Os desafios enfrentados pelos jornalistas especializados em ciência – pessoas comuns com a tarefa de comunicar ideias extraordinariamente complexas para uma audiência de massa – estão sendo particularmente exigentes. Poucos jornais têm seções destinadas à ciência atualmente, mesmo com o jornalismo científico tornando-se mais valioso do que nunca.
Em 1989, existiam nos EUA 95 jornais com seções semanais de ciência. Hoje, são apenas 19, segundo o Columbia Journalism Review. Trata-se de uma grande queda, mesmo para uma das indústrias de declínio mais rápido no país. Dados do Departamento de Trabalho dos EUA indicam que a indústria jornalística como um todo encolheu 40% ao longo da última década. As empresas jornalísticas têm, então, escolhas difíceis a fazer no que se refere a seções a serem eliminadas. Poucos concordam sobre o que deve ser cortado.
Como o jornalismo de arte e cultura, escrever sobre ciência é uma especialidade e, quanto mais especializado o campo, mais habilidades o jornalista tem que ter. Por essa razão, executivos de jornais algumas vezes chegam à conclusão de que suas seções de ciência deveriam ser sacrificadas para dar lugar a uma reportagem mais generalista. “Acredito que editores de jornais consideram, erroneamente, que leitores não entendem ciência ou não estão interessadas nela”, afirmou Ron Winslow, subchefe da seção de ciência e saúde do Wall Street Journal. “É um gasto grande. A ciência terá um impacto grande nas nossas vidas nos próximos 30 anos, mesmo mais do que no passado. Os leitores querem informações sobre ciência”.
Mais escritores
Winslow, que também é presidente da Associação Nacional de Escritores de Ciência, disse que o fato de que jornais estejam cortando mais seções de ciência tem mais a ver como economia do que com qualquer outro fator. Após o boom dos PCs nos anos 80, o jornalismo científico desfrutou de uma euforia, em parte estimulado pelas empresas de computadores com dinheiro para gastar em anúncios nos jornais. Por anos, esses anúncios financiavam seções de ciência robustas nos jornais nacionais. Nos anos 90, na medida em que a receita publicitária migrou do impresso para a web, empresas de jornais começaram a focar seus recursos em seções mais abrangentes.
Ao longo dos anos, muitas seções de ciência transformaram-se em seções que incluem temas como saúde, medicina e bem-estar – todos com uma base maior do que física ou astronomia. As ramificações dessa mudança implicam que repórteres mais velhos, treinados em áreas científicas sofram pressão para aceitar demissão voluntária de jornias que buscam reduzir suas equipes. Cristine Russell, presidente do Conselho para o Avanço da Reportagem Científica, preocupa-se que o jornalismo científico acabe sendo feito por repórteres sem um background sólido em ciência.
Cristine escreve sobre ciência, saúde e meio ambiente por mais do que três décadas, começando no Washington Star e Washington Post. Segundo ela, enquanto as seções de ciência estão em menor número do que antigamente, há mais escritores de ciência do que nunca. Há mais jovens cientistas interessados em jornalismo e em comunicar suas ideias para uma audiência mais ampla – e que estão sendo aproveitados por publicações especializadas, como Wired, ou blogs de ciência. Essa tendência deve continuar. Informações de Christopher Zara [International Business Times, 10/1/12].