O Equador deu sinais, na semana passada, de que pode demorar até decidir se concederá asilo a Edward Snowden. O técnico de informática, que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional dos EUA e revelou documentos secretos do órgão, é procurado pelo governo americano e está foragido– supostamente em uma área de trânsito do aeroporto de Moscou, onde chegou há pouco mais de uma semana vindo de Hong Kong.
O ministro do Exterior do Equador, Ricardo Patiño, comparou o caso de Snowden ao do ciberativista australiano Julian Assange, refugiado há um ano na embaixada equatoriana em Londres. “Levamos dois meses para tomar uma decisão no caso de Assange, então não esperem que tomemos uma decisão mais rápido desta vez”, teria afirmado o ministro durante uma entrevista coletiva na Malásia, segundo a agência Associated Press.
Posteriormente, pelo Twitter, ele acusou a mídia de reproduzir seus comentários com imprecisão. “Eu disse que a decisão sobre o asilo poderia levar um dia, uma semana, ou, como no caso de Assange, dois meses. Alguns veículos de mídia removeram a primeira parte da declaração e deixaram apenas a segunda. Eles estão tentando confundir, e já vimos isso antes”, escreveu.
A embaixada do Equador em Washington afirmou que os EUA precisam declarar ao governo equatoriano sua posição sobre Snowden por escrito. Em uma declaração em seu site, a embaixada ressaltou que a decisão do país sobre o asilo levaria em consideração “obrigações com os direitos humanos”. Um porta-voz do Departamento de Estado americano afirmou que não discutiria questões diplomáticas com a imprensa, mas que o país continuaria a conversar com o Equador sobre a questão. Também na semana passada, os EUA suavizaram o tom nas discussões com a Rússia. “Nós concordamos com o presidente [Vladimir] Putin que não queremos que a situação prejudique as nossas relações”, afirmou Jay Carney, porta-voz da Casa Branca.
Espionagem
Snowden irritou o governo americano ao vazar informaçõessobre um programa secreto de monitoramento de movimentações online e telefônicas no combate a ações terroristas. Os dados foram publicados pelo jornal britânico The Guardian e pelo americano Washington Post, levando a críticas e temores sobre a falta de limites entre a vigilância e a privacidade de cidadãos comuns. O presidente Barack Obama chegou a afirmar que não é possível se ter 100% de segurança sem inconvenientes.
Os EUA agora buscam Snowden, sob acusação de espionagem, e discutem com a Rússia, que avisou que não extraditaria o técnico em informática. “Snowden é um homem livre. Ele não violou nenhuma lei da Federação Russa ou cruzou a fronteira. Ele está na área de trânsito do aeroporto e tem o direito de voar a qualquer direção que quiser. E, como disse o presidente russo, quanto antes isso acontecer, melhor”, afirmou Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo.
Na segunda-feira (1/7), a imprensa internacional noticiou que Snowden pediu asilo político também à Rússia. O pedido teria sido feito um dia antes por uma advogada do WikiLeaks que acompanha o técnico. Informalmente, Vladimir Putin afirmou que poderia conceder asilo se Snowden prometesse não mais vazar informações sigilosas. “Se deseja ficar aqui, deve parar de prejudicar nossos parceiros americanos, mesmo que isso soe estranho vindo de mim”, disse o presidente.