve oportunidade de conversar pessoalmente com ele?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Sim.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – Fez ligações pra ele também, para contato?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – Eu digo como secretária, na sua ação profissional.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, não. O Sr. Gilberto Mansur é amigo do Sr. Cristiano Paz. Eu nunca fiz nenhum tipo de contato com ele para o Sr. Marcos Valério.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – Mas ele já foi lá na empresa, não é?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Ele foi à empresa.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – Ele foi lá acompanhado de que pessoas? Quantas vezes? Foram muitas vezes ou não?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Que eu me lembre, devem ter sido umas quatro ou cinco vezes.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – Cite algumas pessoas, principalmente pessoas importantes.


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não, ele foi sozinho.


O SR. WELINTON FAGUNDES (PL – MT) – Sozinho? Ele esteve lá com o Sr. Pimenta da Veiga?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Não.


(…)


O SR. ÁLVARO DIAS (PDT – RN) – Sr. Presidente, acho importante relembrar o que já afirmamos aqui: que o PDT, por não ter alinhamento automático com a Situação nem com a Oposição, se sente bem à vontade para participar da CPMI, fazendo as perguntas de acordo com o interesse da população e no sentido de elucidar e de esclarecer os fatos, apesar de achar que a condução dos trabalhos pela Mesa está tendo um comportamento irrepreensível e também de achar que os próprios parlamentares, todos, estão imbuídos desse sentido.


Acho importante ressaltar isso porque, ao lado do PDT, também outros partidos no Congresso Nacional se situam no mesmo paralelo que o nosso Partido, como por exemplo o PPS, o P-SOL, outros partidos que não têm alinhamento automático com a bancadas da Situação nem da Oposição.


Queria também dizer, Sr. Presidente, que nós não estamos aqui para prejulgar, muito menos julgar e condenar ninguém, antes de esclarecer profundamente todas as denúncias que estão feitas. Daí a importância de as perguntas serem feitas de uma maneira que possam conduzir, dar um rumo, um norte à CPMI, no sentido de cada vez mais aprofundar essas investigações e chegar ao fio da meada.


Por isso que nós todos, imbuídos desse espírito, estamos tendo um trabalho árduo, cansativo. As reuniões terminam pela madrugada, já no outro dia. Pela manhã reiniciamos e voltamos a entrar pela madrugada, se for o caso e se preciso for.


Eu queria perguntar à Srª Fernanda Karina, que foi secretária particular de uma empresa de publicidade, e as empresas de publicidade geralmente lidam com a mídia, porque a publicidade se faz, na maioria das vezes, através da mídia. Mesmo assim V. Sª declarou que não conhecia nenhum jornalista. Mesmo trabalhando diretamente com empresa de publicidade durante o tempo em que trabalhoU, V. Sª não conhecia nenhum jornalista?


A SRª FERNANDA KARINA SOMMAGIO – Não, o único jornalista que fiquei sabendo, que eu conhecia, é o Gilberto Mansur. Mas eu só fiquei sabendo pelos jornais. Então, eu não conhecia nenhum jornalista.


O SR. ÁLVARO DIAS (PDT – RN) – Qual o interesse que um jornalista poderia ter, na sua opinião, pela vida pessoal e pela vida empresarial do Sr. Marcos Valério, a ponto de lhe ligar, de ficar telefonando para inquirir sobre isso, tentando entrevista. O jornalismo vive de notícias. Qual é o interesse, então, que o jornalista poderia ter para ficar ligando, querendo lhe entrevistar? Na sua opinião, isso ocorreu por quê?


A SRª FERNANDA KARINA SOMMAGIO – Como tem vários jornalistas aqui, o que todos eles querem é um furo de reportagem. Então, acredito que o intuito do jornalista da ISTOÉ era realmente isso: ter uma furo de reportagem, uma reportagem inédita, onde qual a população pudesse saber o que está acontecendo. É a minha opinião, não sei ele.


