O Studio 20 é um programa na Universidade de Nova York (NYU) voltado para projetos inovadores e a adaptação de conteúdo jornalístico para a internet. Coordenado pelo professor e crítico de mídia Jay Rosen, o programa tem se destacado pelas ações de alunos que passaram por lá em veículos como Guardian, ProPublica e New York Times. Em artigo no site Pando Daily, o jornalista David Holmes resume: “Se você quer dar uma espiada no futuro do jornalismo, faça um favor a si mesmo e dê uma olhada no programa Studio 20, de Jay Rosen, na NYU”.
Holmes, ele próprio formado pelo programa em 2011, destaca alguns projetos da última leva de formandos que lhe chamaram a atenção. O estudante Patrick Hogan, por exemplo, passou o último semestre fazendo experiências com o Google Glass como ferramenta de reportagem para o projeto Thunderdome, da Digital First Media. Quando ele tira fotos ou faz vídeos com o Google Glass, afirma que os olhos são como lentes e o corpo, um tripé – desta forma, objetos periféricos que normalmente seriam ignorados pelos nossos olhos acabam entrando no enquadramento.
Hogan contou, na apresentação de seu projeto, junto com os outros 11 formandos do programa em dezembro, que muitos dos entrevistados para suas reportagens suspeitavam que a câmera dos óculos estava sempre ligada, ainda que ele precisasse de uma bateria eterna para que isso fosse possível. Ele disse também que ficou um pouco frustrado em ter de trabalhar na plataforma e sob as regras de outros.
Um dos diferenciais do Google Glass é capturar experiências em primeira pessoa. Em outubro do ano passado, o time de basquete de Stanford usou os óculos durante o aquecimento para mostrar aos fãs. O mesmo poderia ser feito em zonas de conflito. Na opinião de Hogan, um dos usos mais eficientes dos óculos seria a transmissão ao vivo. Mas, apesar de o Google Glass ter tecnologia para tal, o Google não possibilitou que isso fosse feito, mesmo com inúmeras solicitações.
Reportagem multimídia
Outra experiência que chamou atenção foi a dos alunos Derick Dirmaier, Jesse Kipp e Johannes Neukamm que, em parceria com a plataforma de publicação online The Atavist, fizeram um projeto inspirado na reportagem multimídia Snow Fall, do New York Times, sobre uma avalanche mortal. A experiência do NYTimes com Snow Fall foi tão elogiada que muitos jornais tentaram replicá-la, mas conseguir o mesmo resultado não é tão fácil: o projeto original levou meses para ser planejado e contou com uma grande equipe de desenvolvimento. Houve, por outro lado, quem colocasse em dúvida a efetividade do modelo, já que seu design deixaria a narrativa para o segundo plano e não seria bom para a leitura.
Com estes desafios em mente, Dirmaier, Kipp e Neukamm desenvolveram um fluxo de trabalho para produzir peças multimídia bonitas e ricas em conteúdo. O primeiro passo, dizem eles, é garantir que toda a equipe, de repórteres a videomakers, esteja envolvida no processo de planejamento e execução desde o início. Os estudantes não apenas estudaram as melhores formas de criar um projeto multimídia, como estão produzindo seu próprio documentário sobre uma viagem que fizeram do Reino Unido à Mongólia.
David Holmes diz ter ficado impressionado com as diferenças entre os projetos do ano em que se formou no programa de Rosen, 2011, e os formandos de 2013: os projetos da turma dele, dois anos atrás, consistiam em introduzir conteúdo em vídeo nas redações e construir ferramentas baseadas no Twitter. “Agora temos Google Glass, ‘Snow Fall’ e robôs que conseguem escrever uma notícia sobre um terremoto minutos depois dele acontecer. Com a inovação se movendo de maneira tão acelerada, eu imagino o que a classe de 2015 irá preparar”, diz.