Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Em busca do lucro em 140 caracteres

Usuários do Twitter devem se preparar para ver mais anúncios na sua timeline, com a possibilidade de comprar um produto com apenas um clique ou um tuíte. Quando a rede social estiver negociando ações na Bolsa, será grande a pressão por crescimento constante. Em documentos para informar investidores antes da oferta pública inicial de ações, o Twitter observou que está expandindo suas opções de espaços publicitários, especialmente para tuítes promovidos, que são mensagens patrocinadas com o mesmo formato das postagens de 140 caracteres.

Segundo a empresa, com sede em São Francisco, a média de acesso está aumentando na na sua base de 218 milhões de usuários – de 197 vezes por mês há um ano para 230 vezes por mês atualmente. Além disso, os usuários estão interagindo mais com os anúncios. No entanto, mesmo com o aumento do número de anúncios, seus preços estão mais baixos, como estratégia para atrair mais anunciantes e, consequentemente, baixar ainda mais os valores. Com isso, a receita publicitária mais do que dobrou nos primeiros seis meses deste ano, para US$ 221 milhões, comparado ao mesmo período no ano passado.

Joy Baer, vice-presidente executiva da Strata, que fabrica softwares para ajudar anunciantes e agências a vender anúncios online, disse que as mil agências que usam seus programas aumentaram significativamente suas compras de anúncios no Twitter ao longo dos últimos dois anos. Embora o Facebook ainda supere o Twitter na receita publicitária, para cada US$ 100 que seus clientes compram no Facebook, US$ 33 são investidos em anúncios no Twitter – o que é considerado um bom número. Há melhorias a ser feitas. Atualmente, o processo de compra de anúncios do Twitter é menos automatizado do que o de rivais como Facebook e Google.

Desafios crescentes

A rede social tem inúmeros desafios pela frente. Mais de ¾ dos usuários do Twitter estão fora dos EUA e a empresa deve encontrar um caminho para lucrar também com esse público. Atualmente, apenas 25% da receita vêm do exterior. No segundo trimestre do ano, cada usuário americano representou US$ 2,17 em receita publicitária para o Twitter, enquanto os de fora, apenas US$ 0,30.

O Twitter também tem limitações como meio, comparado a outros serviços visualmente mais robustos, como Google ou Facebook, que podem contar com receita de anúncios em display ou vídeos. A competição é forte – o Instagram, serviço de compartilhamento de fotos de propriedade do Facebook, anunciou que começaria a colocar anúncios na timelime de usuários, algo há muito esperado por anunciantes. Redes de TV dos EUA e de alguns países têm acordos com o Twitter para exibir vídeos que são patrocinados por anunciantes, mas ainda são uma pequena parte da receita, comparado aos tuítes patrocinados.

A presença do Twitter é forte nos aparelhos móveis – 75% de seus usuários acessam o serviço dessa maneira e 2/3 da receita vêm de anúncios de plataformas móveis. No entanto, isso pode ser uma limitação nos países nos quais os smartphones não são comuns. Na Índia, por exemplo, o Twitter é amplamente usado por estrelas de Bollywood, como o ator Amitabh Bachchan, que tem 6,5 milhões de seguidores, e também tornou-se uma plataforma importante para debate político. Mas grande parte do acesso no país ocorre por meio de aparelhos celulares comuns, e não smartphones ou computadores, o que limita o uso de anúncios mais atraentes.

A empresa tem planos de ampliar sua estratégia em comércio eletrônico. Em agosto, contratou Nathan Hubbard, ex-executivo-chefe do Ticketmaster, para o cargo de diretor de comércio, com o objetivo de ajudar a encontrar maneiras de facilitar a compra de produtos através do microblog. Desde que o Twitter foi lançado, muitas empresas usam a rede social para chegar aos clientes e engajá-los. Muitas oferecem, inclusive, promoções.

A American Express, por exemplo, está experimentando realizar vendas diretamente pelo Twitter. Após usuários sincronizarem seus cartões com suas contas na rede social, é possível fazer compras apenas com um tuíte e uma hashtag especial. Embora o Twitter não tenha receita direta com essas iniciativas, a American Express compra tuítes patrocinados para promovê-las.