Denise Lind, juíza militar no julgamento do soldado Bradley Manning, decidiu manter a acusação de que ele teria “ajudado o inimigo” ao vazar informações militares secretas ao WikiLeaks. Se considerado culpado em todas as acusações, Manning poderá enfrentar prisão perpétua sem liberdade condicional, mais um adicional de 154 anos.
Segundo Denise, o governo deu evidência suficiente para provar que o soldado teria fornecido informações a grupos de inimigos, como a organização terrorista al-Qaeda, quando passou milhares de documentos para o WikiLeaks em 2010. Ela também se recusou a retirar uma acusação sob o Ato de Fraude e Abuso de Computador.
Advogados de defesa alegaram que Manning não tinha intenção de fazer com que os documentos acabassem nas mãos da al-Qaeda. David E. Coombs, advogado de defesa, disse que o soldado divulgou as informações simplesmente para “desencadear reforma e debate”.
Promotores apresentaram evidências para mostrar como o soldado estava reunindo os documentos que entregou ao WikiLeaks. Uma das testemunhas, o agente especial David Shaver, da Unidade Investigativa de Crimes de Informática do Exército, fez uma busca no computador pessoal de Manning e reuniu suas mensagens de Twitter, e-mails e como ele usou certos programas de software para copiar e coletar informação. Um email mencionado por ele foi enviado ao New York Times em abril de 2010 e promotores disseram que a mensagem indicava que Manning não reconhecia que o WikiLeaks era uma organização de notícias legítima. Denise disse que não consideraria esse argumento em sua decisão.
O veredicto ainda não foi dado. Manning, de 25 anos, já foi declarado culpado de 10 ofensas que o colocariam na prisão por 20 anos. Ele é acusado do maior vazamento de informações confidenciais na história dos EUA e não há registro público de que uma corte militar tenha julgado um caso envolvendo uma acusação de ajuda ao inimigo. O julgamento do soldado ilustra a rigidez com que a administração de Barack Obama tem tratado casos de vazamento de documentos confidenciais. Manning é um dos sete atuais ou ex-funcionários do governo acusados de violar o Ato de Espionagem por vazar informação secreta desde que Obama assumiu a presidência. Ele teria divulgado documentos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, entre os quais um vídeo de um ataque de um helicóptero americano em Bagdá, que matou civis e um jornalista da agência Reuters.
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