Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Manter privacidade será tarefa de novo órgão regulador

Com todas as câmeras focadas na porta do hospital onde nasceu, é difícil imaginar que o novo herdeiro da realeza britânica, George Alexander Louis, filho de Kate Middleton e do príncipel William, tenha alguma chance de privacidade. Assim que o furor do nascimento acabar, seus pais terão que ser fortes para deixá-lo longe dos holofotes.

No entanto, com a Comissão para Reclamações sobre a Imprensa (PCC, sigla em inglês) enfrentando morte iminente, o sistema que fez muito para assegurar a privacidade do príncipe William em sua infância e depois fez o mesmo para Kate, quando o seu noivado foi anunciado, está prestes a ser desmanchado. Seu substituto pode vir a ser a Organização Independente para Padrões da Imprensa (Ipso) ou o documento régio defendido pelos políticos, que terá que negociar a difícil questão do acesso da imprensa ao herdeiro do trono.

Isso pode ser mais complicado do que parece. Enquanto o duque e a duquesa de Cambridge foram bem visíveis com suas aparições públicas pré-planejadas, a mesma amabilidade não foi vista quando foram pegos de surpresa. Quando jornais nacionais receberam fotos do casal real andando em uma praia pública, a mídia questionou a assessoria de imprensa da realeza se sua publicação seria correta. A resposta foi firmemente negativa, por ser uma “caminhada privada em uma praia pública”, um novo conceito para as leis de privacidade e que ainda não foi aprovado em lugar algum. Mesmo assim, as fotos não foram publicadas.

O casal real, é claro, possui mais razão que muitos para perceber como é fácil ter sua privacidade invadida, principalmente após as fotos em que a duquesa apareceu de topless durante suas férias na França. Enquanto a PCC insiste que não trata a família real de maneira diferente de qualquer outro indivíduo, o órgão lançou advertências aos jornais pelo seu assédio a Kate antes de seu casamento. Quando o príncipe William celebrou seu aniversário de 18 anos, o presidente da comissão na época, lorde Wakeham, fez um discurso em que dizia que o fato de o príncipe conseguir atravessar sua época escolar sem a intrusão da imprensa era um triunfo para a autorregulação da mídia. Ele também apontou que as restrições foram recompensadas com acesso regular dos príncipes por meio de facilitadores.

Parece que o novo príncipe precisará de tal nível de proteção para sua infância. A questão é se o Ipso está disposto para a tarefa. A privacidade do herdeiro dependerá do novo órgão regulador, que é o resultado de uma cadeia de eventos colocada em ação por um grampo ilegal no telefone de um membro da família real, e se o órgão conseguirá impor um código que previna os abusos do passado. Como ele protegerá o príncipe e outros que procuram privacidade na era das novas mídias, será o primeiro real desafio do novo regulador.

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