Uma pesquisa revelou que quase três quartos dos britânicos entrevistados acham que o melhor método para evitar más práticas da mídia é aplicar mais rigorosamente as leis já existentes. Só 24% veem necessidade de uma nova legislação para regular a imprensa. A pesquisa foi feita com mil britânicos pela Free Speech Network, organização composta por vários jornais, para argumentar contra a regulação da mídia pelo Estado.
A iniciativa surge em um momento crucial para a imprensa britânica. Na quinta-feira (29/11) será publicado o relatório Leveson, resultado de um inquérito sobre a atuação da imprensa provocado pelo escândalo dos grampos telefônicos feitos pelo jornalNews of the World.
A cada dez entrevistados, nove acreditam que todos devem continuar livres para escrever o que pensam, a menos que façam afirmações falsas que causem danos à reputação de outros. Uma proporção similar acredita que não há necessidade de maior regulação da imprensa, com a exceção de casos de suborno, grampos ou invasão de computadores. Além disso, dois terços dos entrevistados estão orgulhosos de que o Reino Unido seja considerado modelo de liberdade de imprensa e de expressão.
O público também foi questionado sobre os casos que envolvem a obtenção e divulgação de informações confidenciais. Mais de 60% dos entrevistados acreditam que são os editores que devem julgar se os métodos são do interesse público. Metade disso acredita que os jornalistas que usam métodos ilegais devem ser processados.
Capacidade crítica
Questionados sobre qual dos três últimos escândalos da imprensa britânica é o mais graves – dentre o acobertamento do caso de pedofilia na BBC, as acusações de subornos de policiais e trabalhadores públicos por jornalistas, e o uso de grampos telefônicos peloNews of The World –, o caso dos grampos ficou em último lugar. Em primeiro, com 55%, está o caso de pedofilia na BBC. “Os britânicos estão conscientes que querem a liberdade de imprensa e de expressão. É por isso que a indústria dos jornais apoia um novo sistema, independente do governo e da imprensa, para assegurar uma melhor atuação dos jornais sem prejudicar sua capacidade crítica”, diz Bob Satchwell, um dos integrantes da Free Speech Network. Com informações de Jasper Copping [The Telegraph, 18/11/12].