Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘Le Monde’ expõe operação francesa similar a da NSA

O jornal francês Le Monde expôs, na semana passada, uma vasta operação de vigilância e espionagem executada pelo governo do país, interceptando e armazenando informações de ligações telefônicas e atividades digitais de cidadãos, em ação similar ao programa dos EUAexposto por Edward Snowden.

Segundo o Monde, o principal objetivo do DGSE, a agência de inteligência francesa, era rastrear quem estava falando com quem, quando, onde e por quanto tempo, em vez do conteúdo das mensagens. Documentos com informações de e-mails, mensagens SMS, telefonemas, contas do Facebook e do Twitter, e as atividades dentro de sites como Google, Microsoft ou Yahoo! teriam sido armazenadas por anos no porão do edifício da agência. As informações podiam ser consultadas pela polícia e por seis agências de inteligência e espionagem francesas.

O jornal descreveu o programa de espionagem como secreto, ilegal e “fora de qualquer controle sério”, chamando-o de “Big Brother francês”. “Todas as nossas comunicações são espionadas”, disse a publicação.

Críticas aos EUA

Quando as informações sobre o programa de espionagem norte-americano foram vazadas, o governo francês não fez nenhum comentário imediatamente. Após informações de que o governo dos EUA também teria espionado embaixadas europeias, incluindo a embaixada francesa em Washington, o presidente François Hollande disse que estas práticas “deveriam cessar imediatamente”. A França pediu a suspensão dos diálogos sobre o acordo de livre comércio entre EUA e União Europeia enquanto a vigilância não fosse devidamente explicada.

O Parlamento Europeu, em um encontro para debater o caso de espionagem dos EUA, majoritariamente passou uma resolução afirmando que “condena fortemente a espionagem de representantes europeus”, avisou sobre “o potencial impacto nas relações transatlânticas” e exigiu “esclarecimento imediato das autoridades americanas sobre o assunto”, mas rejeitou a emenda que adiaria os diálogos sobre o acordo de livre comércio com os EUA.