O South by Southwest (SXSW), reconhecido mundialmente como o maior festival de inovação e cultura, ocorreu há menos de três semanas em Austin, Texas. É provável que você encontre uma enxurrada de artigos e vídeos sobre o evento, produzidos tanto por grandes veículos de comunicação brasileiros quanto por profissionais que integraram a grande delegação presente – inclusive, batemos o recorde e nos tornamos a maior comitiva entre os estrangeiros.
O evento faz jus ao hype, promovendo 8 dias de conferência que exploram como será ou como construir futuros desejáveis. As trilhas do SXSW dividem os temas desde Inteligência Artificial, Publicidade & Experiência de Marca, Cultura, Mudanças Climáticas, Comida, Saúde, Esportes, Realidade Estendida, Transportes, 2050, Indústria da Música, o uso dos Psicodélicos entre outros. Isso sem contar o pequeno evento que antecede a grande conferência focado em Educação.
Conforme esperado, a Inteligência Artificial foi o foco em diversas trilhas, refletindo sua integração cada vez mais presente em nossas vidas. Os debates trouxeram a oportunidade de analisar diferentes aspectos na inevitável e imediata adoção da IA em todos os setores da sociedade.
Elizabeth Bramson, Publisher e CEO da MIT Technology Review, deu início às palestras, destacando as 10 tecnologias que vão transformar o mundo ainda este ano. Antes de revelar a tão esperada lista, ela ressaltou a persistente crise financeira que atinge o jornalismo, enfatizando a importância do apoio dos leitores a publicações de grande escala e jornais locais.
Debates inseridos em trilhas de Filmes, Música, Televisão, Economia dos Criadores de Conteúdo e a própria trilha de IA trouxeram algumas perspectivas importantes para estudantes e profissionais de jornalismo, por exemplo, o debate entre editores da CNN e do Washington Post sobre como evitar que os profissionais de comunicação sejam enganados por imagens geradas por IA. Spoiler: o risco vai sempre existir.
Entre as mais de 450 palestras, foi possível encontrar alguns debates importantes sobre checagem de fatos, a força dos podcasts, alfabetização midiática, mídia & democracia, inovação & indústria da mídia, entre outros assuntos correlatos que também impactam jornalistas.
As hipóteses que respondem o questionamento que faço no título deste artigo passam pela suspeita de que todas as indústrias priorizam encontrar o seu espaço em um futuro de rápidas mudanças. Ou ainda a prioridade em compreender quais serão as plataformas existentes no futuro e como será o consumo de qualquer tipo de informação, inclusive do jornalismo.
A existência de uma trilha dedicada aos vários aspectos do jornalismo poderia incluir debates sobre financiamento, novos formatos, saúde mental, governos autoritários, divulgação científica, educação midiática, entre tantos outros. Fica uma lacuna que poderá ser preenchida em futuras edições do SXSW. Defendo que esta discussão aconteça em Austin porque, ao longo dos últimos 30 anos, o evento conseguiu consolidar a sua importância entre executivos, líderes, políticos e artistas que pautam os avanços sociais.
Atenção: a partir do mês de junho, o SXSW e SXSW Edu aceitarão sugestões de temas para 2025. Esta é a chance de criar oportunidades para discutir sobre futuros possíveis para o jornalismo.
Para jornalistas, estudantes e pesquisadores da área, selecionei algumas palestras cujo áudio está disponível em inglês, gratuitamente, no site do evento.
Convite do Autor
Tema | Convidados | Link |
AI News That’s Fit to Print |
|
Gravação do Áudio |
AI and Journalism: The Massive Consequences When Truth is AI |
|
Gravação do Áudio |
Surviving the Industry: Mindset/Motivation in Uncertain Times |
|
Gravação do Áudio |
The Truth Might Hurt: Media Literacy, Fact checking & Beyond |
|
Gravação do Áudio |
Broetry, Content Farms, TL;DR—Is the Internet OK? |
|
Gravação do Áudio |
How Generative AI Will Transform Media and Democracy |
|
Gravação do Áudio |
AI Isn’t Coming for Your Job, But Those Using It Will |
|
Gravação do Áudio |
***
Marcelo Bueno é jornalista por formação, especialista em Gestão de Conteúdo, Mestre e Doutorando no programa de Mídia e Tecnologia pela UNESP de Bauru.Atua como professor universitário e é sócio-diretor da Agência Vnew.