Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Prática de alteração de matérias sem aviso recebe críticas

Muitos leitores doNew York Times escrevem para o jornal para pedir mais transparência e citam casos em que uma matéria é publicada em um formato no site, sofre alterações horas depois e aparece no impresso em outro formato. Eles argumentam que as constantes modificações não seriam uma prática honesta. A queixa não fica restrita aos leitores. Outros veículos fazem referência ao fenômeno, como o Sahan Journal, um site dedicado a temas africanos, que recentemente acusou o Times de corrigir “secretamente” uma matéria. Anthony De Rosa, editor da plataforma móvel de notícias Circa News, escreveu no Twitter que o modo como o Times e outras organizações tradicionais atualizam e modificam o conteúdo de matérias é falido, pois os leitores não ficam sabendo de nenhuma alteração.

 

 

Segundo a ombudsman do diário, Margaret Sullivan, a política do Times é clara: quando uma versão anterior de um artigo contém um erro factual claro, esse erro é consertado no artigo online e, ao mesmo tempo, uma nota de correção é acrescentada ao final. Isso nem sempre acontece na prática, especialmente em notícias de última hora quando os acontecimentos ainda estão em andamento. Algumas vezes, uma modificação é feita rapidamente e a correção vem depois; em outras, a correção acaba não sendo feita.

Leitores gostariam de uma explicação, talvez na forma de uma nota de editor, mas o jornal é resistente a essa ideia, por achar que nem toda correção requer uma nota do editor. Uma outra opção seria publicar várias versões do artigo online, ressalta o editor para padrões do jornal, Philip Corbett. “Estamos tentando fazer o melhor trabalho de edição de cada matéria, o que pode incluir focar, modelar, dar contexto, torná-la mais clara. As pessoas leem as mudanças com base nas suas pré-concepções, mas essa é uma parcela pequena de leitores”, opinou ele, reforçando que a maior parte dos leitores quer a versão mais atualizada da matéria.

No entanto, em alguns casos são feitas alterações factuais bastante significativas. Margaret dá o exemplo de uma matéria sobre o recente tiroteio próximo ao Capitólio, em Washington, em uma perseguição a um carro em alta velocidade que culminou na morte da motorista. A princípio, o jornal escreveu que a mulher, que havia tentado ultrapassar uma barreira de segurança e por isso foi perseguida por policiais, tentou sair do carro e recebeu tiros. Na versão posterior do artigo, ela não saiu do carro antes de ser baleada. As mudanças foram radicais. O Times não publicou uma correção, mas a seguinte declaração: “Inicialmente, oficiais disseram que Miriam Carey havia saído do carro quando foi atingida”. Segundo Corbett, esse formato é melhor para o leitor do que uma correção, porque explica a modificação do texto e sua razão. Para Margaret, seria necessária uma correção, pois a versão mais recente contradisse a anterior. “Quando os fatos estão claramente errados, há uma resposta simples: corrija-os ou explique as mudanças em detalhes e siga adiante”, argumenta ela.