O SR. ÁLVARO DIAS (PDT – RN) – V. Sª acha que o jornalista lhe ligou porque tinha alguma informação? Ele falava alguma coisa? Qual era o motivo? Qual era o interesse jornalístico que ele poderia ter, lhe fazendo essas ligações telefônicas insistentemente, da maneira como V. Sª declarou?


O SR. PRESIDENTE (Maguito Vilela. PMDB – GO) – Eu pediria silêncio, por favor. Há muita gente conversando. Por favor!


A SRª FERNANDA KARINA SOMMAGIO – O senhor poderia repetir, por gentileza?


O SR. ÁLVARO DIAS (PDT – RN) – Qual é o interesse? O jornalismo vive de notícias. Qual é o interesse que um jornalista poderia ter para ficar lhe ligando repetidas vezes, de forma anônima, procurando saber? Qual é a notícia que levou o jornalista a ficar lhe procurando insistentemente, querendo uma entrevista?


A SRª FERNANDA KARINA SOMMAGIO – Eu não sei. A opinião do jornalista tem que ser com ele. Acredito que, por mim, é para ter o que já disse, um furo de reportagem, a notícia nova. Mas isso tem que ser perguntando a ele, não a mim.


Ligações perigosas


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Nós estamos vendo aqui, sistematicamente, em todos esses depoimentos, todas as ocasiões que nós temos, setores do PT tentando identificar as denúncias todas. Há empresas privadas cujos interesses supostamente tenham sido contrariados. É sistemático. Sempre se pergunta e se tenta fazer ligações de grupos econômicos como estando por trás dessa questão. Não vejo muita lógica, mas, sistematicamente, e repetitivamente, temos ouvido isso. Até convocação de dirigentes de bancos o PT já fez. Geralmente insinua envolvimento de banqueiros que participaram de privatizações nessa questão. Quero crer que a CPI da Privatização está aí, aprovada, faltando ser instalada, e acho que deverá ser o foro apropriado para essas discussões. E acho que o Brasil precisa muito passar a limpo esse tema. E temos essa grande oportunidade.


Sª Karina, nas tentativas diversas que fazem aí, querem envolver um banco que participou desses processos de privatização, o Banco Opportunity, que passou a ser a psicose e o objeto de desejo de setores do PT, que geralmente têm ligações com fundos de pensão, com quem têm uma guerra declarada, nacionalmente conhecida, envolvendo as partes. Quero deixar bem claro – sou transparente na minha vida –, conheço muito pouco o presidente do Banco Opportunity, o Sr. Daniel Dantas. Se o vi três ou quatro vezes ao longo da minha vida, Sr. Presidente, o vi muito. Sou muito amigo de um diretor, uma amizade de mais de vinte anos, Dr. Carlos Rodemburgo E vejo com que insistência se tenta envolver este grupo nesta questão.


Eu gostaria de perguntar à senhora, D. Karina – não sei se en passant já foi dito aqui, mas que fique bem claro para a Nação. Fizeram uma insinuação de que a senhora teve um encontro com o Sr. Rodemburgo e um jornalista em uma chácara no Rio de Janeiro. Se esteve, como chegou lá, onde se localiza esta chácara e a data?


A SRª FERNANDA KARINA RAMOS SOMAGGIO – Eu nunca estive com nenhum representante do Banco Opportunity. Eu os conheço apenas por fotos. Então, se alguém falou, falou errado. Porque eu nunca estive com ninguém.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Veja bem, Sra. Juíza, ontem se mostrou aqui documentos já comprovadamente falsos, um e-mail com um desmentido da UOL, que supostamente teria sido trocado entre o jornalista Atuch e o diretor-presidente desse banco. Entreguei a V. Exª a cópia dessa declaração do e-mail Terra, desmentindo o fato e dizendo que aquele contrato já tinha sido cancelado há um ano ou dois anterior ao fato, que foi, inclusive, divulgado por setores da imprensa.


Agora, chega novamente outro documento, um outro e-mail que lerei para os senhores.


