A cerimônia anual do Comitê para Proteção de Jornalistas, realizada na semana passada, em Nova York, entregou o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa a quatro jornalistas, um deles brasileiro, por terem arriscado a vida e liberdade para revelar abusos do poder e violações de direitos humanos no Brasil, China, Quirguistão e Libéria: Mauri König (Gazeta do Povo, Brasil), Mae Azango (FrontPage Africa e New Narratives, Libéria), Dhondup Wangchen (Filming for Tibet, China) e Azimjon Askarov (Ferghana News e Golos Svobody, Quirguistão). Os dois últimos não compareceram à cerimônia por estarem presos. Askarov está cumprindo prisão perpétua por sua cobertura sobre corrupção governamental, e Wangchen seis anos de prisão após documentar a vida tibetana sob o domínio chinês.
O editor-chefe do The Guardian, que também recebeu um prêmio Memória de Burton Benjamin por sua trajetória de realizações pela causa da liberdade de expressão, fez um discurso de homenagem aos laureados. “Atacar o jornalismo tornou-se uma tendência e, agora, dentre aqueles que estão ameaçando e matando jornalistas estão governos e pessoas que você nem espera”, disse. “Quando jornalistas não são fisicamente ameaçados, estão cada vez mais sob vigilância, o que impossibilita seu trabalho e proteção de fontes”.
O trabalho de König inclui uma série de reportagens sobre o sequestro de crianças brasileiras para o serviço militar no Paraguai. Ao investigar a história no Paraguai, König foi brutalmente espancado com correntes, estrangulado, e abandonado para morrer. Já Mae é uma das poucas mulheres exercendo o jornalismo na Libéria e abordou a em seu trabalho a mutilação genital feminina, atraindo ameaças.
Rusbridger relembrou a conversa que teve com Bill Keller, então editor do New York Times, depois que o The Guardian obteve os documentos vazados do WikiLeaks. “Foi essencialmente isso: falei que tinha o pen drive e, ele, a Primeira Emenda. Não estava claro para mim que as leis britânicas sobre informações secretas e calúnia protegeriam o Guardian”, disse. “O caso ilustrou como pessoas vivendo em países como China, Brasil, Libéria e Quirguistão, em um mundo conectado, usam o tipo de proteções sólidas que existem nos EUA para publicar uma verdade que pode ser proibida em seus países”. Informações de Adam Gabbatt [The Guardian, 22/11/12].