O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou, em um discurso televisionado no domingo [2/6], que os distúrbios ocorridos na última semana em cidades como Istambul e Ancara têm três culpados: o principal partido da oposição, o Partido Republicano do Povo; “elementos extremistas”; e as redes sociais.
Milhares de jovens se reuniram desde o fim da semana passada para protestar contra o projeto urbanístico de renovação do parque Taksim Gezi, em Istambul – com o plano de derrubada das árvores para a construção de uma mesquita. As manifestações, que acabaram se espalhando para outras cidades, foram combinadas em grande parte na internet, sob a hashtag #direngezipark? (“O parque Gezi resiste”).
“Esta coisa que chamam de redes sociais não é mais que uma fonte de problemas para a sociedade atual”, afirmou o premiê, mostrando-se irritado principalmente com o Twitter. “Ali são difundidas mentiras absolutas”. Curiosamente, Erdogan tem conta no microblog, com mais de 2.700.000 seguidores.
No sábado e no domingo, muitos dos trending topics do Twitter – os temas que mais aparecem em postagens no microblog – tinham relação com os protestos turcos. Figuras públicas como o ator e fotógrafo Okan Bayülgen ganharam milhares de novos seguidores por denunciar a repressão policial e pedir que a mídia do país cubra mais ativamente a manifestação popular.
Muitos dos protestos pedem a saída de Erdogan. Ainda que o governo do primeiro-ministro tenha impulsionado o crescimento econômico, ele divide opiniões dentro do país por sua posição radical contra o regime sírio (que alguns consideram perigosa à segurança turca) e por medidas controversas, como a que visa a coibição da venda de bebidas alcoólicas.
O número de telefones celulares por habitante é menor na Turquia (88 linhas a cada 100 habitantes) do que no Egito (101 por 100), por exemplo, onde as manifestações populares contra o governo tiveram grande apoio das redes sociais. Ainda assim, a atuação dos turcos no Twitter é bastante expressiva.