‘Sr. Leonardo Atuch


Recebemos e-mail enviado por V. Sª sobre a extensão criada com o nome Leonardo Atuch no Yahoo, para distribuição de mensagens relacionadas com a matéria de sua autoria na ISTOÉ Dinheiro, de 28 de novembro. A Yahoo Brasil já bloqueou o e-mail enviado por um desconhecido. Ou seja, as providências iniciais já foram tomadas. Tal conta também pode ter sido aberta no exterior, o que está sendo levantado.


Como é do conhecimento geral, o Yahoo é um portal que oferece e-mail gratuito, não exigindo comprovante de identidade dos seus usuários. Conforme a política de privacidade da empresa, os demais dados solicitados somente serão apresentados sob ordem judicial.


Atenciosamente,


Felipe Fiorentino


Presidente da Yahoo Brasil’


Isso data de 2001, Sr. Presidente.


Está se querendo trazer para cá uma guerra de jornalistas, o que não nos compete nela entrar, para se encontrar um culpado pelo mensalão, pela mala de dinheiro que foi transportada pelo Brasil afora, e que é do conhecimento público. Ao invés de se querer, de maneira clara, objetiva e transparente se chegar aos culpados, fica-se na emulação. Uma hora, o estudo conceitual, a análise conceitual do Roberto Jefferson; na outra hora, analisa-se o Sr. Marcos Valério, uma maneira clara de se tentar sair da questão central, que é o desfalque, é roubo e, acima de tudo, a frustração que a Nação brasileira convive, hoje, de ver tudo isso sair das entranhas do PT, cujas vísceras estão expostas. É lamentável que esses fatos ocorram dessa maneira e se tenta desvirtuar.


Sr. Presidente, estamos tendo, nesses últimos dias, uma atividade estafante. Mas, enquanto nós estamos aqui, o Governo tomou a decisão de demitir dois dirigentes do Banco do Brasil, sendo um deles o vice-Presidente e o outro um diretor. Acusados de quê? De terem feito depósitos nocivos à instituição no Banco de Santos, no BMG – são três ou quatro bancos, não estou com a nota da imprensa aqui. Paralelamente, os mesmos dirigentes, através do fundo de pensão do banco que é o maior da América Latina, compraram ações e fizeram investimentos nas mesmas empresas ou em empresas por ela indicada. Está aí hoje: os diretores foram demitidos.


É preciso que se acorde para o que está acontecendo. Esta epidemia, esta vocação de avançar no cofre público, que se abateu, é claro que não sobre todos, mas sobre uma parcela considerável do Partido dos Trabalhadores. Digo isso com muita tristeza.


Hoje vi uma das cenas mais tristes, Sr. Relator, dos últimos tempos: o Presidente Lula, na Escócia, junto com os presidentes dos maiores países do mundo, cabisbaixo, triste. Não é aquele Lula que abraçava todos e por todos era abraçado. Foi, Senador Simon, o último ou o penúltimo da fila de saída. Tive pena do Presidente Lula hoje! E, a cada momento, os seus vizinhos daquele ambiente fechado, daquele ambiente impenetrável do Palácio do Planalto, são acusados de ter influência na participação direta do escândalo que todos nós estamos a ver. Tenta-se desviar os fatos, jogar uma questão que não é da iniciativa privada. Essa questão é uma questão diretamente ligada ao Governo. Nós não podemos fugir disso. Tenta-se jogar em disputa comercial, jogar para a iniciativa privada. Ontem, fiz a entrega desse documento, esperando que, em nome da verdade, os mesmos que fizeram denúncias pedissem a V. Exª que requeresse uma perícia, para ver se realmente os e-mails eram falsos. Isso, ninguém procura fazer. Não interessa. É a mesma coisa, Sr. Presidente. Fala-se em quebrar sigilo bancário de quem está envolvido diretamente na questão e vem-se com subterfúgios, dizendo-se que tem que se quebrar o sigilo do Governador de Minas, do ex-Governador… É sempre isso. É a velha história de querer, através do espelho retrovisor, justificar os erros do presente, quando o correto seria olhar para o futuro. Então, eu acho e tenho muita esperança, Senador Delcídio, de que esta seja uma lição pedagógica para o seu Partido. Ainda é tempo. Acho que vai chegar o momento em que o Presidente Lula vai fazer a triagem; vai escolher, realmente, os que devem continuar defendendo esse Partido e governando este País.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – (Fora do microfone. Inaudível.)


