Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

CNN e NBC abandonam projetos sobre ex-secretária de Estado

No fim de setembro, as emissoras norte-americanas NBC e CNN abandonaram seus projetos de uma minissérie e um documentário, respectivamente, sobre a ex-secretária de estado dos EUA Hillary Rodham Clinton. Tanto democratas quanto republicanos haviam registrado objeções aos projetos, que teriam explorado a vida da ex-primeira dama e potencial candidata às eleições presidenciais de 2016.

A CNN já havia convidado o premiado documentarista Charles Ferguson, diretor do filme Trabalho interno, para dirigir o documentário e a NBC já havia anunciado a aprovação da minissérie, em que a atriz Diane Lane interpretaria o papel de Hillary.

Reince Priebus, membro do Comitê Republicano Nacional, chamou os projetos de “tentativa de se intrometer nas eleições de 2016”. Ele ameaçou deixar de colaborar com as duas emissoras em qualquer debate se as produções seguissem adiante.

Já os aliados de Hillary expressaram preocupação com os fins lucrativos do documentário da CNN, que potencialmente poderia entrar em conflito com a cobertura jornalística do canal, especialmente porque a emissora não teria nenhum controle criativo sobre o projeto. Também argumentaram que a minissérie da NBC poderia tentar aumentar sua audiência ao focar em aspectos melodramáticos da vida da também ex-senadora.

Desistência

David Brock, aliado de Clinton e presidente de um grupo fiscalizador da mídia chamado Media Matters for America, publicou uma carta aberta criticando os dois projetos. Para Ferguson, aliados de Hillary influenciaram Brock a protestar. Brock disse que não foi encorajado a escrever a carta. “Ferguson está culpando os Clinton e seus partidários por seu próprio fracasso de encontrar uma história”, disse.

No dia 30 de setembro, Ferguson desistiu de prosseguir com seu documentário e a CNN afirmou que não procuraria outro cineasta para continuar o projeto. Em um comentário postado no Huffington Post, Ferguson disse que se tornou muito intensa a pressão de aliados de Hillary Clinton que não queriam que o filme fosse feito. “Decidi que não faria um filme do qual não me orgulhasse, logo estou cancelando”, escreveu. A CNN se recusou a responder a questões sobre contatos da equipe de Hillary com a emissora. Em uma declaração, disse que “entendia e respeitava” a decisão de Ferguson.

Território sensível

Em outra declaração, a NBC afirmou que cancelou sua minissérie “após rever e priorizar o desenvolvimento de nossos filmes e minisséries”. Diversos executivos da NBC negaram que houve qualquer pressão da equipe de Hillary. Também disseram que o desacordo de membros da divisão jornalística da emissora não foi um fator crítico.

A morte prematura dos projetos, que não possuíam nem roteiro ainda, refletem o território sensível no qual entraram tanto a CNN quanto a NBC. Apesar de Hillary dizer que ainda não se decidiu sobre a corrida presidencial de 2016, ela é considerada uma das mais prováveis candidatas pelo Partido Democrata. Desta forma, qualquer projeto devotado a ela certamente provocaria ondas de atenção positiva e negativa.

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