Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Murdoch se diz otimista com futuro dos jornais

A News Corporation, de Rupert Murdoch, foi dividida em duas empresas, numa aposta do magnata em construir dois novos impérios a partir de seu amplo portfólio de bens. As unidades de entretenimento – incluindo o estúdio de cinema 20th Century Fox e a rede de emissoras Fox – formarão a 21st Century Fox. Já as empresas de publicação, como a editora HarperCollins e a divisão de jornais, manterão o nome News Corporation.

Acionistas, decepcionados com o retorno financeiro das publicações – e em especial dos jornais –, vêm pressionando há tempos por uma divisão do império de mídia de Murdoch. O empresário resistiu, mas cedeu à pressão depois do escândalo dos grampos telefônicos no Reino Unido, que levou ao fechamento do tabloide News of the World e à prisão de executivos e jornalistas.

“Futuro brilhante”

Mas, ao contrário do pessimismo dos acionistas, Murdoch acredita que o futuro dos jornais é brilhante. Ele argumenta que o colapso da publicidade impressa é apenas um obstáculo para um futuro digital e que seus bens, incluindo a Dow Jones, o Wall Street Journal e o Times londrino surgirão mais fortes do que nunca.

Tecnicamente, ambas as empresas entraram na lista da Nasdaq, bolsa de valores eletrônica de Nova York, já na semana passada (19/6), mas a divisão só será formalizada depois de 28/6. As ações não começarão a ser negociadas até dia 1/7, quando a decisão de Murdoch enfrentará seu verdadeiro teste. Analistas e acionistas deram forte apoio à divisão. No primeiro trimestre de 2013, a News Corporation reportou lucro operacional de US$ 1,36 bilhão (em torno de R$ 2,99 bilhões), quase todo oriundo das unidade de entretenimento. A TV a cabo gerou lucro operacional de US$ 993 milhões, 17% a mais do que o mesmo período no ano anterior. A indústria cinematográfica puxou a receita graças a filmes como A vida de Pi e A Era do Gelo: Deriva Continental. A TV aberta sofreu com as quedas da audiência de American Idol, mas o faturamento de US$ 196 milhões representou um aumento de 14,6% comparado ao mesmo período do ano passado.

No impresso, a receita operacional caiu quase 35%, para US$ 85 milhões, e a News Corporation gastou US$ 42 milhões com o escândalo dos grampos – em parte para resolver uma investigação do Departamento de Justiça sob o Ato de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA).

Na visão de Rich Greenfield, analista na empresa de serviços financeiros BTIG, Murdoch terá muito o que provar para mostrar o sucesso dos jornais. Grupos rivais, como a New York Times Company, estão reduzindo seus bens. Outros, como a Gannett, estão diversificando seu portfólio. A News Corporation está fazendo uma forte aposta de que pode se dedicar exclusivamente às publicações.