Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Controle sobre a imprensa aumenta após crise com a Ucrânia

A já frágil liberdade de imprensa da Rússia tem enfrentado cada vez mais desafios nos últimos meses por conta da crise com a Ucrânia. Os poucos veículos de comunicação independentes sofrem uma intensa e crescente pressão, e os defensores do livre fluxo de informações queixam-se da repressão do Kremlin sobre esta mídia, argumentando que cada vez menos jornais e canais de TV são realmente independentes para reportar notícias sem sofrer interferências externas.

Tikhon Dzyadko, editor do último canal independente da TV russa, afirma que as pressões pelo fechamento do Dozhd (Chuva) são cada vez maiores. “A liderança russa entende que o principal objetivo da mídia deve ser disseminar a propaganda do governo. Nesse sistema, não há espaço para uma mídia independente como o Dozhd TV”, lamentou Dzyadko em um artigo publicado pelo jornal britânico The Guardian.

A opinião de Dzyadko bate de frente com a do jornalista Dmitry Kiselev, apresentador de TV famoso por comentários homofóbicos e críticos ao Ocidente indicado pelo governo para chefiar a agência de notícias estatal Russia Today. No mês passado, o jornalista entrou na lista de sanções da União Europeia, junto com figuras políticas russas, por conta do conflito na Ucrânia e na Crimeia. Para Kiselev, que é chamado de “chefe de propaganda” de Vladimir Putin, a liberdade de expressão na Rússia é mais respeitada do que nos países ocidentais. “A principal acusação contra mim é que eu me engajei em propaganda. Porém, propaganda não é um conceito abordado pelas leis internacionais, enquanto liberdade de expressão é. Ao me punir, a UE está punindo a liberdade de expressão.”

Jornalistas ucranianos e russos sofrem represálias

O intenso clima de disputa política provocado pela crise na Ucrânia acabou causando novos problemas para jornalistas que cobrem os acontecimentos no país do Leste Europeu. Vários jornalistas ucranianos que reportavam da região da Crimeia foram agredidos por pessoas mascaradas supostamente ligadas a autoridades pró-Rússia.

Por outro lado, Kiev adotou a política de evitar a entrada de jornalistas russos na Ucrânia, já que vê a mídia russa como pró-Putin. Diversos profissionais de imprensa russos estão sendo barrados em aeroportos e estações de trem assim que chegam ao país, e as autoridades não diferenciam funcionários de veículos favoráveis ao governo e veículos independentes.