Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘WSJ’ ganha batalha contra restrições na cobertura

O Wall Street Journal ganhou na justiça o direito de reportar livremente sobre o julgamentode Rebekah Brooks e outros envolvidos no escândalo dos grampos telefônicos do tabloide News of the World sem ter que assinar um documento concordando com restrições impostas pelo tribunal.

O Journal, com sede em Nova York, havia questionado uma ordem da procuradoria britânica para que concordasse, em um documento por escrito, com restrições de reportagem sobre o caso no Reino Unido em troca de acesso a material usado no julgamento. O pedido foi feito a toda a imprensa internacional que acompanha o processo, e os veículos que concordaram tiveram acesso a imagens de câmeras de segurança, mapas, declarações financeiras, transcrições de entrevistas da polícia com testemunhas e acusados, fotos de equipamentos confiscados e depoimentos de testemunhas.

Diante do questionamento, o juiz Saunders, que preside o julgamento, afirmou que há um “forte interesse público” em permitir que a imprensa nacional e estrangeira “reportem da forma mais completa e precisa” o caso e que ele não via “um bom motivo para que [a imprensa estrangeira] não tenha acesso aos documentos da mesma forma que a nacional”. Ele disse ainda que não considera que a assinatura de um acordo deva ser pré-condição para que se tenha acesso ao material do julgamento.

O juiz observou que o Wall Street Journal, em sua justificativa para não participar do acordo, afirmou que ele é “ilógico” e que representa uma “limitação desnecessária à liberdade de imprensa”. “Tal é o poder da internet que tudo, onde quer que seja publicado, pode encontrar seu caminho até a internet e ser disponibilizado mundialmente e, mais importante, neste país. A inabilidade de tribunais domésticos em controlar o fluxo de informação na internet é evidente neste julgamento”, completou.

Um representante da Dow Jones, que publica o Journal, afirmou: “Como uma empresa de mídia baseada no exterior, nos foi negado acesso a materiais importantes do julgamento que foram disponibilizados para outros veículos, a não ser que concordássemos com restrições impostas pelo tribunal britânico sobre qualquer conteúdo que publicássemos em qualquer lugar do mundo. Ainda que concordássemos em respeitar as restrições de cobertura para conteúdo publicado na Inglaterra, questionamos esta abordagem discriminativa para preservar nosso direito de publicar livremente em outras partes do mundo. Ficamos satisfeitos com a decisão do juiz, e esperamos ter o mesmo acesso a informações do julgamento que qualquer outro veículo de mídia”.

A Dow Jones foi comprada pelo conglomerado de mídia News Corp, do magnata Rupert Murdoch, em 2007. O jornal financeiro tem edições nos EUA, Ásia e Europa. O News of the World também pertencia ao grupo de Murdoch.