A rede de TV Al Jazeera, do Catar, lançou na semana passada a Al Jazeera America, seu canal nos EUA, com ampla cobertura da mídia americana. A transmissão, no entanto, foi mais limitada do que os executivos esperavam, pois a distribuidora AT&T U-Verse rompeu o contrato minutos antes da estreia. A Time Warner Cable fizera o mesmo no começo do ano. O canal imediatamente iniciou um processo contra a AT&T.
Outra complicação foi a interrupção da transmissão online da emissora Al Jazeera English, em língua inglesa e sediada no Catar, provocando queixas de usuários. Vídeos do YouTube também foram bloqueados para espectadores dos EUA, tudo em uma tentativa de convencer distribuidoras nacionais a transmitir a Al Jazeera America, apelidada de AJAM.
Análises na mídia
Diversos perfis da emissora foram traçados por veículos americanos, como o New York Times, quase todos focando no esforço do canal em produzir notícias aprofundadas e contextualizadas. Nikki Usher, professora de jornalismo da Universidade George Washington, descreveu na revista The Atlantic os fatores que iriam determinar o sucesso do canal, concluindo que “o que faz com que a AJAM seja esquisita e imprevisível é que ninguém sabe qual é sua medida para o sucesso, pois seu sucesso não depende de visibilidade do mercado, mas da aprovação do Catar”. Matthew Yglesias, da Slate, demonstrou preocupação de que a falta de fins lucrativos possa levar a uma indiferença quanto ao impacto da emissora.
Josh Sternberg, do Digiday, examinou “o problema de marca” com a visão dos americanos de que a Al Jazeera America estaria associada ao mundo árabe. Devin Karambelas, do USA Today, avaliou se o canal irá atrair o público jovem. Glenn Beck, da emissora conservadora Fox News, chamou o canal de “a voz do inimigo”. Já o professor Justin Martin, da Universidade Northwestern, escreveu sobre a necessidade da Al Jazeera America contratar um ombudsman para conquistar credibilidade.
Em artigo no site do jornal britânico The Guardian, a blogueira Ana Marie Cox examinou a estreia, comentando que todos os jornalistas do canal são americanos e se apresentam dizendo os nomes de suas cidades natais. A jornalista elogiou a profundidade e contextualização das matérias e também a ausência de temas políticos polêmicos irrelevantes. “É como se os produtores da AJAM soubessem que as eleições estão longe e que nenhum desses tópicos, apesar de importantes, evoluíram desde a última vez em que se falou deles”, escreveu. Para Ana Marie, a AJAM é o canal jornalístico que o país merecia.