O Exército dos EUA admitiu ter bloqueado o acesso a parte do site do jornal britânico The Guardian para milhares de funcionários em todo o país. Um porta-voz afirmou que o Exército tinha o objetivo de filtrar conteúdo relacionado aos programas de monitoramento do governo para preservar a “higiene da rede” e evitar que qualquer material secreto apareça nas partes não confidenciais de seu sistema de computadores.
A confirmação foi feita após denúncia do jornal Monterey Herald de que a equipe em uma base militar de São Francisco havia reclamado por não ser capaz de acessar o site britânico do Guardian, tendo apenas acesso parcial à versão americana do site. O diário britânico publicou matériassobre o programa secreto de vigilância online do governo dos EUA. As informações haviam sido vazadas pelo ex-técnico da Agência de Segurança Nacional Edward Snowden.
Medidas preventivas
Apesar de admitir a interrupção do acesso ao site, o Pentágono insistiu que a intenção do Departmento de Defesa não era bloquear todo o conteúdo, apenas parte dele. No entanto, um porta-voz da Network Enterprise Technology Command (Netcom), que cuida do sistema de tecnologia do Exército, confirmou que isso é uma prática comum, que pode estar afetando diversos setores da Defesa americana. “O Departamento de Defesa toma, rotineiramente, medidas preventivas de ‘higiene da rede’ para mitigar revelações não autorizadas de informações secretas nas redes não confidenciais do departamento”, declarou Gordon Van Vleet, da Netcom.
Segundo o Exército, tais ações são automáticas e não afetariam computadores de fora dos sistemas do Exército. “O departamento não determina quais sites sua equipe pode visitar, mas confia em filtros automáticos que restringem o acesso com base em preocupações sobre o conteúdo ou ameaças de vírus”, disse Van Vleet. “O departamento não irá bloquear sites do público americano em geral e fazer isso seria violar os princípios de defesa da constituição e de respeito às liberdades e à privacidade”.
Medidas semelhantes foram tomadas pelo Exército depois que o Guardian e outros jornais publicaram conteúdo secreto do Departamento de Estado através do site WikiLeaks. “Esforçamo-nos para equilibrar a necessidade de preservar o acesso à informação com a segurança operacional, entretanto há políticas e diretrizes estritas em relação à proteção e ao modo de lidar com informação secreta”, ressaltou o porta-voz da Netcom.