Paywalls estão cada vez mais predominantes entre os sites de jornais americanos. Onze dos vinte jornais mais vendidos dos EUA já estão cobrando pelo acesso de seu conteúdo online ou já anunciaram planos de fazer o mesmo. Entre esses onze, estão os quatro jornais mais importantes do país: The Wall Street Journal, USA Today, The New York Times e The Los Angeles Times.
A Gannett Company, maior grupo de jornais do país, expandiu o uso de paywall para quase todos os seus 80 grupos nos últimos 12 meses. Os grupos Tribune e MediaNews já estão cobrando pelo seu conteúdo, enquanto a McClatchy e a EW Scripps farão o mesmo neste ano. No último mês, o Washington Post anunciou que tem planos para começar a cobrar pelo acesso em 2013.
Mais de 35% de leitores de jornais dos EUA estão descobrindo restrições ao seu acesso, apesar de que a maioria dos jornais permite a leitura de vários artigos antes de restringir seu conteúdo. Essa forma, chamada em tradução literal de “modelo de taxímetro”, é a mais popular usada pelos jornais.
Em 2012, todos os grandes jornais canadenses também decidiram usar o paywall. A companhia Postmedia Network planeja expandir seus planos de assinatura digital para todos os seus jornais. A empresa Quebecor’s Sun Media já começou a utilizar a restrição, assim como os jornais The Globe and Mail e Toronto Star.
OThe New York Times é considerado o guia da indústria no que se refere à cobrança pelo conteúdo. Desde março de 2011, quando lançou o serviço pago, conseguiu 566 mil assinaturas digitais. De acordo com uma reportagem recente da Bloomberg, o jornal teve um rendimento de US$ 82 milhões (cerca de R$ 168 milhões) com suas assinaturas digitais. Isso representa cerca de 12% que o NYTimes espera ganhar com assinaturas em 2012. As assinaturas digitais, junto com o aumento do preço do impresso, farão com que 2012 seja o primeiro ano que o jornal ganhou mais com circulação do que com publicidade.
Publicidade vs. paywall
Críticos argumentam que o NYTimes e outros jornais poderiam lucrar mais com publicidade se eles não possuíssem um paywall, já que mais leitores consumiriam mais conteúdo. No entanto, uma fonte doGlobe & Mail contra-argumenta que o preço da publicidade estática online, que é a mais utilizada nos sites de jornais, está caindo há anos.
Enquanto a renda de publicidade varia drasticamente entre os sites, uma apresentação em maio de 2012 da firma de investidores Kleiner Perkins Caufield Byers mostrou que o custo de um anúncio para mil leitores na internet é de US$ 3,5 (em torno de R$ 7), enquanto o custo para internet móvel é de US$ 0,75 (R$ 1,53). Assim, um artigo visto 100 mil vezes pode gerar US$ 350 (R$ 712) em um site, e só US$ 75 (R$ 152) em um aparelho móvel. Veículos mais especializados, como o Financial Times e o Wall Street Journal, têm desenvolvido ferramentas específicas para negócios, mas a tática não funcionou nos jornais mais gerais.
O CEO do Washington Post, Donald Graham,apontou no mês passado que a maior parte de seus leitores está em um só distrito do país, enquanto a maioria dos leitores online acessa o site de outros locais. “A razão pela qual ainda não adotamos o paywall é que não encontramos um jeito que incremente os lucros. Mas continuaremos a estudar todo modelo de paywall e a considerá-los, assim como consideraremos manter nosso site gratuito”, disse. Já o CEO da empresa Postmedia, Paul Godfrey, diz: “Jornais estão percebendo que não é possível gastar milhões em conteúdo e distribuí-lo gratuitamente. Eu penso que chegamos ao ponto que o paywall será adotado por todo o mundo”. Informações de Roy Greenslade [The Guardian, 01/1/12].