Sob pressão do secretário de Justiça do estado de Nova York, Eric Schneiderman, a Thomson Reuters suspendeu no, dia 8/7, a prática de vender informações dois segundos antes de sua distribuição geral. Desde 2008, a empresa vendia acesso adiantado à pesquisa quinzenal da Universidade de Michigan sobre o comportamento de consumidores para um grupo seleto de empresas. Diversos outros relatórios econômicos também ficavam disponíveis com antecedência para investidores que pagassem pelo serviço.
O gabinete de Schneiderman está investigando o mercado de informações financeiras e os lucros ganhos pelos clientes através da venda de dados adiantados em minutos ou até milissegundos. O intervalo de tempo pode parecer pequeno para investidores comuns, mas é o bastante para empresas financeiras com supercomputadores.
“A segurança do mercado deveria ser igualitária para todos os investidores e a distribuição adiantada de informações prejudica a competição justa”, declarou Schneiderman. “A razão para o mercado dos Estados Unidos ser um dos maiores e mais fortes do mundo é que indivíduos sempre acreditaram que podem realizar um negócio justo”.
“A Thomson Reuters acredita fortemente que empresas de notícias e informações podem legalmente distribuir dados não-governamentais e notícias exclusivas através de serviços pagos”, afirmou Lemuel Brewster, porta-voz da empresa. “Como informações privadas, como a pesquisa da Universidade de Michigan, devem ser divulgadas é um assunto geral da indústria e deve ser abordado em consulta com o mercado”.
Acesso valioso
O crescimento do comércio de ações computadorizado nas duas últimas décadas tornou o acesso adiantado a dados financeiros cada vez mais valioso, e empresas de informações como a Thomson Reuters investiram pesadamente em tecnologia para acompanhar essa demanda.
“As máquinas vendem e compram tantas ações diferentes tão rapidamente após a distribuição de dados financeiros que, no momento em que o público tem acesso aos dados, o movimento já foi feito”, explica Eric Hunsader, fundador da empresa de pesquisa em mercado Nanex. “Neste ponto, é como se você estivesse lendo os preços divulgados no jornal de ontem, pois todas as ações já reagiram a esse pedaço de informação”.
A Thomson Reuters anunciou, na semana passada, que todos os seus clientes receberão o relatório da Universidade de Michigan às 9h55 da manhã, quinzenalmente. A mudança não afeta os seus não-clientes, que continuarão a receber o relatório às 10 horas da manhã. “A Thomson Reuters está cooperando com o secretário de Justiça de Nova York e fez esta mudança voluntariamente”, disse a empresa em um depoimento.
A companhia se recusou a informar quantos clientes pagavam pelo adiantamento de informação, mas o número aparenta ser menor que uma dúzia. A Thomson Reuters paga um milhão de dólares anualmente para ter acesso exclusivo ao relatório da universidade.