Antes elogiados por sua liberdade de imprensa, veículos de comunicação de Hong Kong e Taiwan têm recebido críticas por deixar que interesses do governo chinês influenciem sua cobertura. De acordo com um relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, a mídia dos dois países, que sempre foi vista como fonte importante de informações independentes e críticas da China, passou a alterar o tom de sua cobertura com receio de sofrer sanções de anunciantes e de Pequim.
“Qualquer interferência, incluindo a autocensura, colocará em risco a capacidade da imprensa de Hong Kong e Taiwan de realizar um papel fiscalizador”, afirma o relatório da organização internacional. Como a imprensa chinesa não pode reportar livremente, devido à censura, é de vital importância o papel exercido por Hong Kong e Taiwan.
Recentemente, Lee Wei-ling, uma popular apresentadora de rádio de Hong Kong que tinha posições críticas ao governo da China, foi demitida sem explicação. Seus fãs acusaram a estação de ter cedido a pressões políticas e interesses comerciais. No ano passado, Wei-ling já tinha sido tirada do horário da manhã para uma faixa de horário com audiência menor.
Ameaça ao bolso
Uma das maneiras que Pequim usa para influenciar o tom da cobertura da mídia de forma efetiva é a ameaça da retirada de anúncios, prejudicando os interesses dos donos de organizações de mídia. De acordo com Chen Hsiao-yi, presidente da Associação de Jornalistas de Taiwan, proprietários de empresas de comunicação do país, assim como acontece em Hong Kong, estão pressionando seus veículos para que “agradem” Pequim, já que mantêm negócios com a China.
Segundo o ranking anual de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras, o crescimento econômico da China está possibilitando que sua influência se estenda para a imprensa de Hong Kong, Macau e Taiwan, que até recentemente era poupada da censura política. No ranking, divulgado na semana passada, a China aparece mais uma vez em uma das piores posições – 175ª de 180 países listados – como um dos países com menor liberdade de imprensa do mundo, seguida por Somália, Síria, Turcomenistão, Coréia do Norte e Eritreia.