O jornal britânico The Sun publicou uma matéria paga num jornal argentino reafirmando a soberania sobre as ilhas Falkland (Malvinas, para os argentinos) depois que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, publicou um anúncio na imprensa do Reino Unido acusando o país de colonialismo.
A matéria do Sun, publicada no jornal Buenos Aires Herald, de língua inglesa e com uma circulação superior a 20 mil exemplares diários, diz aos argentinos que “tirem as mãos” das ilhas pelas quais os dois países lutaram há 30 anos. Foi escrita depois que a presidente Cristina divulgou uma cáustica carta aberta ao primeiro-ministro David Cameron – também publicada como matéria paga no Guardian e no Independent –, assinalando o 180º aniversário desde que as ilhas foram “desapropriadas à força” de seu país e exigindo que fossem devolvidas à Argentina.
A matéria publicada no Herald, diretamente endereçada à presidente, diz:
“Denúncias de que há 180 anos a Argentina foi ‘desapropriada à força’ das ilhas Falkland são infundadas. A população civil argentina nunca foi expulsa. Uma guarnição militar argentina foi enviada às ilhas para tentar impor a soberania argentina sobre território britânico… Até que o povo das ilhas Falkland opte por ser argentino, elas continuarão decididamente britânicas.”
Plebiscito no mês de março
O revide do Sun vem depois de uma vigorosa resposta às exigências da presidente argentina pelos governos do Reino Unido e das ilhas Falkland. Cameron disse que a população das ilhas tem “100% de apoio” para continuar sendo britânica e o Ministério das Relações Exteriores disse que não poderia haver qualquer “negociação sobre a soberania das ilhas Falkland, exceto e até quando a população das ilhas o desejar”. Uma resposta de Dick Sawle, membro da Assembleia Legislativa, publicada no site do governo das ilhas Falkland, disse que a carta de Cristina era “decepcionante” e “historicamente incorreta” e descartava a descrição das ilhas como colônia britânica.
A população residente nas ilhas deverá votar num plebiscito em março próximo e a expectativa é de um apoio esmagador à proposta de permanecer território britânico. Observadores críticos dizem que a campanha da presidente para afirmar a reivindicação de soberania argentina é uma tentativa de reforçar o apoio doméstico antes das eleições do legislativo da Argentina, em outubro. Informações de Haroon Siddique [The Guardian, 4/1/13].