A News Corporation, proprietária da HarperCollins Publishers, manifestou à CBS interesse em adquirir a editora Simon & Schuster, segundo pessoas a par das conversas. As discussões foram descritas como preliminares e foi enfatizado que não há um acordo iminente. A News Corp. é proprietária da Dow Jones & Co., que publica o Wall Street Journal.
No dia 8/11, Simon Constable, do WSJ, teve uma reunião com o presidente e principal executivo da CBS, Leslie Moonves, na qual foram discutidos abrangentes. Moonves falou sobre o futuro de sua unidade de publicações e perguntou se haveria um preço para a Simon & Schuster. As conversas aconteceram um mês depois que os proprietários de dois grupos concorrentes, a Random House e o Grupo Penguin, concordaram em fazer uma fusão de suas empresas numa poderosa editora. A News Corp. manifestou, à última hora, interesse em comprar a Pearson, da Penguin, mas não chegou a fazer uma oferta formal. Ao invés disso, a Penguin concordou com a fusão com a Bertelsmann SE & Co.’s Random House.
Para o mercado de livros nos EUA, uma indústria dominada por meia dúzia de grandes empresas, a consolidação é considerada uma maneira de sobreviver à transição para a mídia digital. Juntando forças, na opinião de executivos da indústria, os editores podem ganhar mais influência nos termos de negociação com varejistas, inclusive a Amazon.com Inc.
A Simon & Schuster, que foi fundada em 1924 e publica 2 mil títulos por ano, teve uma receita de US$ 787 milhões (cerca de R$ 1,65 bilhão) e um faturamento de US$ 90 milhões (R$ 190 milhões) em 2011, sem considerar juros, impostos, desvalorização e amortização da dívida. A News Corp. está em meio a um processo de separar em duas empresas – uma com os ativos de entretenimento, como o estúdio de cinema da 20th Century Fox e o canal a cabo da Fox News, assim como outros, como a Dow Jones e a editora HarperCollins.
Momento de tensão no mercado editorial
Embora o peso da HarperCollins seja relativamente pequeno na gigante News Corp., ela poderia responder por mais de um quinto de um faturamento operacional previsto para cerca de US$ 500 milhões (R$ 1,05 bilhão) da nova editora para o ano fiscal que termina em junho de 2013, segundo a consultoria Michael Nathanson of Nomura Securities.
Espera-se que a nova editora disponha de uma considerável quantia de dinheiro, que potencialmente seria utilizado para aquisições. Um dos motivos para a separação, segundo pessoas a par da estratégia do grupo, estaria na flexibilização para continuar comprando empresas de mídia tradicional, que recusado ofertas dos atuais investidores da News Corp. Nos últimos tempos, a News Corp. tem mostrado apetite por outros setores enquanto aguarda a separação, cujo processo deve terminar em junho. Na terça-feira (20/11), a empresa disse que concordara em comprar 49% das ações de uma rede regional de esportes de Nova York, a Yes.
As conversações ocorreram num momento de tensão no mercado editorial. Um acordo recentemente feito pelo Departamento de Justiça com alguns editores – entre os quais a HarperCollins e a Simon & Schuster – permitirá descontos em livros digitais. Os editores consideram isso uma ameaça e preocupam-se que a Amazon aumente ainda mais sua influência sobre eles. E mais: os editores têm que enfrentar uma porção de novos concorrentes – desde escritores autopublicados a novas impressões digitais de agentes literários e novas empresas criadas por pessoas estranhas ao ramo, como o magnata da mídia Barry Diller.
Uma fusão da HarperCollins e da Simon & Schuster poderia criar a segunda maior editora no mercado americano. A Rendom House e a Penguin respondem por 28% a 30% do mercado, enquanto a HarperCollins e a Simon & Schuster representam, juntas, de 18% a 20% do mercado, segundo a empresa Albert N. Greco Institute for Publishing Research Inc. Informações de Christopher S. Stewart e John Jannarone [The Wall Street Journal, 21/11/12].
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