O britânico Mark Thompson, que ocupava o cargo de diretor-geral da BBC desde 2004, é o novo presidente e executivo-chefe do New York Times. Thompson, de 55 anos, substitui Janet Robinson, de 62, que anunciou, inesperadamente, sua aposentadoria em dezembro do ano passado.
Em declaração, o presidente do grupo New York Times Company e publisher do jornal, Arthur Sulzberger Jr., classificou Thompson como “um executivo experiente e talentoso com fortes credenciais, cuja liderança na BBC ajudou a ampliar a marca de confiança a novos produtos e serviços digitais”. “Nosso conselho concluiu que a experiência de Mark e suas realizações na BBC o fizeram o candidato ideal para liderar o jornal neste momento, quando estamos altamente focados no crescimento de nosso negócio por meio da expansão global e digital”, afirmou.
Em março, Thompson declarou que tinha a intenção de deixar a rede britânica depois dos Jogos Olímpicos. Em junho, o Guardian chegou a revelar que ele estava negociando sua ida para o jornalão. “O NYTimes é um dos maiores provedores de notícias do mundo e uma marca midiática de imenso potencial, tanto nos EUA quanto globalmente. É um verdadeiro privilégio ser chamado para fazer parte do grupo Times Company na medida em que ele entra no próximo capítulo de sua história”, afirmou.
Carreira na BBC
Thompson entrou para a BBC em 1979, como trainee de produção, e posteriormente trabalhou em programas como Nine O’Clock News e Panorama. Ele se tornou diretor de TV em 2000 e, depois de dois anos como executivo-chefe interino do Channel 4, voltou à BBC como diretor-geral, em 2004. O retorno inesperado veio após o caso David Kelly, cientista que se suicidou por causa da pressão que sofria por ter denunciado à BBC que o governo britânico teria supostamente exagerado dados sobre as armas de destruição em massa de que Saddam Hussein disporia, sem checar a veracidade da informação. O caso levou à renúncia do diretor-geral Greg Dyke.
Foi um momento de crise e Thompson teve a difícil tarefa de equilibrar a organização. Ele se concentrou na preservação da integridade editorial e na independência com relação ao governo – um trabalho árduo para uma organização fundada por uma licença real e cujo nível de financiamento, por meio de uma taxa paga pelo público, é determinado por ministros.
Envolvido em críticas
Sua liderança também passou por controvérsias. Thompson chegou a dizer que a BBC tinha uma “tendência esquerdista massiva”, embora acreditasse que ela não existisse mais. Ele também enfrentou críticas do Parlamento britânico por conta de salário considerado alto (chegou a R$ 2,5 milhões/ano), embora o valor pareça pequeno quando comparado aos R$ 48 milhões que Janet recebeu do Times quando deixou o cargo que ele agora assumirá. Sob sua administração, a BBC focou em expansão digital e internacional. O executivo também liderou um plano de redução na equipe, anunciando cortes de dois mil cargos ao longo de cinco anos a fim de reduzir custos em R$ 2,2 milhões ao ano.
Thompson tem um grande desafio pela frente. No começo do mês, o NYTimes anunciou que teve um prejuízo líquido de R$ 177 milhões no segundo trimestre, na medida em que os ganhos com assinantes pagos e aumento na receita não foram suficientes para cobrir as perdas com o About.com, portal comprado pela empresa para impulsionar as operações online. George Entwistle deve substituir Thompson na BBC. Informações de Dominic Rushe e Josh Halliday [The Guardian, 14/8/12].