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Compreendo a sua emoção…


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Sabe o que é, Senador? É que, na sua ausência, a Deputada Juíza Denise Frossard foi extremamente severa comigo porque dirigi perguntas a ela, sob a alegação de que eu estava sendo subjetivo etc. V. Exª está fazendo um discurso…


A SRª JUÍZA DENISE FROSSARD (PPS – RJ) – Mas o próprio Presidente, Deputado…


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Compreendo a sua emoção, Deputado… Eu compreendo a sua emoção… Sr. Presidente, queria apenas que descontasse tudo isso do meu tempo.


A SRª JUÍZA DENISE FROSSARD (PPS – RJ) – O Presidente disse que podia para fazer perguntas ou usar o tempo para falar. O Presidente disse isso.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Isso não foi o que combinamos, Juíza.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Eu compreendo o Deputado Bittar…


A SRª JUÍZA DENISE FROSSARD (PPS – RJ) – Eu não combinei nada com V. Exª. O Presidente determinou isso e eu acatei.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Então a sua intervenção se dirigiu apenas a mim.


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Senador Heráclito Fortes, com a palavra, por favor.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Deputado Bittar, eu compreendo a sua emoção, a sua estafa, a sua tristeza. V. Exª que tem origem sindical, tem proximidade estreita com fundo de pensão, aí vêm amigos seus, de repente, são acusados, demitidos, ameaçados, eu compreendo, mas não queira ser…


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Estou absolutamente tranqüilo.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Sei que V. Exª está tranqüilo, mas é solidário.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Em relação ao Opportunity não sou acusador nem defensor, apenas quero que a verdade prevaleça aqui.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Mas é isso que precisamos fazer.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Eu noto um empenho muito grande seu em defender o grupo Opportunity aqui.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Não, V. Exª está sendo injusto comigo, eu frisei bem… Eu gostaria de descontar meu tempo.


O SR. PRESIDENTE (Delcídio Amaral. PT – MS) – Senador Heráclito e Deputado Bittar, a inquirida é a Srª Fernanda Somaggio.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – O me emociona, Sr. Presidente, é a veemência com que o Senador Heráclito defende o grupo Opportunity. Fico emocionado, isso me empolga.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – V. Exª, mais uma vez, está sendo injusto. Querem fazer uma ligação desse grupo com o PFL, mas não vão conseguir. Tenho a certeza de que V. Exª não está envolvido, faço isso por solidariedade e vou confessar aqui: quase fui às lágrimas no domingo, quando vi aquela calúnia cometida por uma revista lhe envolvendo numa possível aquisição de um prédio pela Eletrobrás – o prédio Serrador. Aquele Serrador de tantas histórias no Rio de Janeiro, que tanto alegrou os boêmios na década de 50 e que, agora, está sendo resgatado pelo Governo por um preço fora do mercado.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – Está sendo resgatado nada, Senador. O senhor leu a notícia? Não está sendo comprado. Aquela notícia é mentirosa, Senador, da mesma revista, aliás, chamada ISTOÉ, revista que se vende, está comprovado isso.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – Li a notícia e, por isso, sou solidário a V. Exª.


O SR. JORGE BITTAR (PT – RJ) – A revista ISTOÉ vende matéria editorializada, O Sr. Alzugaray é conhecido no mercado. Está na revista Veja, está nas gravações da Nova Schin.


O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL – PI) – V. Exª chegou aonde eu queria. O velho Ulysses Guimarães dizia que ‘o raio de ação da calúnia é dez vezes maior do que o desmentido.’ Daí por que, num momento como este, é muito fácil acusar, caluniar. Quando as provas chegam, todos calam. V. Exª fechou, com chave de ouro, o sentido desse meu aparte.