Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

WikiLeaks anuncia biblioteca com milhões de documentos

O WikiLeaks anunciou o lançamento de sua Biblioteca Pública da Diplomacia dos EUA (batizada de PlusD), que diz ser a “maior coleção, para pesquisa, de comunicações diplomáticas confidenciais, ou que já foram confidenciais, dos EUA”, com dois milhões de registros incluindo papéis vazados, documentos divulgados sob o Ato de Liberdade de Informação (FOIA) e liberados pelo Departamento de Estado americano quando deixam de ser confidenciais. Para inaugurar a biblioteca, a organização anunciou a publicação de mais de 1,7 milhão de relatórios diplomáticos e de inteligência dos EUA sobre diversos países.

A maioria destes registros foi liberada pelo programa do Departamento de Estado que revisa documentos sigilosos depois que eles completam 25 anos. Eles estavam arquivados, um a um, em formato PDF, nos Arquivos Nacionais dos EUA, e foram compilados e organizados pelo WikiLeaks em formato de busca online. Segundo o ciberativista Julian Assange, fundador da organização, o trabalho para analisá-los antes da divulgação demorou um ano.

Kissinger

Assange afirma que os documentos mostram o vasto alcance da atividade diplomática e de inteligência dos EUA em todo o mundo. Os papéis trazem registros de 1973 ao fim de 1976 e incluem telegramas diplomáticos, relatórios da inteligência e correspondências do Congresso. No período coberto, Henry Kissinger era secretário de Estado americano, e muitos dos relatórios foram escritos por ele – ou enviados a ele. Segundo o site, os registros incluem “revelações significativas sobre o envolvimento dos EUA com ditaduras fascistas, particularmente na América Latina, sob a Espanha de Franco (incluindo a família real espanhola) e na Grécia, sob o regime dos coronéis”. Milhares de documentos estão marcados com as observações “NODIS”, que significa que não devem ser distribuídos (“no distribution”), ou “Eyes Only”, que não devem ser copiados. Também há muitos telegramas marcados como secretos ou confidenciais.

Assange disse que o WikiLeaks desenvolveu sistemas técnicos sofisticados para lidar com materiais volumosos e complexos como estes. Entre 2010 e 2011, o site já havia divulgado mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA. O conteúdo publicado esta semana, no entanto, tem cinco vezes o tamanho daquele que ficou conhecido como “Cablegate”.

Assange está refugiado na embaixada equatoriana em Londres desde junho do ano passado, depois de perder as apelações para não ser extraditado para a Suécia, onde seria levado para interrogatório por conta de duas acusações de estupro. O ativista refuta as acusações, e seus seguidores alegam que o processo sueco não passa de uma manobra para colocá-lo em risco de extradição para os EUA, onde poderia ser julgado por espionagem pela divulgação de documentos confidenciais vazados.