Muitos leitores doNew York Times escrevem para o jornal para pedir mais transparência e citam casos em que uma matéria é publicada em um formato no site, sofre alterações horas depois e aparece no impresso em outro formato. Eles argumentam que as constantes modificações não seriam uma prática honesta. A queixa não fica restrita aos leitores. Outros veículos fazem referência ao fenômeno, como o Sahan Journal, um site dedicado a temas africanos, que recentemente acusou o Times de corrigir “secretamente” uma matéria. Anthony De Rosa, editor da plataforma móvel de notícias Circa News, escreveu no Twitter que o modo como o Times e outras organizações tradicionais atualizam e modificam o conteúdo de matérias é falido, pois os leitores não ficam sabendo de nenhuma alteração.
The whole way NYT and other traditional publishers update and change stories is completely broken. Readers aren't aware of it at all.
— Anthony De Rosa (@AntDeRosa) October 5, 2013
Segundo a ombudsman do diário, Margaret Sullivan, a política do Times é clara: quando uma versão anterior de um artigo contém um erro factual claro, esse erro é consertado no artigo online e, ao mesmo tempo, uma nota de correção é acrescentada ao final. Isso nem sempre acontece na prática, especialmente em notícias de última hora quando os acontecimentos ainda estão em andamento. Algumas vezes, uma modificação é feita rapidamente e a correção vem depois; em outras, a correção acaba não sendo feita.
Leitores gostariam de uma explicação, talvez na forma de uma nota de editor, mas o jornal é resistente a essa ideia, por achar que nem toda correção requer uma nota do editor. Uma outra opção seria publicar várias versões do artigo online, ressalta o editor para padrões do jornal, Philip Corbett. “Estamos tentando fazer o melhor trabalho de edição de cada matéria, o que pode incluir focar, modelar, dar contexto, torná-la mais clara. As pessoas leem as mudanças com base nas suas pré-concepções, mas essa é uma parcela pequena de leitores”, opinou ele, reforçando que a maior parte dos leitores quer a versão mais atualizada da matéria.
No entanto, em alguns casos são feitas alterações factuais bastante significativas. Margaret dá o exemplo de uma matéria sobre o recente tiroteio próximo ao Capitólio, em Washington, em uma perseguição a um carro em alta velocidade que culminou na morte da motorista. A princípio, o jornal escreveu que a mulher, que havia tentado ultrapassar uma barreira de segurança e por isso foi perseguida por policiais, tentou sair do carro e recebeu tiros. Na versão posterior do artigo, ela não saiu do carro antes de ser baleada. As mudanças foram radicais. O Times não publicou uma correção, mas a seguinte declaração: “Inicialmente, oficiais disseram que Miriam Carey havia saído do carro quando foi atingida”. Segundo Corbett, esse formato é melhor para o leitor do que uma correção, porque explica a modificação do texto e sua razão. Para Margaret, seria necessária uma correção, pois a versão mais recente contradisse a anterior. “Quando os fatos estão claramente errados, há uma resposta simples: corrija-os ou explique as mudanças em detalhes e siga adiante”, argumenta ela.