Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Boom na tiragem de jornais contrasta com países ocidentais

Enquanto a indústria jornalística vem se enfraquecendo e lutando com alternativas digitais nos países desenvolvidos do Ocidente, países asiáticos têm testemunhado um boom na tiragem paga de jornais impressos.

A circulação paga na Ásia aumentou a um índice de 16% durante o período de 2006 a 2010, segundo o relatório World Press Trends de 2011, da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-Infra). De acordo com o estudo, Índia, China e Japão são os maiores mercados de jornais pagos, com 110 milhões, 109 milhões e 50 milhões de cópias diárias, respectivamente. Combinadas, as tiragens destes três países correspondem à metade da circulação paga do mundo. Além disso, 67 dos 100 maiores jornais estão na Ásia. Os três jornais mais lidos no mundo são japoneses: o Yomiuri Shimbun tem tiragem acima de 10 milhões; o Asahi Shimbun, de8 milhões; e o Mainichi Shimbun, 4 milhões. Para efeitos de comparação, a circulação do Wall Street Journal é de 2 milhões de exemplares.

Estes números representam um grande contraste ao forte declínio na tiragem impressa nos EUA e na Europa. Os EUA experimentaram perda de 17% no mesmo período de 2006 a 2010 e a Europa registrou queda de 33,8% ao longo destes cinco anos.

Impacto da internet

Nos mercados desenvolvidos, usuários estão migrando para a internet a fim de ter acesso gratuito a notícias. Já na Ásia, o rápido crescimento econômico ao longo dos últimos 30 anos levou a altos índices de alfabetização, na medida em que milhões saíram da pobreza. Mas o acesso limitado à internet evita que as notícias gratuitas online disputem a audiência do modelo de assinatura tradicional.

Segundo dados da revista britânica Economist, apenas 7% da população indiana usaram a internet regularmente em 2010. “Os jornais na Ásia oferecem uma grande penetração, comparado a outras publicações”, diz Jacob Mathew, presidente da WAN-Infra.

A combinação de jornais baratos, uso baixo de tecnologias digitais e índices altos de alfabetização abriu os mercados asiáticos a um tipo de veículo que, nos países ocidentais, veem um futuro condenado. A tiragem do Times of India, por exemplo, do indiano Times Group, aumentou para 4 milhões. Este aumento contribuiu para um acréscimo de cerca de R$ 1,8 bilhão na receita anual do grupo. E, com o crescimento na tiragem, vem o crescimento na publicidade. Na Ásia, a receita publicitária vem se recuperando desde a crise financeira de 2008 com um aumento de 4% em 2010.

Entretanto, ainda é questionável se a tendência de crescimento da tiragem paga impressa irá continuar, uma vez que o acesso à internet na Ásia irá aumentar ao longo do tempo. Alguns especialistas acreditam que o modelo é sustentável na Ásia, enquanto outros críticos veem o bom momento apenas como um adiamento da queda nas tiragens, na medida em que mais pessoas têm acesso à rede e plataformas digitais. Nos mercados mais desenvolvidos de Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan, a tiragem paga não está indo tão bem – nestes locais, houve decréscimo de 10,3%, 3,3% e 15,6%, respectivamente. Informações de Esther Tran Le [International Business Times, 17/4/12].