Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Boas notícias são mais populares entre usuários de redes sociais

Ao “escanear” o cérebro de pessoas e monitorar seus e-mails e posts, neurocientistas e psicólogos descobriram que boas notícias se espalham mais rápido e vão mais longe do que textos negativos, sobre desastres ou histórias tristes. “A regra do ‘Se sangra, faz sucesso’ funciona para a mídia de massa que só quer sua atenção”, diz Jonah Berger, psicólogo social da Universidade de Pensilvânia. “Eles querem seus olhos e não se importam com o que você sente. Mas quando você compartilha a história com seus amigos e conhecidos, você se importa como eles reagirão”.

Analisando a comunicação informal, como e-mails, posts em redes sociais, comentários e conversas, pesquisadores descobriram que ela tende a ser mais positiva do que negativa. Observando como pessoas compartilhavam milhares de artigos do New York Times por seis meses, Berger e Katherine Milkman também descobriram que artigos da seção de Ciência eram muito mais compartilhados do que os textos não-científicos. Os pesquisadores descobriram que as descobertas científicas, muitas vezes, deixam os leitores maravilhados, fazendo com que eles queiram compartilhar essa emoção positiva com outras pessoas.

Leitores também tendem a compartilhar artigos engraçados, ou inspirados por sentimentos negativos como a raiva, mas que não os deixaram tristes. Eles querem ser excitados de alguma forma e preferem boas notícias a ruins. Quanto mais positivo o artigo, maior a chance de ser compartilhado. “Histórias sobre recém-chegados que se apaixonam por Nova York são mais fáceis de serem compartilhadas do que uma notícia sobre a morte de um popular funcionário do zoológico”, dizem os pesquisadores.

Em outra tentativa de entender o que é capaz de fazer sucesso, neurocientistas da Universidade da Califórnia e da Universidade do Michigan escanearam o cérebro de pessoas enquanto elas escutavam novas ideias e depois observaram quais ideias elas contavam para outras pessoas, e quais ignoravam.

Segundo a pesquisa, quando as novas ideias acionavam as regiões cerebrais associadas a cognição social e pensamentos sobre outras pessoas, os pesquisados eram mais capazes de falar sobre as ideias animadamente. “Você esperaria que as pessoas se entusiasmassem mais com ideias que excitassem a si mesmas. Mas a pesquisa sugere que pensar no que excita os outros pode ser mais importante”, diz Emily Falk, professora de Estudos da Comunicação da Universidade do Michigan, que liderou o estudo.

Por outro lado, a consciência social entra em jogo quando as pessoas dividem informação sobre o seu assunto favorito: elas próprias. Falar sobre si mesmo é intrinsicamente prazeroso e ativa regiões cerebrais como as de satisfação alimentar, segundo um estudo da Universidade de Harvard.

Autopropaganda e inveja

Pesquisas anteriores sobre conversas do dia a dia mostram que um terço delas são devotadas a si mesmo, mas hoje o tópico virou uma obsessão graças às mídias sociais. Pesquisadores classificaram 80% dos usuários do Twitter como falantes primariamente de si mesmos. “Na maioria das conversas orais, nós não temos muito tempo para pensarmos a coisa certa a se falar. Mas quando você escreve algo, você tem muito mais tempo de construir e refinar o que irá falar, logo envolve mais a auto apresentação”, disse o doutor Berger.

Os experimentos de Berger mostram que as pessoas falam coisas mais positivas quando estão diante de grandes audiências, o que ajuda a explicar os compartilhamentos do Facebook, por exemplo.

Mas essa positividade não faz a audiência se sentir necessariamente melhor. Um estudo em Utah mostra que, quanto mais tempo é gasto no Facebook, mais as pessoas pensam que a vida é injusta e que são mais infelizes que seus amigos.

Resultados similares foram observados na Alemanha, onde uma pesquisa reportou sentimentos de “inveja” e “emoções hostis” entre usuários intensos do Facebook. “A presença onipresente da inveja nas redes sociais mina a satisfação de vida dos usuários”, concluiu a pesquisa, que descreve o fenômeno como “espiral da inveja e da autopropaganda”.