Friday, 27 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 3107

Aumentam ataques de hackers a organizações de notícias

Uma pesquisa realizada por engenheiros de segurança do Google concluiu que 80% das maiores organizações de mídia do mundo já foram alvos de ataques virtuais de hackers patrocinados por – ou que apoiam – governos. Apresentada em uma conferência de cibersegurança em Cingapura, a pesquisa, conduzida por Shane Huntley e Morgan Marquis-Boire, mostra que jornalistas e organizações de notícias estão entre os principais alvos deste tipo de ataque.

A dupla de engenheiros não entrou em detalhes sobre sua metodologia, mas confirmou que o Google rastreia os responsáveis pelos ataques aos usuários. Aqueles que a companhia suspeita que foram alvos são notificados com um banner localizado no topo da página de login da conta de email. Os ataques podem ocorrer via emails contendo vírus, links para download de software ou para sites falsos criados para roubar senhas ou informações pessoais dos usuários.

Hackers pró-Assad

Diversas organizações de notícias ocidentais foram atacadas no ano passado por hackers pagos por governos ou que apoiam determinado regime. Forbes, Financial Times e New York Times, além do jornal britânico The Guardian, foram alvos de ataques do grupo hacker Exército Eletrônico Sírio, que apoia o governo de Bashar al-Assad.

No caso do Guardian, parte da equipe perdeu o controle de sua conta do Twitter depois de receber emails que enganam o usuário e o fazem revelar sua senha. Segundo Shane Huntley, hackers chineses conseguiram, recentemente, acesso a uma grande organização de notícias ocidental a partir de um questionário falso enviado por email aos funcionários. No último ano, diversos jornalistas e ativistas interessados na questão dos direitos humanos no Vietnã foram atacados ao receber um email com um anexo infectado que dizia ser um documento sobre o tema.

Reação lenta

Ainda que este tipo de invasão não seja novo, a pesquisa dos engenheiros do Google mostrou que o número de ataques a organizações de mídia e jornalistas que não são levados a público é significativamente maior do que aqueles reportados pelas organizações. “Isso é a ponta do iceberg”, diz Marquis-Boire. E, ainda que muitos dos alvos sejam algumas das maiores empresas de mídia do mundo, as pequenas organizações em países menores não escapam dos ataques. Huntley cita casos de jornalistas do Marrocos e da Etiópia que foram alvos recentes.

O problema é que a maioria das organizações de notícias costuma ser lenta – mais lenta do que ocorre em outras indústrias – para identificar a ameaça online e tomar providências. Muitos jornalistas passaram a proteger suas senhas de email de trabalho e pessoal por conta própria. “Vemos um aumento no número de jornalistas que reconhecem esta como uma questão importante”, resume Marquis-Boire.